Raul Roulien
Texto
Raul Entini Pepe Acolti Gil (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1905 – São Paulo, São Paulo, 2000). Ator, cantor, diretor de cinema, teatro e televisão. Filho de maestro, Raul Pepe começa a cantar ainda criança, ao lado dos irmãos, e torna-se astro mirim do vaudeville, gênero teatral de variedades, apresentando-se até para o presidente Rodrigues Alves. Após uma excursão pelo cone sul, muda seu nome para Raul Roulien e faz sucesso em Buenos Aires como cantor de tangos e sambas. No Rio de fins dos anos 1920, forma uma companhia de revistas teatrais e grava uma série de discos. Consagrado como o “galã das normalistas”, Roulien decide tentar a sorte em Hollywood. Ali, torna-se um dos mais requisitados latin lovers do cinema americano, participando de filmes como Delicius (1931), Flying Down To Rio (1933) e The World Moves On (1934), este último sob a direção de John Ford.
Volta ao Rio de Janeiro em 1935, depois da morte de sua esposa Diva Tosca (1909-1933). No Brasil, Roulien decide-se pela carreira de diretor. Mantém por cerca de duas décadas uma companhia teatral, que lança atrizes como Cacilda Becker (1921-1969), e realiza três filmes de ficção: O Grito da Mocidade (1936), Aves Sem Ninho (1939) e Jangada (1949), este perdido num incêndio antes mesmo da sua estréia. Nas décadas de 1950 e 1960, dirige teleteatros na TV Cultura, então parte dos Diários Associados. Acalenta até o fim de sua vida um último projeto nunca filmado: uma cinebiografia de Oswaldo Cruz (1872-1917).
Análise
Quando Raul Roulien, vindo de Hollywood, retorna ao país decidido a dirigir filmes, há uma expectativa da crítica nacional, confirmaa po seus primeiros filmes. Tanto Grito da Mocidade quanto Aves sem Ninho representam um notável ganho para a cinematografia brasileira que mal havia entrado, tecnicamente, na era do cinema falado. Como se diz na época, os filmes de Roulien parecem fitas americanas feitas no Brasil.
Ele tem o sonho de todo diretor nacional de então: filmar uma superprodução capaz de mostrar uma imagem deslumbrante do país para o exterior. Jangada é um épico sobre o alvorecer do movimento pela libertação dos escravos, com centenas de figurantes, roteiro de Raquel de Queiroz (1910-2003) e parceria com distribuidores internacionais. Com as filmagens já adiantadas, todo o negativo do filme acaba queimado num incêndio. Mais de dez anos depois, em 1961, Roulien finalmente realiza um filme épico ao adaptar para as telas o romance “A Muralha” (1954), de Dinah Silveira de Queiroz (1911-1982). Uma produção para a TV Cultura, em outras proporções. O sonho de forjar uma imagem grandiosa de seu país acompanha-o até os últimos dias em forma de um projeto sobre a vida do médico sanitarista Oswaldo Cruz.
Espetáculos 20
Fontes de pesquisa 8
- A SCENA Muda, n. 1050, 6 maio 1941.
- A SCENA Muda, n. 1055, 10 jun. 1941.
- FLÓRIDO, Eduardo Giffoni. As grandes personagens da história do cinema brasileiro: 1930 – 1959. Rio de Janeiro: Fraiha, 1999.
- INSTITUTO Cravo Albin. Raul Roulien. In: DICIONÁRIO Cravo Albin da Música Popular Brasileira, Rio de Janeiro. Disponível em: http://dicionariompb.com.br/raul-roulien. Acesso em: 25 out. 2019
- MAGALDI, Sábato; VARGAS, Maria Thereza. Cem anos de teatro em São Paulo. São Paulo: Senac, 2001.
- RAMOS, Fernão Pessoa; MIRANDA, Luiz Felipe (Orgs). Enciclopédia do cinema brasileiro. São Paulo: Senac, 2000.
- RAUL Roulien – um brasileiro em Hollywood. Realização: TV Sesc. Roteiro e direção de Dimas de Oliveira Júnior. São Paulo, 2002. Documentário.
- SOLOMON, Aubrey. The Fox Film Corporation, 1915 – 1935: a history and filmografy. Jefferson (NC): Mcfarland & Company, 2011.
Como citar
Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo:
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RAUL Roulien.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa401271/raul-roulien. Acesso em: 05 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7