Elias José
Texto
Elias José (Guaranésia, Minas Gerais, 1936 – Guarujá, São Paulo, 2008). Contista, romancista, poeta e autor de livros didáticos. A carreira literária de Elias José começa nos anos 1970, quando a indústria editorial inicia uma política de promoção de novos escritores. Os temas trabalhados por sua contística envolvem a solidão e a alienação dos indivíduos, a cisão dos vínculos afetivos tradicionais e a angústia produzida pela impossibilidade de romper a rotina.
Nasce em Santa Cruz da Prata, no município de Guaranésia, interior do estado de Minas Gerais. Mora na fazenda da família e frequenta o curso primário na escola rural do distrito. Na adolescência, estreita laços com a literatura ao organizar e escrever, com um grupo de colegas, o jornal da escola. Em 1962, ganha o primeiro lugar em concurso de contos promovido pela revista Vida Doméstica.
Formado em 1967 em letras e pedagogia, pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Guaxupé (Fafig), faz cursos de especialização e pós-graduação em São Paulo e no Rio de Janeiro. Em 1970, publica sua primeira coletânea de contos, A Mal-Amada, que recebe menção honrosa no Concurso de Livros de Contos Prêmio José Lins do Rego, patrocinado pela Livraria Editora José Olympio. Os prêmios recebidos pela obra dedicada ao público adulto testemunham o processo de difusão e de estímulo aos jovens escritores iniciado na época de sua estreia literária.
Seus textos iniciais já produzem estranhamento pelo modo como o narrador apresenta o cotidiano a partir de eventos insólitos. Elias José se aproxima do estilo de contistas que reagem à perspectiva realista, como o de Murilo Rubião (1916-1991), escritor que apoia a edição do livro de estreia; e também desenvolve os chamados minicontos, notabilizados na obra de Dalton Trevisan (1925).
Torna-se professor de literatura brasileira e teoria literária da Fafig, onde também atua como vice-diretor, diretor e coordenador do Departamento de Letras. Na rede pública de ensino, dá aulas de língua portuguesa e literatura brasileira na Escola Estadual Dr. Benedito Leite Ribeiro.
Por sugestão da esposa, escreve histórias para a primeira filha e inicia assim sua produção infanto-juvenil, cujo primeiro lançamento é As curtições de Pitu (1976). Com linguagem cotidiana e sintaxe direta, o autor busca se aproximar dos seus leitores. Tematicamente, as relações afetivas e humanitárias, como as retratadas no livro de estreia e em Jogo duro (1979), se somam às aventuras que visam decifrar enigmas (O Fantasma do porão [1979]), à realidade social e suas injustiças (Os que podem voar [1981]) e ao reconto de narrativas folclóricas de origem europeia, indígena ou africana ((Re)Fabulando [1998/2005]).
A afinidade com o gênero infanto-juvenil e o sucesso obtido com essas publicações levam o autor a dedicar-se quase exclusivamente a esse público, para o qual escreve mais de cem livros. Na poesia para crianças, valoriza a temática do cotidiano e o aspecto material das palavras, recorrendo a efeitos de sonoridades e a trocadilhos. Nesse sentido, retoma procedimentos da cultura oral e popular, em poemas que não se propõem a "ensinar" conteúdos morais, mas aprender a brincar com as palavras, extraindo delas novos significados.
Em 1993, aposenta-se de suas atividades profissionais e permanece em Guaxupé, deslocando-se apenas para as palestras de que participa.
Marcada pelo confronto com os limites da realidade e pela tentativa de expandi-los por meio da poesia das palavras ou da força dos afetos e da fantasia, a prolífica produção literária de Elias José encontra sucesso junto à crítica e ao público.
Obras 128
Links relacionados 1
Fontes de pesquisa 7
- COELHO, Nelly N. Dicionário Crítico da Literatura Infantil e Juvenil Brasileira: Séculos XIX e XX. São Paulo: EDUSP, 4ª ed., 1995.
- COELHO, Nelly N. Literatura Infantil - Teoria, Análise, Didática. São Paulo: Ática, 5ª ed., 1991.
- GÓIS, Lúcia P. Introdução à Literatura Infantil e Juvenil. São Paulo: Pioneira, 1984.
- LAJOLO, Marisa; ZILBERMAN, Regina. Literatura Infantil Brasileira. História & Histórias. 3a ed. São Paulo: Ática, 1984.
- PONCE, J. A. de Granville. O Importante é que a Obra Fale Alto (depoimento de Elias José). In: Um Pássaro em Pânico, São Paulo: Ática, 1977 p. 3 a 6.
- SANTOS, Ailton Paulino dos. O Poder do Discurso (um Estudo de Um Pássaro em Pânico, de Elias José). Belo Horizonte: Imprensa Oficial de Minas Gerais, 1984.
- VILLAÇA, Antônio Carlos. Inquieta Viagem: Um Contista. In: JOSÉ, Elias. Inquieta Viagem no Fundo do Poço. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1974, p. 11-12.
Como citar
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ELIAS José.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa3924/elias-jose. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7