Fagundes Varela
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Cantos e Phantasias, 1875
Fagundes Varela
Texto
Luís Nicolau Fagundes Varela (Vila de São João Marcos, Rio de Janeiro, 1841 - Niterói, Rio de Janeiro, 1875). Poeta, contista e dramaturgo. Na infância tem intenso contato com a natureza, mais tarde cantada em seus versos. A partir de 1851, reside durante curtos períodos em Catalão (Goiás), Angra dos Reis, Petrópolis e Niterói (Rio de Janeiro) até deixar o núcleo familiar, em 1859, para morar em São Paulo, onde realiza o preparatório para a Academia de Direito.
Estreia como poeta em periódicos, sendo considerado sucessor de Álvares de Azevedo (1831-1852) por alguns grupos de acadêmicos boêmios que integra. Em 1861, escreve contos para o Correio Paulistano. No mesmo ano, sai seu primeiro volume de poesia, Noturnas, ao qual se seguem O Estandarte Auriverde (1863), Vozes d’América (1864) e Cantos e Fantasias (1865), publicações insuficientes para sanar suas dificuldades financeiras.
Em 1865, enquanto cursa o terceiro ano de direito no Recife, recebe notícia da morte da esposa, Alice Guilhermina Luande (dois anos após a perda prematura do filho) e volta a São Paulo. Em 1866, desiste da formação e volta a Rio Claro. Em 1869, publica, Cantos Meridionais e Cantos do Ermo e da Cidade. Deixa, manuscritos como O Evangelho nas Selvas e Diário de Lázaro.
Análise
A obra poética de Fagundes Varela discorre sobre os mais diversos temas cultivados ao longo do romantismo brasileiro: o nacionalismo (nos poemas de O Estandarte Auriverde, por exemplo); o bucolismo, às vezes com oposição entre campo e cidade (O Sabiá, A Roça); o pessimismo (Desengano); a preocupação social (O Escravo); e a religiosidade (Cantos Religiosos); entre outros.
Tal diversidade desfavorece o consenso da crítica literária quanto ao traço mais marcante dessa produção. Assim, se Sílvio Romero (1851-1914) destaca a “morbidez inconsciente e irresistível”, Edgard Cavalheiro (1911-1958) ressalta a descrição da natureza e Antonio Candido (1918-2017) vê no acentuado “lirismo social” um motivo para preferir situar Varela na terceira geração romântica, e não na segunda (individualista, de assinalado desajuste entre sujeito e meio social), na qual o poeta figura na maioria dos manuais de literatura.
A crítica também debate a imitação de certas composições de antecessores como Gonçalves Dias (1823-1864) e o britânico Lord Byron (1788-1824). As posições vão desde a condenação da emulação como obstáculo à originalidade por José Veríssimo (1857-1916) até a defesa do poeta, por Péricles Eugênio da Silva Ramos (1919-1992). Entre o senso comum, no entanto, está o reconhecimento da cadência dos versos de Varela, nas várias métricas de que se serve, como uma das maiores expressões da musicalidade do verso romântico. E, também, a eleição de Cântico do Calvário, composição dedicada ao primeiro filho morto, como um dos mais belos poemas da literatura brasileira.
Seus contos, em parte de caráter misterioso, se limitam a menos de uma dezena e da sua dramaturgia resta o manuscrito A Morte do Capitão-Mor, guardado na Academia Brasileira de Letras (ABL).
Obras 2
Exposições 4
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20/3/1997 - 10/4/1997
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29/8/1997 - 19/9/1997
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10/9/1997 - 3/10/1997
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25/9/1997 - 14/10/1997
Fontes de pesquisa 23
- AZEVEDO, Vicente de Paulo Vicente de. A vida atormentada de Fagundes Varella. São Paulo: Martins, 1966.
- BARROS, Frederico Pessoa de. Poesia e vida de Fagundes Varela. São Paulo: Editora das Américas, 1965.
- CAVALHEIRO, Edgard. Fagundes Varela. São Paulo: Martins, [1940?].
- CAVALHEIRO, Edgard. Fagundes Varela: o cantor da natureza. São Paulo: Melhoramentos, [1953].
- GUERRA, Álvaro (org.). Fagundes Varela. São Paulo: Melhoramentos, [1923].
- LIMA, Israel Souza. Biobibliografia dos patronos: Fagundes Varela e França Júnior. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras, 2003.
- RAMOS, Péricles Eugênio da Silva. Introdução. In: VARELA, Fagundes. Poemas de Fagundes Varela. São Paulo: Cultrix, 1982. p. 9-36.
- ROMERO, Sylvio. Evolução do lirismo brasileiro. Recife: F. B. Edelbrock, 1905. p. 80-94.
- SECCHIN, Antonio Carlos. Poemas de oito faces. In: VARELA, Fagundes. Melhores poemas: Fagundes Varela. São Paulo: Global, 2005. p. 7-22.
- TÁVORA, Franklin. Estudo crítico. In: VARELLA, L. N. Fagundes. Diário de Lázaro. Rio de Janeiro: Typographia Nacional, 1880. p. V-LXVIII [XLVII].
- VARELA, Fagundes. Fagundes Varela: poesia. Rio de Janeiro: Agir, 1957.
- VARELA, Luís Nicolau Fagundes. Poesias completas de L. N. Fagundes Varela. v. 1. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1957.
- VARELLA, Fagundes. Dispersos. São Paulo: Conselho Estadual de Cultura, 1970.
- VARELLA, L. N. Fagundes; VARELLA, Ernestina Fagundes. Cantos religiosos. Rio de Janeiro: Eduardo & Henrique Laemmert, 1878.
- VARELLA, Luiz N. Fagundes. Anchieta ou o evangelho nas selvas. Rio de Janeiro: Livraria Imperial de E. G. Possollo, 1875.
- VARELLA, Luiz N. Fagundes. Cantos do ermo e da cidade. 2 ed. Rio de Janeiro: B. L. Garnier, 1880.
- VARELLA, Luiz N. Fagundes. Cantos e fantasias. São Paulo: Garraux: De Lailhacar e Cia, 1865.
- VARELLA, Luiz N. Fagundes. Cantos meridionais. Rio de Janeiro: Eduardo & Henrique Laemmert, 1869.
- VARELLA, Luiz N. Fagundes. Diário de Lázaro. Rio de Janeiro: Typographia Nacional, 1880.
- VARELLA, Luiz N. Fagundes. O estandarte auriverde: cantos sobre a questão anglo-brasileira. São Paulo: Typ. Imparcial, de J. R. de A. Marques, 1863.
- VARELLA, Luiz N. Fagundes. Obras completas de L. N. Fagundes Varella. v.1-3. Rio de Janeiro: B. L. Garnier, 1886.
- VARELLA, Luiz N. Fagundes. Vozes d’América. São Paulo: Typ. Imparcial de J. R. de Azevedo Marques, 1864.
- VILALVA, Mario. Fagundes Varella (sua vida, sua obras, sua glória). Rio de Janeiro: Empreza Graphica Editora, 1931.
Como citar
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FAGUNDES Varela.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa2870/fagundes-varela. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7