Ordenação

Tipo de Verbete

Filtros

Áreas de Expressão
Artes Visuais
Cinema
Dança
Literatura
Música
Teatro

Período

A Enciclopédia é o projeto mais antigo do Itaú Cultural. Ela nasce como um banco de dados sobre pintura brasileira, em 1987, e vem sendo construída por muitas mãos.

Se você deseja contribuir com sugestões ou tem dúvidas sobre a Enciclopédia, escreva para nós.

Caso tenha alguma dúvida, sugerimos que você dê uma olhada nas nossas Perguntas Frequentes, onde esclarecemos alguns questionamentos sobre nossa plataforma.

Enciclopédia Itaú Cultural
Música

Black Alien

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 28.10.2022
1972 Brasil / Rio de Janeiro / Niterói
Gustavo de Almeida Ribeiro (Niterói, Rio de Janeiro, São Gonçalo, 1972). Rapper brasileiro conhecido pelo trabalho provocador com o músico Speed Freaks (1972-2010) e a banda Planet Hemp. Apresenta estilo único, com rima rápida em inglês e português e batidas swingadas, além das referências que mesclam cultura erudita com cultura popular das ruas.

Texto

Abrir módulo

Gustavo de Almeida Ribeiro (Niterói, Rio de Janeiro, São Gonçalo, 1972). Rapper brasileiro conhecido pelo trabalho provocador com o músico Speed Freaks (1972-2010) e a banda Planet Hemp. Apresenta estilo único, com rima rápida em inglês e português e batidas swingadas, além das referências que mesclam cultura erudita com cultura popular das ruas.

Diferentemente de outros rappers de sua geração que crescem em periferias, Black Alien passa a juventude em um bairro de classe média em Niterói. Na região predominantemente branca, sofre racismo e se sente um alienígena – sentimento que influencia toda a sua obra. O contato com o rap surge nas pistas de skate que frequenta no centro de Niterói, onde jovens vindos de diversos lugares e diferentes condições sociais trocam informações sobre as novidades da música mundial, especialmente sobre o punk rock e o rap. Conhece por meio do DJ Rodriguez (1954-2006) o músico Cláudio Márcio (1972-2010), o Speed, com o qual constrói importante e duradoura parceria musical. Em 1992, DJ Rodrigues, Speed e Bulletproof (atual Black Alien) formam o trio Speed Freaks, cujo nome faz referência ao filme homônimo de 1989 sobre skatistas de Santa Cruz, na Califórnia. 

É nesse grupo que Black Alien desenvolve algumas de suas características artísticas mais marcantes: o flow rápido (de métrica 4x4)1 e, ao mesmo tempo, melódico, ressoando o jeito de rimar dos MCs do dancehall jamaicano; e as rimas que misturam o português com o inglês. O Speed Freaks produz uma sonoridade nova para o rap, agregando elementos do punk rock e ragga ao miami bass. Embora não tenha gravado um álbum, a banda ganha repercussão no Rio de Janeiro e em São Paulo e é considerada precursora de uma nova escola no rap nacional. 

No início dos anos 1990, Black Alien se aproxima dos músicos Skunk (1967-1994) e Marcelo D2 (1967), fundadores do Planet Hemp. Produzindo também no encontro entre o rock, ragga e rap, os MCs da banda centralizam seus versos na crítica social voltada para a legalização da maconha. Em 1994, Usuário, álbum de estreia do qual Black Alien participa, recebe o disco de ouro. Em 1996, BNegão (1973), que divide os vocais com Marcelo D2 desde a morte de Skunk, deixa a banda para se dedicar ao seu outro grupo e é substituído por Black Alien, que permanece no Planet Hemp até 2001. Também em 1996, desentendimentos no trio Speed Freaks provocam a saída de Speed, e os dois membros restantes formam a banda Black Alien, que abre shows para o Planet Hemp.

Em 1999, Black Alien retoma a amizade com Speed e os dois se mudam para São Paulo, iniciando um novo e efervescente período de produção. Com o nome de Black Alien & Speed, a dupla chama atenção de músicos paulistas pela originalidade de suas composições e apresentações. Em 2000, Black Alien grava com Sabotage (1973-2003) a música “Um bom lugar”, um clássico do rap nacional. No ano seguinte, grava com o rapper Rappin Hood (1971), a música “Raízes” para o álbum Sujeito homem (2001), também marcante na história do rap brasileiro. A dupla se torna conhecida internacionalmente quando a música “Quem caguetou?”, com elementos do funk dos anos 1980, é utilizada no comercial europeu da caminhonete Frontier, da fabricante japonesa de automóveis Nissan. Em 2004, a música recebe a versão do mundialmente conhecido DJ Fatboy Slim (1963), lançada com o nome “Follow me, follow me”. 

Em 2004, Black Alien lança o primeiro álbum solo de sua carreira: Babylon by Gus – O ano do macaco (2004), pela Deck Disc. O trabalho é considerado um dos melhores discos de rap do Brasil. Seu título faz referência ao álbum Babylon by Bus, de Bob Marley and The Wailers de 1978. Além de apresentar os elementos característicos de seu estilo, neste álbum vemos outro lado de Black Alien, que rima sobre o amor e questões existenciais. Apesar do sucesso de Babylon By Gus, a aguardada sequência só chega onze anos depois. A demora se deve, principalmente, a problemas de Black Alien com drogas e alcoolismo, agravados após a morte de Speed, em 2010. O álbum Babylon By Bus Vol. II – No princípio era o verbo é gravado durante a reabilitação do artista, produzido por meio de financiamento coletivo. Em 2019, o artista lança o terceiro e mais recente álbum de sua carreira, Abaixo de Zero – Hello Hell, que recebe o Prêmio Multishow de “Disco do Ano” e é eleito o “Mellhor Álbum” pelo Prêmio APCA de Música Popular. Os versos complexos, característicos do artista, se tornam mais intimistas, como reflexões sobre sua vida e seu atual momento de sobriedade. Produzido por DJ Papatinho (1986), do grupo ConeCrewDiretria, responsável por muitas das produções de sucesso do rap e pop brasileiro atual, o álbum apresenta uma variação no estilo rítmico e melódico de Black Alien, que se afasta do ragga para utilizar de forma mais marcante elementos do jazz e R&B.

Black Alien construiu ao longo de sua carreira um estilo próprio de voz, ritmo e rimas. Suas produções, seja com Speed, seja com Planet Hemp, seja em carreira solo, se tornaram obras atemporais por causa da sonoridade ao mesmo tempo complexa, melódica e sempre atual. Embora a crítica social esteja presente em seu trabalho, predominam em suas rimas questões íntimas e existenciais. Essas inovações estéticas fazem com que Black Alien seja considerado o precursor de uma nova escola do rap.

Notas

1. “Flow” é um termo em inglês que qualifica o estilo de métrica do MC, ou seja, é o ritmo das rimas.

Fontes de pesquisa 6

Abrir módulo

Como citar

Abrir módulo

Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo: