Ordenação

Tipo de Verbete

Filtros

Áreas de Expressão
Artes Visuais
Cinema
Dança
Literatura
Música
Teatro

Período

A Enciclopédia é o projeto mais antigo do Itaú Cultural. Ela nasce como um banco de dados sobre pintura brasileira, em 1987, e vem sendo construída por muitas mãos.

Se você deseja contribuir com sugestões ou tem dúvidas sobre a Enciclopédia, escreva para nós.

Caso tenha alguma dúvida, sugerimos que você dê uma olhada nas nossas Perguntas Frequentes, onde esclarecemos alguns questionamentos sobre nossa plataforma.

Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Rico Lins

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 07.10.2024
1955 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Foto de Autoria desconhecida

Cartaz do filme O Judeu , 1996
Rico Lins
60,00 cm x 90,00 cm
Cinemateca Brasileira

Ricardo Brandão Estellita Lins (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1955). Designer gráfico, diretor de arte, ilustrador e educador. Tem os primeiros contatos com produção de imagens impressas nos ateliês dos gravuristas Babinski (1931) e Evandro Carlos Jardim (1935). Trabalha com comunicação visual antes de ingressar no curso de desenho industrial ...

Texto

Abrir módulo

Ricardo Brandão Estellita Lins (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1955). Designer gráfico, diretor de arte, ilustrador e educador. Tem os primeiros contatos com produção de imagens impressas nos ateliês dos gravuristas Babinski (1931) e Evandro Carlos Jardim (1935). Trabalha com comunicação visual antes de ingressar no curso de desenho industrial da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

Em 1979, formado, prossegue os estudos e trabalha em Paris, Londres e Nova York. Durante a estadia na capital francesa, recebe o Diplôme d’Études Approfondies em artes plásticas pela Universidade de Paris, em 1981. No mesmo ano, expõe as capas criadas para a revista alemã Kultur Revolution e faz o design da exposição Visages d’Alice, realizada no Centre Pompidou. Em 1987, obtém o título de Master of Arts pelo Royal College of Art, em Londres, onde conhece o designer holandês Gert Dumbar (1940). Em Nova York, tem contato com Steven Heller (1950) e Nigel Holmes (1942), diretores de arte do New York Times Book Review e Time Magazine, respectivamente; Seymour Chwast (1931) e Milton Glaser (1929), do estúdio de design e ilustração Push Pin; e a designer Paula Scher (1948). Nesse período, destaca-se como diretor de arte da gravadora CBS Records.

Em 1995, retorna ao Brasil e fixa-se em São Paulo. Tem curta experiência com publicidade e, em seguida, abre estúdio próprio. Com foco em cultura, Rico Lins é reconhecido pela produção de cartazes para cinema, teatro e música, além de capas de revistas nacionais e internacionais. Em mais de 30 anos de carreira, acumula projetos realizados para clientes como CBS Records, Time Warner, New York Times, Newsweek, MTV, Le Monde, Centre Pompidou, Big Magazine, Random House, TV Globo, Editora Abril, Zoomp, Natura, Sesc e Orquestra Jazz Sinfônica.

Entre os prêmios recebidos, destaca-se o cartaz vencedor do concurso da 21ª Bienal Internacional de São Paulo, de 1991. Em 2009, realiza a retrospectiva Uma Gráfica de Fronteira, exposta em diversas cidades brasileiras. No mesmo ano, a exposição recebe o prêmio Associação Paulista de Críticos de Arte (Apca). 

Rico Lins possui obras nas coleções do Musée de L’Affiche et de la Publicité e da Bibliothèque nationale de France (BNF), em Paris, e no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP). É membro da Alliance Graphique Internationalle (AGI) desde 1997. É o curador das exposições Brasil em Cartaz (2005), realizada em Chaumont, França; Conexions>Conexões (2009), no Sesc Pompeia; São Paulo e Sustentabilidade: E Eu com Isso (2010), realizada em Curitiba.

Na década de 1970, Rico Lins estuda na Escola Superior de Desenho Industrial (Esdi) onde convive com professores como Aloísio Magalhães (1927-1982), Karl-Heinz Bergmüller (1928), Décio Pignatari (1927-2012) e Zuenir Ventura (1931). As matrizes pedagógicas da Esdi seguem o modelo racionalista da Escola alemã de Ulm: “Segundo o conceito Ulm, a atividade de design se distinguia radicalmente das artes em geral, e isso se traduzia na busca de uma autonomia para o design como design, não como variante da prática artística”1. Rico Lins afirma, no entanto, sentir mais afinidade com a Bauhaus, pois o ensino integrado de design e arte favorece seu trabalho, situado na fronteira entre os territórios artísticos2.

A produção do design brasileiro dos anos 1970 divide-se em duas vertentes: de um lado, o campo da identidade corporativa, dominado pelos preceitos modernistas; de outro, o campo da cultura, mais aberto a experimentações3. Rico Lins identifica-se mais com o segundo grupo. Com amplo interesse por imagens provenientes da cultura de massas e do universo vernacular brasileiro - desenhos animados, capas de discos, ilustrações da imprensa alternativa, cartazes, quadrinhos, rótulos, literatura de cordel, tipografia artesanal -, constrói um universo de imagens que alimenta sua produção. A apropriação e a colagem são procedimentos-padrão para ele. Imagens de segunda mão são frequentemente recortadas, sobrepostas e justapostas. Reconfiguradas, assumem novo valor e novo significado.

Ao optar por sair do Brasil para estudar e trabalhar na Europa e nos Estados Unidos, no fim da década de 1970, Rico Lins revela uma visão pioneira do design como disciplina global e multicultural, que tem a imagem como idioma comum. Seu trabalho transita entre o regional e o global, entre a expressão e a comunicação, como Adélia Borges esclarece: 

Trafegar entre culturas diferentes sem abrir mão da sua própria, trazer ao design gráfico uma forte dose de criação pessoal, beber no caos das ruas e do popular para escrever o erudito, prever e incentivar a interação com o usuário do seu projeto, recorrer à manualidade da tradição brasileira para compor o digital são práticas incensadas em nossa época que Rico aporta desde o início de sua caminhada.4

A partir de 1982, Rico Lins inicia a longa colaboração com a revista alemã Kultur Revolution, de circulação acadêmica, para a qual produz capas até 2008. Nesta parceria, exerce o experimentalismo gráfico, construindo um corpo de trabalho coeso do ponto de vista da atitude e paradoxalmente diverso quanto aos resultados imagéticos.

Notas

1. LEITE, João de Souza. De Costas para o Brasil: o ensino de um design internacionalista. In: MELO, Chico (Org.). Design gráfico brasileiro: anos 60. São Paulo: Cosac Naify, 2006. p. 269.

2. FARIAS, Agnaldo; BORGES, Adélia; CARDOSO, Rafael; STOLARSKI, André; LINS, Rico. Rico Lins: uma gráfica de fronteira. São Paulo: Solislina, 2009. p.17.

3. MELO, Chico Homem; RAMOS, Elaine (Orgs.). Linha do tempo do design gráfico brasileiro. São Paulo: Cosac & Naify, 2012. p.418.

4. FARIAS, Agnaldo; BORGES, Adélia; CARDOSO, Rafael; STOLARSKI, André; LINS, Rico. Rico Lins: uma gráfica de fronteira. São Paulo: Solisluna, 2009. p.12.

Obras 1

Abrir módulo

Exposições 14

Abrir módulo

Fontes de pesquisa 9

Abrir módulo

Como citar

Abrir módulo

Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo: