Carlos Antônio Mancuso
![Paisagem, 1950 [Obra]](http://d3swacfcujrr1g.cloudfront.net/img/uploads/2000/01/005414001013.jpg)
Paisagem, 1950
Carlos Antônio Mancuso
Óleo sobre tela, c.i.d.
Texto
Carlos Antônio Mancuso (Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 1930 – Idem, 2009). Arquiteto, artista visual, professor. Especialista em barroco brasileiro, coordena projetos de restauro em edifícios tombados como patrimônio histórico em Porto Alegre e atua como professor de história da arte e aquarelista.
A técnica da aquarela chama sua atenção ainda adolescente, quando tem aulas com os pintores José de Francesco (1895-1967) e João Faria Viana (1905-1975) em Porto Alegre. O primeiro lugar de um concurso de desenho em sua escola lhe garante uma bolsa para estudar no Instituto de Belas Artes do Rio Grande do Sul (IBA-RS). Logo após concluir o curso de belas artes, ingressa na Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde se forma em 1956, em uma das primeiras turmas. Tanto na UFRGS como no IBA-RS estuda com o artista e crítico de arte ítalo-brasileiro Ângelo Guido (1893-1969), que lhe convida, em 1957, para ser seu assistente. Tempos depois, assume a disciplina de estética e histórias das artes nas duas instituições, até se aposentar.
Realiza viagens de estudos à Europa e excursiona com alunos da Faculdade de Arquitetura por cidades brasileiras. Durante sua carreira como educador, promove cursos e palestras sobre cultura e história da arte. Publica artigos em jornais de grande circulação em Porto Alegre como o Correio do Povo, Folha da Tarde e Zero Hora. Realiza pesquisa mais aprofundada sobre diversos assuntos: a pintura brasileira do século XVI ao século XX; o processo de urbanização e evolução arquitetônica do Rio Grande do Sul; a evolução iconográfica da cidade de Porto Alegre.
Sua tese de doutorado, Arte e cultura, escrita em 1964, é publicada em 1965. Em 1969, é bolsista da Fundação Calouste Gulbenkian, em Portugal, onde se aprofunda nos estudos sobre o barroco. Em 1972, o resultado de suas pesquisas é publicado na antologia Aspectos do barroco em Portugal, Espanha e Brasil, com outros três autores, entre eles seu mestre Ângelo Guido.
Entre 1975 e 1984, coordena os trabalhos de restauração do Theatro São Pedro, em Porto Alegre, inaugurado em 1858. O objetivo das intervenções é o de recuperar a estrutura original e adaptar o espaço às instalações contemporâneas de funcionalidade como ar condicionado, elevadores, maquinário para cenários. Para isso, os usos de determinados espaços são adaptados, vigas de aço substituem as de madeira, áreas técnicas são ampliadas e sanitários são instalados em cada um dos sete pavimentos.
O forro, anteriormente adornado com motivos alegóricos que não resistem ao tempo, recebe uma pintura coletiva de Mancuso juntamente com outros artistas do Rio Grande do Sul: Danúbio Gonçalves (1925-2019), Léo Dexheimer (1935) e Plínio Bernhardt (1927-2004). Entrecortada por entalhes de madeira dourada, a pintura mostra elementos da flora e da fauna local. O lustre, inteiramente recriado pelo arquiteto, é inspirado no original com 68 cúpulas e mais de 30 mil peças de cristal nacional e alemão. Com quatro metros de comprimento e cerca de 600 quilos, recebe um mecanismo hidráulico de subida e descida, o que facilita a sua manutenção.
Entre 1980 e 1982, Mancuso coordena os trabalhos de restauro do Solar Lopo Gonçalves, inaugurado em 1855, que atualmente sedia o Museu de Porto Alegre Joaquim José Felizardo. Em estilo colonial, é o primeiro edifício de propriedade privada tombado como patrimônio público porto-alegrense. Entre 1989 e 1993, trabalha também na restauração do Solar dos Câmara, construído em 1818, habitação residencial em estilo colonial português transformada em espaço cultural.
Utiliza a aquarela de modo recorrente em seus croquis de arquitetura, pois entende que ela contribui como linguagem de três formas: com a transparência, por sua intrínseca luminosidade e na rapidez espontânea durante a execução. Não participa de muitas mostras coletivas ou individuais ao longo de sua carreira. No entanto, em 2017, a Secretaria Municipal de Cultura realiza uma exposição retrospectiva na Pinacoteca Aldo Locatelli. Intitulada Sensível Leveza: Aquarelas de Carlos Mancuso, apresenta 33 obras em aquarela com temática variada, que passa por retratos e cenas urbanas, paisagens e naturezas-mortas. Nas paisagens, é possível identificar cenas dos vinhedos na serra gaúcha e, nas marinhas, a Praia da Guarita, em Torres. Figuras humanas raramente aparecem. A curadoria resgata em acervos de instituições e de colecionadores as obras produzidas entre 1950 a 1990.
A contribuição de Carlo Mancuso é fundamental para a história e a preservação dos bens culturais em Porto Alegre. Como educador, forma artistas e arquitetos. Como artista, fixa a paisagem da cidade em suas aquarelas, e, na intersecção de suas capacidades como arquiteto e historiador, coordena restauros em importantes edifícios históricos.
Obras 1
Paisagem
Exposições 7
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18/2/1954 - 27/2/1954
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26/10/1983 - 13/11/1983
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22/3/1984 - 24/6/1984
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20/8/1994 - 18/9/1994
Fontes de pesquisa 14
- ARTE em Porto Alegre e a “história em migalhas”. Prof. Círio Simon, Porto Alegre, 4 out. 2010. Disponível em: http://profciriosimon.blogspot.com/2010/10/arte-em-porto-alegre-e-historia-em.html. Acesso em: 4 jun. 2022
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- AYALA, Walmir. Dicionário de pintores brasileiros. Organização André Seffrin. 2. ed. rev. e ampl. Curitiba: Ed. UFPR, 1997.
- CHAVES, Celso Giannetti Loureiro. Theatro São Pedro: álbum ilustrado comemorativo de sua reinauguração. 2. ed. Porto Alegre: Fundação Theatro São Pedro, 1992.
- DICIONÁRIO brasileiro de artistas plásticos. Organização Carlos Cavalcanti e Walmir Ayala. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1973-1980. 4v. (Dicionários especializados, 5).
- MANCUSO, Carlos Antônio (1930-2010) - Arte e Cultura . Porto Alegre : UFRGS - Instituto de Artes 1965, 51, p. Nº do sistema 0005000807.
- MANCUSO, Carlos Antônio. Arte e cultura. 1965. 51 f. Tese (Doutorado em Arte) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1965.
- MARTINS, Carlos (Coord.). Acervo gravura: doações recentes 1982/1984. Rio de Janeiro: Museu Nacional de Belas Artes, 1984.
- MARTINS, Carlos (Coord.). Acervo gravura: doações recentes 1982/1984. Rio de Janeiro: Museu Nacional de Belas Artes, 1984.
- PIFFERO. Luiza. Exposição destaca leveza das aquarelas de Carlos Mancuso. GZH. Porto Alegre, 19 dezembro 2016. Disponível em https://gauchazh.clicrbs.com.br/cultura-e-lazer/artes/noticia/2016/12/exposicao-destaca-leveza-das-aquarelas-de-carlos-mancuso-8827180.html. Acesso em: 4 jun. 2022.
- PIFFERO. Luiza. Exposição destaca leveza das aquarelas de Carlos Mancuso. GZH. Porto Alegre, 19 dezembro 2016. Disponível em https://gauchazh.clicrbs.com.br/cultura-e-lazer/artes/noticia/2016/12/exposicao-destaca-leveza-das-aquarelas-de-carlos-mancuso-8827180.html. Acesso em: jun. 2022.
- Porto Alegre: Fundacao Theatro Sao Pedro, 1992. 2.ed. - 149 p. il. Language: Portuguese, Base de dados: SABi - Catálogo da UFRGS.
- ROSA, Renato, PRESSER, Décio. Dicionário de artes plásticas no Rio Grande do Sul. 2. ed. rev. ampl. Porto Alegre: Ed. da UFRGS, 2000. 527p.
- THEATRO São Pedro. Prefeitura de Porto Alegre. Disponível em: http://lproweb.procempa.com.br/pmpa/prefpoa/vivaocentro/default.php?p_secao=45. Acesso em: jun.2022.
Como citar
Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo:
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CARLOS Antônio Mancuso.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa4829/carlos-antonio-mancuso. Acesso em: 03 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7