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Enciclopédia Itaú Cultural
Música

Nise Obino

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 26.12.2016
1918 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
1995 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Nise Poggi Obino (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1918 - Idem, 1995). Pianista e professora. Em 1934, diploma-se pelo Instituto de Belas Artes de Porto Alegre, e, no ano seguinte, obtém o prêmio máximo do concurso Araújo Viana, com medalha de ouro e viagem à Europa. Em 1944, viaja pelo Brasil dando concertos em recitais, em missão do Ministério ...

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Biografia
Nise Poggi Obino (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1918 - Idem, 1995). Pianista e professora. Em 1934, diploma-se pelo Instituto de Belas Artes de Porto Alegre, e, no ano seguinte, obtém o prêmio máximo do concurso Araújo Viana, com medalha de ouro e viagem à Europa. Em 1944, viaja pelo Brasil dando concertos em recitais, em missão do Ministério da Educação e Saúde Pública. Em 1945, no Uruguai, faz curso de aperfeiçoamento com Fritz Busch (1890-1951) e apresenta-se com a Orquestra do Sodre. Atua como solista nas principais orquestras do Brasil, como a Sinfônica do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, e faz, em 1951, a primeira audição brasileira do Concerto n. 1 para piano e orquestra, do russo Dmitri Chostakóvitch (1906-1975). Na década de 1960, estuda e faz pesquisas em organizações de ensino musical em países europeus e Israel. Em 1964, é uma das fundadoras, da Academia de Música Lorenzo Fernandez, no Rio de Janeiro e Brasília, e assume o cargo de diretora artística da Rádio Educadora, do Ministério da Educação e Cultura. Professora da Universidade de Brasília, cria, em 1967, o Centro de Arte Nise Poggi Obino (Canpo), implantando novas técnicas de pedagogia musical. Leciona, em 1972, no Conservatório de Lausanne, Suíça. Suas publicações incluem Mestres do Cravo e do Clavicórdio (1966) e O Método (1968), base de sua didática de ensino pianístico. Em parceria com Régis Duprat (1930), de quem foi aluna, escreve O Estanco da Música no Brasil Colonial (1968).

Análise
O principal legado artístico de Nise Obino é o de professora. Dentre os diversos alunos destacam-se, na música popular, Dori Caymmi (1943) e, na erudita, Nelson Freire (1944). Este último cai sob sua tutela quando ela é assistente de Lúcia Branco. O crítico francês Alain Lompech (1954) descreve-a como “uma mulher magnífica, divorciada – no Brasil daquela época, isso lhe confere um gênero escandaloso - que fuma cigarros e toca piano com uma mistura de som de órgão e de veludo”1. Para Lompech, Obino “canalizou o talento de Nelson Freire, mostrou-lhe que caminhos adotar, impediu-o de seguir a via mais fácil que faz com que tantos meninos-prodígio toquem de um jeito deformado pelos vícios”.

Discípulo de Obino, André Carrara2 detalha sua metodologia de ensino. Segundo ele, Obino privilegia a articulação digital (flexão e extensão), encontrada e defendida no final do século XVIII e início do XIX, a assim chamada “antiga escola de dedos” de Clementi e Hummel. Ela reconhece também os ataques de punho e braço, mas enfatiza a necessidade de desligamento digital como caminho para alcançar o virtuosismo.

Carrara conta que, para Obino, o ensino diário do mecanismo é fundamental. Assim, impõe pelo menos uma hora para o estudo de toques e, só depois dessa etapa passar à interpretação do repertório pianístico. A expressividade musical está implícita na partitura, e a fidelidade do intérprete deve chegar a ponto de permitir ao ouvinte, após a escuta, reescrever a obra executada tal qual o compositor ao criá-la. Conhece-se apenas uma gravação sua, em acetato, do Prelúdio e fuga em lá menor para órgão, do germânico Johann Sebastian Bach (1685-1750), transcrito pelo húngaro Franz Liszt (1811-1886)3.

Nota
1 LOMPECH, Alain. Les grands pianistes du XXe siècle. Paris: Libella, 2012.

2 CARRARA, André. Deliberação expressiva e toque pianístico. Tese (Doutorado em Música) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2010

3 Nise Obino Recital. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=XcRf2aijPhs >. Acesso em: 18 dez. 2015.

Fontes de pesquisa 3

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  • CARRARA, André. Deliberação expressiva e toque pianístico. Tese (Doutorado em Música) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2010.
  • LOMPECH, Alain. Les Grands Pianistes du XXe Siècle. Paris: Libella, 2012.
  • MARCONDES, Marcos Antônio. Enciclopédia da música brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed., rev. ampl. São Paulo: Art Editora, 1998.

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