Fred Paulino
Texto
Frederico Braga Torres Paulino (Belo Horizonte, Minas Gerais, 1977). Artista visual, curador, designer e pesquisador. Destaca-se por desenvolver obras e exposições que relacionam arte, tecnologia e cultura brasileira em uma estética do improviso. Demonstra, por meio dos conceitos de “gambiarra” e “gambiologia”, como os brasileiros se relacionam com a tecnologia e o consumo.
Desde a infância, Fred Paulino tem contato com processos e instrumentos do design gráfico, uma vez que sua mãe atua profissionalmente na área durante os anos 1980. Nessa época, aprende fotocomposição e procedimentos manuais de criação, experiências que se tornam influências para sua atividade profissional e artística.
A partir da década de 1990, atua profissionalmente como designer gráfico – trabalha entre 1999 e 2009 nos estúdios de design Mosquito e Osso, dos quais é membro fundador. Além da educação não institucional e de caráter autodidata, tem uma educação formal interdisciplinar: em 2001, gradua-se em Ciência da Computação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e, em 2004, torna-se especialista em Artes Plásticas e Contemporaneidade pela Escola Guignard, na Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG).
Depois de concluir o ensino superior, Fred continua desenvolvendo trabalhos comerciais de design, mas, influenciado pela formação e interesse em arte contemporânea, também cria projetos visuais cujo intuito é a contemplação, a reflexão e a crítica política e sociocultural. Na instalação Curiosidade (2008), por exemplo, realizada em banheiros de bares, o artista usa câmeras de vigilância e televisores para questionar a noção de privacidade. Os itens eletrônicos dialogam com páginas de revistas que exibem pessoas famosas, eventualmente desprovidas de sua privacidade plena. Na videoinstalação Conto Concreto (2009-2011), Fred exibe o mosaico de um poema urbano de Carlos Magno Rodrigues, projetado, com a tecnologia de laser tag, em prédios registrados pelo fotógrafo Pedro David. Cria-se uma paisagem urbana com pichações ilusórias que contrastam a frieza de uma grande cidade com o intimismo de uma carta de amor.
Para Fred Paulino, os limites entre seu trabalho comercial, como designer, e o trabalho com a arte deixam de ser claros quando atua na campanha publicitária para um festival de artes, mídias móveis e tecnologia, o Arte.mov 2008. As peças que seriam usadas na campanha (armaduras feitas com lixo eletrônico) convertem-se em itens exibidos na galeria do festival. O acontecimento dá origem ao principal projeto do artista, chamado de Gambiologia.
O Gambiologia nasce com a chamada “estética da gambiarra”, que Fred e seus parceiros adotam na confecção dos itens cujas imagens fotografadas seriam usadas nos materiais de divulgação, catálogos e sinalizações do Arte.mov. A proposta é tratar de tecnologia sob uma perspectiva que valoriza itens eletrônicos novos e antigos, associados a elementos inusitados, como capacetes, sapatos e cintos. A gambiologia, que deixa de ser um projeto e se torna um conceito, envolve as peculiaridades da cultura brasileira no consumo, adaptação e transformação dos itens eletrônicos.
Desde a experiência com o evento, Fred Paulino, ao criar e selecionar obras para exposições, produz uma relação entre arte e tecnologia que destaca o modo brasileiro de lidar com as invenções. A chamada "gambiarra" é apresentada como um tipo de tecnologia, que torna evidente uma das principais características desta (a solução prática de problemas).
Fred passa a atuar como artista e curador de exposições que reúnem obras com a estética do improviso, como em Maquinações (2008), Gambiólogos – a Gambiarra nos Tempos do Digital (2010) e Gambiologia Aplicada. As obras expostas transformam sucatas e antiguidades em engenhocas eletrônicas que, além de terem impacto visual, estabelecem uma oposição ao consumismo tecnológico exacerbado.
O trabalho de Fred Paulino propõe uma reflexão crítica sobre o conceito de tecnologia, ao questionar a proeminência da noção de consumo e destacar o valor prático e funcional das novas e velhas invenções, frequentemente combinadas, especialmente na cultura brasileira.
Exposições 10
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15/4/2005 - 17/4/2005
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3/11/2010 - 7/11/2010
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18/11/2010 - 21/11/2010
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10/6/2014 - 22/8/2014
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10/6/2014 - 22/8/2014
Mídias (1)
A conversa aborda as limitações das classificações dentro da arte e a "gambiologia" como missão de vida, que o distancia do estresse e desgaste das atividades como designer.
Fred classifica a "gambiarra" como uma alternativa anticonsumista, em que os padrões de compra e necessidade são alterados a partir da criatividade de construção de peças únicas.
A Enciclopédia Itaú Cultural apresenta a série Encontra, produzida pelo canal Arte 1. Em um bate-papo com Gisele Kato, o público é convidado a entrar nas casas e ateliês dos artistas, conhecendo um pouco mais sobre os bastidores de sua produção.
Créditos
Presidente: MillúVillela
Diretor-superintendente: Eduardo Saron
Superintendente administrativo: Sérgio Miyazaki
Núcleo de Enciclopédia
Gerente: Tânia Rodrigues
Coordenação: Glaucy Tudda
Núcleo de Audiovisual e Literatura
Gerente: Claudiney Ferreira
Coordenação: Kety Nassar
Arte 1
Direção: Gisele Kato/ Ricardo Sêco
Produção: Yuri Teixeira
Edição: André Santos
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Fontes de pesquisa 1
- FRED PAULINO. Site Oficial do Artista. [s.l.], s.d. Disponível em: http://www.fredpaulino.com/site.html. Acesso em: 07 ago. 2016.
Como citar
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FRED Paulino.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa431331/fred-paulino. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7