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Enciclopédia Itaú Cultural
Literatura

Brito Broca

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 29.10.2024
06.10.1903 Brasil / São Paulo / Guaratinguetá
20.08.1961 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
José Brito Broca (Guaratinguetá, SP, 1903 - Rio de Janeiro, RJ, 1961). Crítico, ensaísta e jornalista literário. Começa a escrever crônicas para o jornal local, O Farol, ainda estudante. Em 1924, a repercussão de uma delas o obriga a deixar a cidade natal e mudar-se para São Paulo. Inicia, em 1927, a carreira de jornalista profissional no jornal...

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Biografia
José Brito Broca (Guaratinguetá, SP, 1903 - Rio de Janeiro, RJ, 1961). Crítico, ensaísta e jornalista literário. Começa a escrever crônicas para o jornal local, O Farol, ainda estudante. Em 1924, a repercussão de uma delas o obriga a deixar a cidade natal e mudar-se para São Paulo. Inicia, em 1927, a carreira de jornalista profissional no jornal paulista A Gazeta, usando o pseudônimo Lauro Rosas. Em 1931, torna-se redator do jornal O Tempo, mas no ano seguinte, com o início da Revolução Constitucionalista, retorna a Guaratinguetá para ficar perto da família. Desde que inicia a atuação na imprensa, Broca tem sua produção de cronista apoiada em experiências pessoais e leituras ininterruptas. Porém, é apenas a partir de 1935, em A Gazeta, que ele se dedica exclusivamente à crônica literária, com o pseudônimo Alceste, inspirado em personagem do dramaturgo francês Molière (1622-1673). Muda-se para o Rio de Janeiro em 1937, onde trabalha como redator da editora José Olympio. Seu primeiro livro, Americanos, é lançado em 1944, reunindo crônicas escritas na imprensa até então. Por meio do Serviço de Documentação do Ministério da Educação e Cultura (MEC), no qual trabalha, publica a obra A Vida Literária no Brasil - 1900, em 1956. O livro, inspirado no trabalho do francês André Billy, diretor de Histoire de la Vie Littéraire, integra um projeto com mais três volumes referentes aos períodos romântico e colonial, naturalista e modernista, mas é interrompido pela morte repentina, vítima de atropelamento próximo à Praia de Botafogo, no Rio de Janeiro, na madrugada de 20 de agosto de 1961. Parte do acervo de sua biblioteca pessoal encontra-se na biblioteca do Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas (IEL/Unicamp).

Comentário Crítico
Historiador das ideias, da cultura e da mentalidade literárias, Brito Broca descreve uma trajetória muito particular na crítica e na historiografia brasileiras, num momento de transição dos rodapés e da crítica jornalística para a pesquisa acadêmica, devido à especialização crescente do trabalho intelectual. Autodidata, ele transita da divulgação jornalística para um trabalho de pesquisa e erudição que busca sistematizar e interpretar "o quadro da evolução cultural brasileira", a partir do relacionamento concreto entre "o cotidiano sempre mesquinho, mesmo se pitoresco, da vida literária e o voo livre da criação", segundo observa Alexandre Eulálio (1932-1988).

A vida literária é compreendida por Broca "tanto no seu aspecto mais imediato dos usos e costumes das rodas de escritores, mesas de cafés e salões mundanos, como na vertente mais abstrata das modas estéticas, das famílias espirituais, dos modos de ver e de sentir do indivíduo e do grupo". Com o objetivo de examinar todo esse espectro, Broca projeta a execução de seu ambicioso políptico histórico-literário (como o define Alexandre Eulálio), composto de quatro volumes: o premiado livro, de 1956, A Vida Literária no Brasil - 1900, que traça um amplo painel da chamada belle époque brasileira, e outros três, nunca concluídos, dedicados respectivamente aos períodos romântico e colonial, naturalista e modernista.

As notas e os ensaios deixados pelo crítico, e que comporiam os demais volumes, acabam sendo recolhidos postumamente em outras obras, das quais são exemplos Românticos, Pré-Românticos e Ultra-Românticos: Vida Literária e Romantismo Brasileiro e Naturalistas, Parnasianos e Decadistas: Vida Literária do Realismo ao Pré-Modernismo. Nesses textos o crítico promove o mais convencional dos estudos de fontes, passando pelos comentários sobre as formas de sociabilidade literária (a boêmia dos cafés, rodas de escritores, agremiações literárias, salões mundanos etc.) e sobre aspectos peculiares da vida social e dos costumes da época, que encontram ressonâncias nas obras do período, até, inversamente, o exame das repercussões dos temas e mitos literários no universo cultural e social do século XIX.

Broca chega a publicar Americanos; Horas de Leitura, coletânea de ensaios sobre autores e temas diversos, dispersos em jornais e revistas; e Machado de Assis e a Política e Outros Estudos, em que, como o título indica, rompe certo lugar-comum em torno do suposto alheamento político do escritor fluminense. Ele organiza ainda outra coletânea de ensaios que, todavia, não chega a ver impressa: Pontos de Referência. Postumamente, são organizados e publicados outros tantos volumes recolhendo seu ensaísmo, como Papéis de Alceste (crônicas de A Gazeta, de São Paulo, lançadas entre 1939 e 1945, com o pseudônimo Alceste) e Ensaios da Mão Canhestra, em que, a despeito da modéstia do título, Broca evidencia sua intimidade literária não apenas com autores nacionais como José de Alencar (1829-1877), Coelho Neto (1864-1934), Raul Pompéia (1863-1895), mas também europeus, e tão distintos quanto Cervantes (1547-1616), Goethe (1749-1832) e Dostoievski (1821-1881). O mesmo vale dizer a respeito de Letras Francesas (1ª e 2ª séries), que reúne num só volume, graças ao empenho do amigo Francisco de Assis Barbosa (1914-1991), os artigos de Broca divulgados no Suplemento Literário de O Estado de S. Paulo, de 1956 até sua morte.

Quando falece, Brito Broca deixa em fase adiantada de organização dois outros volumes: A Vida Literária no Brasil - Época Modernista, cujos originais, todavia, acabam por se extraviar, restando apenas, entre seus papéis, dois capítulos em versão final do ensaísta; e Quando Havia Província, livro de reminiscências, cuidadosamente recuperado por Assis Barbosa, no qual Flora Süssekind (1955) reconhece uma articulação com um tema caro ao imaginário romântico brasileiro, a volta à casa paterna, que Broca examina em mais de um ensaio.

Obras 10

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Fontes de pesquisa 6

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  • BARBOSA, Francisco de Assis. Um dom Quixote das letras. In: BROCA, Brito. A vida literária no Brasil - 1900. Rio de Janeiro: José Olympio: Academia Brasileira de Letras, 2005.
  • CARPEAUX, Otto Maria. O amigo perdido. In: BROCA, Brito. Memórias. Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1968. xxvii, 243p. (Documentos Brasileiros v.135 ).
  • EULALIO, Alexandre. Prefácio. BROCA, Brito. Românticos, pré-românticos e ultra-românticos: vida literária e Romantismo brasileiro. São Paulo/Brasília: Polis/INL/MEC, 1979.
  • EULÁLIO, Alexandre. Broca (José) Brito. In:______. Escritos. Campinas: Editora da Unicamp; São Paulo: Editora da Unesp, 1992.
  • PRADO, Antonio Arnoni. Brito Broca ou injustiças de um revoltado. In: ______. Trincheira, palco e letras: crítica, literatura e utopia no Brasil. São Paulo: Cosac & Naify, 2006.
  • SÜSSEKIND, Flora. Brito Broca e o tema da volta à casa no romantismo. In: ______. Papéis colados. Rio de Janeiro: UFRJ, 1993.

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