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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Bárbara Mors

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 01.11.2022
1925 Brasil / São Paulo / São Paulo
Bárbara Mors Luchsinger (São Paulo,  São Paulo, 1925). Fotógrafa, bióloga. Primeira mulher a publicar fotografias no Boletim Foto-Cine (BFC) e a única paulista selecionada no 7º Salão Internacional de Arte Fotográfica (1948). O trabalho fotográfico de Mors, majoritariamente em preto e branco, demonstra o rigor do estudo da luz natural na composi...

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Bárbara Mors Luchsinger (São Paulo,  São Paulo, 1925). Fotógrafa, bióloga. Primeira mulher a publicar fotografias no Boletim Foto-Cine (BFC) e a única paulista selecionada no 7º Salão Internacional de Arte Fotográfica (1948). O trabalho fotográfico de Mors, majoritariamente em preto e branco, demonstra o rigor do estudo da luz natural na composição fotográfica. Esse domínio técnico e reflexão sobre a fotografia são evidentes nos enquadramentos que se estabelecem em torno da composição a partir da contraluz.

Bárbara Mors se associa ao Foto Cine Clube Bandeirante (FCCB) com 23 anos de idade. Diferentemente da maior parte das mulheres associadas do FCCB, Mors filia-se ao foto clube sem vínculos matrimoniais e por iniciativa própria. A qualidade dos trabalhos da jovem fotógrafa e bióloga são rapidamente reconhecidos pelos integrantes do foto clube, que notam em Mors grande potencial e sensibilidade para a fotografia moderna.

As fotografias de Bárbara Mors estão presentes em seis edições do Salão Internacional de Arte Fotográfica realizados anualmente pelo FCCB, entre elas: Muro Colonial (1948), no 7º Salão Internacional de Arte Fotográfica; Punhos de Aço e O Sheik, ambas de 1949, no 8º Salão Internacional de Arte Fotográfica; Sol e Vento, Acesso ao Lago e Zéa Mays, as três de 1950, no 9º Salão Internacional de Arte Fotográfica. A participação nos salões internacionais eleva a pontuação de Bárbara Mors no ranking do FCCB, e em menos de três anos ela passa da categoria “novíssimo” para “júnior”.

Em 1949, Bárbara Mors é premiada pela fotografia Sono (s.d.) na 1ª Exposição Fotográfica promovida pela Sociedade Cultural de Santo André. Entre os anos de 1950 e 1952, Bárbara Mors participa de 34 salões no exterior, como a 8ª Mostra Bienal de Turim, na Itália (1950); o 4º Salão de Luxemburgo (1950); e o 26º Salão de Zaragoza, na Espanha (1951). Em 1951, é selecionada como uma das fotógrafas representantes do FCCB no 1º Salão Feminino de Arte Fotográfica de São Carlos, juntamente com Dulce Carneiro (1929-2018), Elza Benedict, Menha S. Polacow (1917) e Nair Gisella Szterenyi.

As fotografias de Bárbara Mors estão presentes em várias edições do BFC. A imagem Sol e Vento é publicada na capa da edição n. 18 (abr. 1950), e quatro outras são reproduzidas nas páginas internas dos boletins: Sono, na edição n. 34 (fev. 1949); Acesso ao Lago, na edição n. 46 (fev. 1950); Punhos de Aço, na edição n. 56 (dez. 1950); e Caresse, na edição n. 64 (ago. 1951). Excepcionalmente, a fotografia Punhos de Aço aparece em duas publicações: primeiro, no catálogo do 8º Salão Internacional de Arte Fotográfica (dez. 1949) e, em seguida, como ilustração do artigo “Composição: conclusão”, de Aldo A. Souza Lima1. Nas fotografias publicadas no BFC, notamos o estudo apurado da iluminação natural com ênfase no contraste, composições que propõem o diálogo entre o aplainado e a perspectiva em Punhos de Aço, a opacidade e a transparência em Sol e Vento, a luz e a sombra em Sinfonia Verde (1954).

Bárbara Mors é retratada no BFC como figura ativa nos eventos sociais do FCCB e nas excursões realizadas pelo Foto Clube. O nome de Bárbara Mors aparece com frequência na coluna “O Bandeirante no Exterior”, espaço informativo que destaca os sócios selecionados nos últimos salões internacionais, e também nas críticas tecidas aos salões organizados pelo clube. No artigo “O 10º Salão Internacional de São Paulo”, escrito pelo fotógrafo belga Maurice Van de Wyer (1897-1994), presidente da Federação Internacional de Arte Fotográfica (Fiap), Mors é descrita como “uma senhorinha doce e simples que deve-se ter de olho pois ela pode superar os melhores”2. Apesar do grande destaque dado às fotografias de Bárbara Mors durante os 16 anos de filiação ao FCCB, a carreira da fotógrafa fica circunscrita ao Foto Clube, e a produção após esse período não é de conhecimento público.

Em 2014, a cessão de comodato de 275 fotografias do FCCB ao Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp) retira dos arquivos do Foto Clube trabalhos dos antigos sócios, entre eles está a foto Acesso ao Lago, que passa a integrar a coleção Masp/FCCB. A partir de 2016, as fotografias Domingo (ca. 1953) e Estudo com o Sol (ca. 1953) também passam a fazer parte da coleção do departamento de fotografia do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA).

As fotografias de Bárbara Mors abordam visualmente a contraluz por meio de enquadramentos que engendram elementos dicotômicos, utilizados para ressaltar e enfatizar essa técnica no âmbito fotográfico. Um apuro técnico evidenciado pelo detalhe no cuidado com a composição, estabelecida por oposições e pela repetição dos ângulos de tomada. Sua produção revela também o posicionamento dual entre a proximidade e o distanciamento em relação aos eventos fotografados, o ruído capturado em silêncio pela fotógrafa observadora. 

Notas

1. BOLETIM FOTO-CINE. São Paulo: Foto Cine Clube Bandeirante, n. 56, ano 5, 1950. Disponível em: http://fotoclub.art.br/documento/boletim-foto-cine-clube-bandeirante-no-056/. Acesso em: 2 dez. 2020.

2. BOLETIM FOTO-CINE. São Paulo: Foto Cine Clube Bandeirante, n. 66, ano 6, 1951. Dsponível em: http://fotoclub.art.br/documento/boletim-foto-cine-clube-bandeirante-no-066/. Acesso em: 2 dez. 2020.

Exposições 1

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