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Enciclopédia Itaú Cultural
Música

Leo Canhoto

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 29.07.2020
1936 Brasil / São Paulo / Anhumas
25.07.2020 Brasil / São Paulo / São Paulo
Leonildo Sachi (Anhumas SP 1936). Cantor, compositor e produtor. Leo Canhoto recebe este apelido pelo fato de ser canhoto e inverter as cordas do violão para tocá-lo. Passa por muitas dificuldades na infância no interior do Paraná, o que o leva a tentar a sorte como músico em apresentações de circo. Com Maurinho, forma a dupla Maurinho e Zé Canh...

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Leonildo Sachi (Anhumas SP 1936). Cantor, compositor e produtor. Leo Canhoto recebe este apelido pelo fato de ser canhoto e inverter as cordas do violão para tocá-lo. Passa por muitas dificuldades na infância no interior do Paraná, o que o leva a tentar a sorte como músico em apresentações de circo. Com Maurinho, forma a dupla Maurinho e Zé Canhoto e participa de programas de rádio na Difusora de Londrina. Eles gravam apenas o disco Os Canarinhos do Sertão. Posteriormente, faz parte do trio Campanha, Leo Canhoto e Perigoso, que também não dura muito. Na mesma época, porém, Leo Canhoto começa a se destacar como compositor, com músicas gravadas por duplas como Zilo e Zalo, Pedro Bento e Zé da Estrada, Zico e Zeca; pelo trio Luizinho, Limeira e Zezinho, que canta Só para Mim, de 1963.

Leo Canhoto atua também como empresário e produtor de várias duplas, como Vieira e Vieirinha e Sulino e Marrueiro. Em 1969, conhece Robertinho1 numa temporada em Goiás e forma a dupla mais longeva: Leo Canhoto e Robertinho. Nesse ano, gravam o primeiro disco pela RCA Victor e, em 1972, se tornam a primeira dupla sertaneja a ganhar um disco de ouro devido ao sucesso do corrido Apartamento 37, de 1969, de Leo Canhoto.

Ele recebe, em 1976, do então presidente do Brasil, Ernesto Geisel, a medalha do brasão da República pela música O Presidente e o Lavrador, de 1975. Em 1978, escreve o argumento do longa-metragem Chumbo Quente, dirigido por Clery Cunha, em que atua - ao lado de Robertinho - como protagonista, e lança também um LP com as músicas do filme. No ano seguinte, a canção Motorista de Caminhão, de 1979, de sua autoria, é escolhida como trilha sonora do seriado Carga Pesada, da TV Globo.

A dupla Leo Canhoto e Robertinho se desfaz em 1983, e Canhoto segue carreira solo até 1989, quando voltam a cantar juntos, atuando até os dias de hoje. Frequentemente participam de trabalhos de outras duplas sertanejas que continuam a gravar as músicas de Leo Canhoto, como Chitãozinho e Xororó, que cantam o cateretê Vou Tomá um Pingão (1997), e Milionário e José Rico, que dão voz ao cateretê Último Julgamento (1997). Em toda sua carreira grava mais de 30 discos e dois DVDs, um deles fruto de sua participação no programa MPB Especial, de Fernando Faro.

Leo Canhoto aproveita o sucesso alcançado pela Jovem Guarda e busca uma nova musicalidade que mescle a tradicional música sertaneja com gêneros urbanos estrangeiros dos anos 1960, como o rock, o country e o iê-iê-iê. O próprio figurino da dupla que forma com Robertinho nesse período é inspirado no movimento hippie, com estilo exagerado, se apresentando com camisas de estampados psicodélicos abertas, e uma grande quantidade de medalhões e pulseiras. Como boa parte dos jovens contestadores da época, a dupla usa cabelos compridos, e aparecendo não em cavalos, mas em motocicletas, misturando trajes de couro de boiadeiro com trajes de roqueiro.

Para conquistar o público jovem das grandes cidades, introduz guitarra, baixo e bateria (formação de banda de rock) na música sertaneja. A dupla é produzida por Tony Campello - irmão de Cely Campello, uma precursora do rock no Brasil -, que também produz discos de música sertaneja de cantores ex-Jovem Guarda como Sérgio Reis. A guitarra passa a fazer a marcação de suas canções, como em Motorista de Caminhão (1979) e Segura a Peteca (1979). Algumas composições parodiam a Jovem Guarda, como em Meu Carango (1976), inspirada em O Calhambeque (1964), de Roberto Carlos (1941). No período do regime da ditadura militar (1964-1985), Leo Canhoto e Robertinho conquistam espaço no mercado fonográfico, com canções ufanistas e de apoio ao regime como, por exemplo, Minha Pátria Amada (1971).

Leo Canhoto, ao lado de Robertinho, compõe canções sertanejas com diálogos e efeitos sonoros variados, inspirados nos filmes de bangue-bangue italianos, chamados espaguete western, principalmente os estrelados por Clint Eastwood, muito em moda nos anos 1970, a exemplo de Moreira da Silva e Miguel Gustavo, que introduzem esses efeitos sonoros no samba na década anterior. A dupla brinca com o enredo desses filmes, aludindo a cavalos, tiros e brigas em salões, utilizando recursos de sonoplastia de radionovela, construindo diálogos nas músicas de briga entre heróis e bandidos, propondo finais moralistas, como em Jack, o Matador (1969), Homem Mau (1969), Rock Bravo Chegou para Matar (1970) e Buck Sarampo (1971).  Em suas apresentações, enfim, a dupla atua com recursos cênicos de teatro, encenando essas músicas ao público.

Nota

1. José Simão Alves (Água Limpa, Goias, 1944) escolhe o nome artístico "Robertinho" por sua admiração por Roberto Carlos.

Fontes de pesquisa 6

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