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Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Paulinho Polika

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 20.06.2022
1957 Brasil / Minas Gerais / Belo Horizonte
Paulo Roberto Nacif Campos (Belo Horizonte, Minas Gerais, 1957). Ator e diretor. Especialista em  trabalhos com formas animadas, seus espetáculos trazem a marca da cultura popular, cujas raízes apontam para o teatro de rua, as artes circenses, a pantomima, o clown e o diálogo com o teatro de sombras e bonecos. Sua trajetória artística é marcada ...

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Paulo Roberto Nacif Campos (Belo Horizonte, Minas Gerais, 1957). Ator e diretor. Especialista em  trabalhos com formas animadas, seus espetáculos trazem a marca da cultura popular, cujas raízes apontam para o teatro de rua, as artes circenses, a pantomima, o clown e o diálogo com o teatro de sombras e bonecos. Sua trajetória artística é marcada pelo trânsito entre diferentes linguagens e pelo vínculo com importantes grupos da cena mineira, como o Grupo Galpão, Grupo Giramundo, Grupo de Dança 1º Ato e o Armatrux.

Paulinho Polika inicia a carreira profissional na direção de um espetáculo para o público infantil - A Bruxinha que Era Boa, de Maria Clara Machado -, em 1974. Desde o princípio busca a proximidade com o público por meio de referências populares e exercita, no teatro de bonecos, sua aptidão para as artes plásticas. Em 1980, conclui o curso profissionalizante de ator do centro de formação artística da Fundação Clóvis Salgado, Palácio das Artes, e ingressa no Grupo Atrás do Pano, no qual, além de atuar, exerce funções relacionadas à cenografia, dramaturgia e criação de espetáculos.

É convidado a integrar o elenco da terceira montagem do Grupo Galpão, Ó Procê Vê na Ponta do Pé, em 1984, por sua familiaridade com o universo do circo, da pantomima e da improvisação clownesca. No ano seguinte, divide-se entre o papel de Pantalone e a criação de cenários e máscaras para a peça Arlequim, Servidor de Tantos Amores, adaptação do texto de Carlo Goldoni. Desliga-se do elenco fixo do Galpão em 1986, mas estende a parceria com o grupo à direção de A Comédia da Esposa Muda, espetáculo de rua com forte apelo popular, baseado em um canovaccio da commedia dell'arte, improvisações e workshops.

Polika funda, em 1988, com mais quatro artistas de Belo Horizonte, o Centro Artístico Tangram, voltado para a formação artística e fomento à criatividade. Na escola, o ator, diretor e bonequeiro dirige o curso de teatro, que tem como principal linha de trabalho a pesquisa gestual e o diálogo com objetos e as artes visuais.

Em 1990, vence a concorrência Fiat de Cultura com a direção de Teatro Móvel, realização do Grupo Atrás do Pano. Dirige o Grupo de Dança 1º Ato no espetáculo Quebra-Cabeça, criado especialmente para a rua, destacando-se pelo diálogo com linguagens como a dança, o teatro, a mímica, a acrobacia e o drama circense. Polika imprime ao espetáculo a marca do jogo do teatro de rua, divertido, leve com profusão de efeitos cômicos. Sobre o trabalho, o crítico Carlos Alberto Magalhães, do Estado de Minas, pontua: "Os momentos mais brilhantes ficam por conta da mímica e do relacionamento mais íntimo que surge com o espectador da apresentação de rua".1

Convidado a dirigir a montagem de formatura dos alunos de 1991 do curso profissionalizante de ator do centro de formação artística da Fundação Clóvis Salgado, Polika faz uma versão do espetáculo Martim Cererê, de Cassiano Ricardo, somando elementos circenses, personagens-bonecos e um forte acento musical.

Com o fechamento do Centro Artístico Tangram em 1991, Polika inaugura a Pantan Oficina de Bonecos e funda, com ex-alunos do Tangram, o Grupo de Teatro Armatrux, assumindo a direção artística do grupo, que estreia profissionalmente com o espetáculo de rua Acorda Aderbal, uma montagem simples com intenso apelo circense.

No ano seguinte, o Armatrux coloca em cena a banda de teatro de bonecos Os Românticos, cujo repertório musical é gravado pelo grupo Skank. E Polika renova a parceria artística com o Grupo de Dança 1º Ato, e se responsabiliza pela direção cênica do espetáculo Isso Aqui Não É Gotham City, um dos maiores sucessos na trajetória da companhia. A montagem reproduz o submundo de uma metrópole imaginária e transita por diferentes linguagens artísticas, transportando para o palco takes e quadros inspirados no universo das histórias em quadrinhos, do cinema e televisão. A jornalista Vitória Neves comenta: "Acompanhando a tendência plástica dentro do teatro, adotada por Polika, os atores construíram as personagens como se estivessem desenhando, o que dá ao espetáculo um interessante e pertinente clima de animação. [...] Paulinho Polika (é) um profissional das artes cênicas disposto a ousar o máximo na utilização da multiplicidade de linguagens no palco".2 Isso Aqui Não É Gotham City é remontado em 2009, para as comemorações dos 21 anos do Grupo de Dança 1º Ato.

Polika dirige seu último trabalho com o Armatrux, Esperando Godot, de Samuel Beckett, para a rua, em 1995, e um ano depois desliga-se do grupo. De 1997 a 2000, dedica-se ao trabalho de manipulação e confecção de bonecos no Grupo Giramundo, e atua em espetáculos do repertório da companhia, como O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá, O Guarani, O Carnaval dos Animais, Cobra Norato, Circo Teatro Maravilha e O Diário.

Assume, em 2000,  a direção do grupo GPTO de Teatro de Bonecos, resultado de um programa de formação artística profissional desenvolvido num projeto social do Instituto Francisca Peixoto na cidade de Cataguases, Minas Gerais. Passa a gerenciar o projeto, em parceria com Gustavo Noronha, dedicando-se à criação e produção de espetáculos e formação dos atores-manipuladores. Com o GPTO, no qual permanece até 2005, monta as peças Histórias da Selva, em 2001, e Por Enquanto, por Encanto, em 2002. Participa, em 2001,  do 2º Festival de Cenas Curtas do Galpão Cine Horto com A Pipa, que utiliza a linguagem do teatro de sombras, e é escolhida pelo público como a melhor cena da noite. 

Monta Espetaclim, em 2002, um mosaico de cenas criadas para o teatro de sombras e bonecos, que dialogam com o universo do circo, da dança e da mágica. De volta a Belo Horizonte, em 2007, desenvolve quadros de teatro de sombras para o programa Dango Balango, direcionado ao público infantil da Rede Minas de Televisão. Dirige o espetáculo Chromo Sapiens, no Cine Teatro Vagalume, uma intervenção cênica em que também utiliza a linguagem do teatro de sombras, feita especialmente para o Festival Internacional de Teatro Palco e Rua de BH, em 2008.

Em 2009, Polika é convidado pela coordenação do Galpão Cine Horto, centro cultural do Grupo Galpão, para dirigir a montagem da quinta edição do projeto Cine Horto Pé na Rua. Monta Sonhos de uma Noite de São João, adaptação para a rua do clássico Sonhos de uma Noite de Verão, de William Shakespeare. Nessa versão, a "quadrilha" amorosa dos personagens e as desventuras de Puck ganham matizes da cultura popular. Polika assina também a cenografia da peça, que recria as bandeirinhas de Alfredo Volpi, em clara referência à festa de São João.

Notas

1. MAGALHÃES, Carlos Alberto. Grupo 1º Ato dança de hoje a domingo. Estado de Minas, Belo Horizonte, 15 fev. 1990. Segunda seção.

2. NEVES, Vitória. Grupo 1º Ato dança toda a loucura de Gotham City. Estado de Minas, Belo Horizonte, 17 jun. 1992.

Espetáculos 12

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