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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Sandra Benites

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 22.05.2024
1975 Brasil / Mato Grosso do Sul
Registro fotográfico Guilherme Castoldi

Sandra Benites, 2017

Sandra Benites (Mato Grosso do Sul, 1975). Professora, pesquisadora e curadora. É descendente do povo Guarani Nhandeva. Em sua atuação nas áreas de educação e de pesquisa foca as problemáticas do ensino bilíngue indigena e a dificuldade dessa metodologia em abarcar as particularidades e identidade das comunidades guarani. Na curadoria artística,...

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Sandra Benites (Mato Grosso do Sul, 1975). Professora, pesquisadora e curadora. É descendente do povo Guarani Nhandeva. Em sua atuação nas áreas de educação e de pesquisa foca as problemáticas do ensino bilíngue indigena e a dificuldade dessa metodologia em abarcar as particularidades e identidade das comunidades guarani. Na curadoria artística, seu foco está em projetos comissionados e instituições museais, promovendo uma mediação entre o universo indígena e não indígena.

Atua como professora alfabetizadora em escola indígena guarani entre 2004 e 2012 e presta assessoria pedagógica à prefeitura de Maricá, Rio de Janeiro, desde 2014. Milita com grupo de mulheres indígenas dentro da Associação Indígena Guarani e Tupinikin (AIGT), sediada em Aracruz, Espírito Santo, entre 2010 e 2013, representando pautas de sua aldeia (Aldeia Boa Esperança) nas assembleias. Seu vínculo com as demais associações militantes indígenas permanece até a década de 2020, atuando em unidades como o Instituto Saberes dos Povos Originários – Aldeia Jacutinga.

Gradua-se em 2017 pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) no curso de licenciatura intercultural indígena do sul da Mata Atlântica, com enfoque monográfico sobre as discrepâncias entre os processos de formação escolar e os valores comunitários guarani.

Obtém título de mestre em antropologia social pelo programa de pós-graduação do Museu Nacional e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com pesquisa sobre a educação indígena. Tomando o mito de Nhandesy ‘Ete, cosmologia que narra o calvário de uma mulher com seus filhos em busca do marido, Benites desenvolve comentários críticos sobre os processos de subjetivação de sua comunidade com base na dualidade de gênero, com foco na perspectiva da mulher Guarani e sua ancestralidade, e sobre os problemas do bilinguismo no ensino, que potencializam as discrepâncias de mundo entre os guaranis e os juruá (não indígenas). A partir de 2019 desenvolve pesquisa de doutorado na mesma instituição.

Entre 2016 e 2018, integra a equipe curatorial do Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR) no projeto “Dja Guata Porã: Rio de Janeiro Indígena”, que em tradução livre do guarani quer dizer “caminhar bem caminhar junto”, ao lado dos curadores Clarissa Diniz (1985) e Pablo Lafuente (1976) e do pesquisador e professor José Ribamar Bessa Freire. Tal projeto vislumbra a construção de uma exposição que se afaste dos estereótipos pejorativos e colonialistas sobre a história das aldeias e comunidades indígenas no território carioca e valorize as narrativas de tais agentes sociais mitigados à marginalidade. 

A participação de cerca de 30 a 40 integrantes das aldeias Guarani e Pataxó é fundamental para a descolonização do olhar curatorial. A comunicação visual é pautada por uma linearidade histórica em concomitância às cosmogonias indígenas trazidas pelos participantes dos grupos de discussão e pesquisa, e a mostra é organizada em quatro núcleos, seguindo o critério étnico-cultural das aldeias e comunidades (Guarani, Pataxó, Puri e indígenas urbanos), e estações temáticas que abordam tópicos de relevância para as vivências indígenas. Uma parte considerável dos itens exibidos na exposição é resultado de comissionamentos a partir das conversas coletivas da curadoria com as comunidades indígenas.

Após essa experiência curatorial coletiva bem-sucedida, Sandra Benites torna-se a primeira curadora indígena a ser contratada por uma instituição de arte no Brasil. Em 2019, passa a ocupar o cargo de curadora adjunta do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp). Nesta atividade, está à frente da pesquisa curatorial do projeto anual Histórias Indígenas, com enfoque na perspectiva das mulheres indígenas e nos processos de descolonização cultural e territorial.

Sobre os desafios de estabelecer narrativas para uma variedade de etnias indígenas, em um contexto tradicionalmente não acolhedor dessas especificidades, Benites comenta: “Há um trabalho coletivo tanto na curadoria e na produção da exposição, com profissionais indígenas e não-indígenas, quanto na criação das obras com os artistas indígenas. Quando se trata de uma exposição sobre história indígena, está se tratando também do pensamento indígena e não de uma visão colonizadora. Por isso procuramos sempre trazer o ponto de vista indígena. Hoje são 305 etnias, além dos indígenas que estão no contexto urbano, e 274 línguas, que começam a ocupar um lugar que tinha sido apagado. É uma questão muito desafiadora.”1

Em sua trajetória como educadora e curadora, Sandra Benites busca possibilitar o protagonismo indígena em espaços reticentes à sua atuação, tendo como ponto central a perspectiva de mundo das mulheres indígenas em diversos cenários, atuando como mediadora de culturas e propositora de atividades político-educativas.

Notas

1. BENITES, SANDRA. Gonzatto, Camila. Conversa com Sandra Benites. “As cidades são cemitérios indígenas.” C&AmericaLatina. Disponível em: https://amlatina.contemporaryand.com/. Acesso em: 12 jun. 2021.

 

Exposições 5

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Mídias (1)

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Sandra Benites – Culturas indígenas (2017)
A educadora Sandra Benites, do povo Guarani Nhandeva, nascida na Aldeia Porto Lindo, no Mato Grosso do Sul, fala de seu trabalho e de sua pesquisa para o desenvolvimento de uma escola guarani com modos de pensar e agir condizentes com a vivência de seu povo. Ela comenta a estrutura da aldeia em que vive, na qual as funções são muito bem definidas, as mulheres têm autonomia para trabalhar e todos cuidam dos filhos. Sandra fala ainda sobre o impacto entre as culturas dos indígenas e não indígenas e sobre sua percepção do modo de ser mulher – que, em sua vivência, é um modo de viver preservado.

Depoimento gravado durante o evento Mekukradjá – Círculo de Saberes: Língua, Terra e Território, em outubro de 2017, em São Paulo (SP).

Assista a outros vídeos sobre culturas indígenas: http://bit.ly/culturasindigenasic.

Leia mais sobre o evento Mekukradjá: http://bit.ly/mekukradja2017.

Créditos
Presidente: Milú Villela
Diretor-superintendente: Eduardo Saron
Superintendente administrativo: Sérgio Miyazaki
Gerente do Núcleo de Comunicação e Relacionamento: Ana de Fátima Sousa
Coordenador do Núcleo de Comunicação e Relacionamento: Carlos Costa
Entrevista: Victória Pimentel
Gerente do Núcleo de Audiovisual e Literatura: Claudiney Ferreira
Coordenadora de conteúdo audiovisual: Kety Fernandes Nassar
Produção audiovisual: Caroline Rodrigues (até 2017) e Vinícius Francisco (terceirizado)
Captação de imagem: Sacisamba
Captação de som: Tomás Franco (terceirizado)
Edição e finalização de imagem: Karina Fogaça

Fontes de pesquisa 9

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