Claudio Corrêa e Castro
Texto
Biografia
Cláudio Luiz Murgel Corrêa e Castro (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1928 - Niterói, Rio de Janeiro, 2005). Ator e diretor. Protagonista da montagem de Galileu Galilei, de Bertolt Brecht, 1968, pelo Teatro Oficina, constrói uma difícil combinação entre o distanciamento brechtiano e a empatia do ator com o personagem. Em Curitiba, participa da fundação do Teatro de Comédia do Paraná, onde dirige cerca de 22 espetáculos.
Forma-se em pintura pela Escola Nacional de Belas Artes, Enba, e em direção pela Fundação Brasileira de Teatro, FBT. Logo na sua estréia, em 1954, no grupo amador O Tablado, chama a atenção para a sua presença e a clareza das intenções interpretativas, fazendo a personagem do contra-regra de Nossa Cidade, de Thornton Wilder, com direção de João Bethencourt. Em 1955, já desempenha um papel-título de peso, o de Tio Vânia, de Anton Tchekhov. A convite do seu professor de direção, Adolfo Celi, profissionaliza-se em 1956, integrando o elenco fixo da Companhia Tônia-Celi-Autran, CTCA, em que estréia fazendo Ludovico e Brabâncio em Otelo, de William Shakespeare. Durante dois anos atua nos espetáculos da companhia e é assistente de Celi em Um Deus Dormiu Lá em Casa, de Guilherme Figueiredo, 1957. No ano seguinte, troca a CTCA pelo elenco do Teatro da Praça, onde atua em O Chapéu de Palha de Itália, de Labiche; A Fábula de Brooklyn, de Irwin Shaw, ambos com direção de Geraldo Queirós; e em Os Fuzis da Sra. Carrar, de Bertolt Brecht, encenação de José Renato, arrebatando o Prêmio Associação Brasileira de Críticos Teatrais, ABCT, de melhor ator de 1958.
No ano seguinte, atua en três produções do Teatro dos Sete: Festival de Comédia, com textos de Molière, Cervantes e Martins Pena; O Homem, a Besta e a Virtude, de Luigi Pirandello, ambos com direção de Gianni Ratto; e O Beijo no Asfalto, de Nelson Rodrigues, única direção de Fernando Torres para a companhia.
Em 1963, muda-se para Curitiba, para participar da criação do Teatro Comédia do Paraná, TCP, e do Curso Permanente de Teatro da Fundação Guaíra. Sua contribuição, até 1968, para a organização e o fortalecimento dessas duas entidades interdependentes é fundamental, e ele próprio a considera como a etapa mais importante da sua carreira. Durante os seis anos que fica em Curitiba, dirige 22 espetáculos, os mais importantes para o TCP, tais como A Megera Domada, de William Shakespeare, 1964; Schweyk na Segunda Guerra Mundial, de Bertolt Brecht, 1968; e atua em outros espetáculos do TCP, como Escola de Mulheres, de Molière, 1966; e Tio Vânia, de Anton Tchekhov. Interrompe provisoriamente seu trabalho no Paraná em 1966, para ser, no Rio de Janeiro, assistente de direção de Ziembinski e fazer um papel em Os Físicos, de Dürrenmatt, uma produção de Oscar Ornstein.
Em 1968, chamado por José Celso Martinez Corrêa, vai a São Paulo para fazer o papel-título na montagem de Galileu Galilei, de Bertolt Brecht, produzida pelo Teatro Oficina. Seu desempenho acaba sendo um dos esteios do espetáculo: uma interpretação perpassada de humor e malícia, revelando assimilação intelectual do complexo pensamento da personagem. Depois de Galileu não continua no Oficina, mas permanece alguns anos em São Paulo, atuando em vários espetáculos, entre eles dois no Teatro Popular do Sesi, TPS, sob a direção de Osmar Rodrigues Cruz: Caiu o Ministério, de França Jr., 1973; e, no ano seguinte, Leonor de Mendonça, de Gonçalves Dias, 1974. Integra o elenco de A Noite dos Campeões, de Jason Miller, dirigido por Cecil Thiré, em 1976; e trabalha com o diretor Celso Nunes em Computa, Computador, Computa, de Millôr Fernandes, em 1977.
De volta para o Rio de Janeiro, dedica-se predominantemente à televisão. No teatro, alterna participações em montagens comerciais, nas quais faz valer o seu comunicativo instinto cômico, com alguns desempenhos em que pode mostrar a variedade dos seus recursos, a segurança do seu ofício e a sua criatividade de intérprete consciente, como acontece em Os Órfãos de Jânio, de Millôr Fernandes, numa direção de Sergio Britto para o Teatro dos Quatro, 1980, em que faz um jornalista cético; e em O Manifesto, de Brian Clark, encenação de José Possi Neto, 1987, onde compõe, com contundente espírito crítico, um velho oficial inglês reformado. Ressurge em 1995, atuando em A Luz da Lua, de Harold Pinter, com direção de Ítalo Rossi.
Sobre Cláudio Corrêa e Castro, o crítico Yan Michalski observa: "Mesmo como ator, a irregularidade da sua trajetória nos anos 70 e 80 demonstra a exigüidade de espaços, no mercado de trabalho brasileiro, para profissionais, ainda que indiscutivelmente talentosos, que chegam à idade madura sem poderem autoproduzir-se e sem terem um tipo físico correspondente ao padrão imposto ao gosto do grande público pela televisão".1
Notas
1. MICHALSKI, Yan. Cláudio Corrêa e Castro. In: ___________. PEQUENA Enciclopédia do Teatro Brasileiro Contemporâneo. Material inédito, elaborado em projeto para o CNPq. Rio de Janeiro, 1989.
Espetáculos 67
Exposições 2
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18/2/1954 - 27/2/1954
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25/5/2017 - 13/8/2017
Fontes de pesquisa 13
- ALBUQUERQUE, Johana. Cláudio Corrêa e Castro (ficha curricular). In: __________. ENCICLOPÉDIA do Teatro Brasileiro Contemporâneo. Material elaborado em projeto de pesquisa para a Fundação Vitae. São Paulo, 2000.
- ALMEIDA, Maria Inez Barros de. Panorama Visto do Rio: Companhia Tônia-Celi-Autran. Rio de Janeiro: Inacen, 1987.
- BRANDÃO, Tania. A máquina de repetir e a fábrica de estrelas: Teatro dos Sete. Rio de Janeiro: 7Letras : Faperj, 2002.
- EICHBAUER, Hélio. [Currículo]. Enviado pelo artista em: 24 abr. 2011.
- GALILEU Galilei. São Paulo: Teatro Oficina Uzyna Uzona, [1968]. 1 programa do espetáculo realizado no Teatro Oficina.
- MICHALSKI, Yan. Cláudio Corrêa e Castro. In: ___________. PEQUENA Enciclopédia do Teatro Brasileiro Contemporâneo. Material inédito, elaborado em projeto para o CNPq. Rio de Janeiro, 1989.
- Programa do Espetáculo - A Nonna - 1980.
- Programa do Espetáculo - Abelardo e Heloisa - 1971.
- Programa do Espetáculo - Boca Molhada de Paixão Calada - 1984.
- Programa do Espetáculo - Leonor de Mendonça - 1974.
- Programa do Espetáculo - Pequenos Assassinatos - 1972.
- SILVA, Beatriz Coelho. Morre Claúdio Corrêa e Castro, 77 anos, 56 personagens na TV. O Estado de S. Paulo. São Paulo, 17 de ago. de 2005. 1º Caderno, p. 19.
- SUSSEKIND, Flora (Org.). O Tablado. Dionysos, Rio de Janeiro, n. 27, 1986. Edição especial.
Como citar
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CLAUDIO Corrêa e Castro.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa274813/claudio-correa-e-castro. Acesso em: 03 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7