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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Nina Matos

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 21.11.2022
Reprodução fotográfica Amilcar Packer

Sine Die, 2005
Nina Matos
Técnica mista sobre tela
80,00 cm x 60,00 cm

Antonina Maria de Nazaré Dias Matos (Abaetetuba, Pará, ????). Artista visual, gestora cultural, curadora. Trabalha sobretudo com pintura, a partir da apropriação e ressignificação de imagens pré-existentes, e com construções digitais, sobre as quais realiza intervenções pictóricas, pontuando questões sociopolíticas relacionadas a identidade, con...

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Antonina Maria de Nazaré Dias Matos (Abaetetuba, Pará, ????). Artista visual, gestora cultural, curadora. Trabalha sobretudo com pintura, a partir da apropriação e ressignificação de imagens pré-existentes, e com construções digitais, sobre as quais realiza intervenções pictóricas, pontuando questões sociopolíticas relacionadas a identidade, condição humana e crítica social. 

Graduada em Artes Plásticas pela Universidade Federal do Pará (UFPA), inicia carreira artística em 1990, ao inscrever três obras – Pintura I, Pintura II e Pintura III – no 9º Salão Arte Pará (Belém), no qual recebe o Prêmio Aquisição. Em seguida, como resultado de sua investigação da produção pictórica, realiza primeira individual, intitulada Pinturas (1991). Com isso, o retrato passa a ser um gênero frequente em seus trabalhos, construindo narrativas para apresentar decodificações de relações humanas, induzindo o espectador a desvendar o universo íntimo dos personagens representados. 

Além da atuação como artista, trabalha na gestão cultural de instituições paraenses. De 2002 a 2005, dirige o Museu de Arte de Belém (Mabe), em Belém do Pará, e, em seguida, é contemplada com uma bolsa de estudo do Ministério da Cultura da Espanha para cursar arte em Madri. Quando volta ao Brasil, em 2006, é selecionada para o Projeto Rumos Itaú Cultural Artes Visuais, com a obra Paradoxos Brasil (2005-2006). 

No retorno de Madri, assume a gestão do Museu Casa das Onze Janelas, em Belém, com um projeto de ampliação de seu acervo por meio de aquisições e difusão do mesmo a partir de exposições, publicações, oficinas, palestras e ações educativas. Durante sua gestão, de 2007 a 2010, institui o Prêmio SIM de Artes Visuais, que busca promover o fomento da produção artística nacional por meio de recursos financeiros para a execução de projetos culturais, como a inserção de artistas nos espaços expositivos do Sistema Integrado de Museus. Um dos feitos emblemáticos desse projeto é a Formação da Coleção Luiz Braga, vencedor do Prêmio de Artes Plásticas Marcantonio Vilaça/Funarte (2009), com colaboração do curador e crítico de arte Paulo Herkenhoff (1949), cuja mediação proporciona à instituição relevantes doações de obras de arte ao seu acervo. Com o fim de sua gestão no museu paraense, com 548 novas aquisições, Nina Matos integra, de 2011 a 2014, o Conselho Nacional de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura (Minc), na titularidade da cadeira de Artes Visuais. Em seguida, passa a chefiar a Divisão de Curadoria e Montagem do Museu de Arte de Belém.

Conciliando a atuação de gestora e artista, realiza em 2018 a individual ID entidades, exposição que marca a maturidade de sua carreira como artista plástica. Nessa mostra, mergulha no universo do retrato, por meio de registros fotográficos familiares e advindos de iconografia histórica, para produzir pinturas e obras digitais. Na série Glorious Jungle (2018), colagens digitais ressignificam fotografias da obra Álbum da festa das creanças. Descripções e photographias. Estado do Pará (1905), da seção de Obras Raras da Biblioteca Pública Arthur Vianna, em Belém. Trabalhando com registros raros de um desfile escolar do início do século XX na capital paraense, com um grupo social de crianças da população amazônica que, pelas condições cultural, social, histórica e econômica, não tinha acesso ao gênero do retrato. Consciente de que aqueles possivelmente são os únicos retratos para os quais aquelas crianças posaram na vida, a artista estabelece conexões para inserir as personagens periféricas em cenários de passados pretensamente gloriosos e míticos. A série aborda criticamente um lugar amazônico, aludindo às contradições de uma sociedade que forja simulacros de modernidade e aristocracia quando vive a opulência e o revés econômico gomífero durante o ciclo da borracha.

Integra ainda essa exposição emblemática a série Tributo: alegorias, espiritualidade e posteridade, que denuncia o apagamento identitário e cultural dos indígenas no Brasil. Trata-se de um conjunto de retratos manipulados digitalmente, que a artista inicia no âmbito da atividade institucional de pesquisa para curadorias de caráter artístico e histórico, com foco em situações de apagamentos culturais criminosos. As obras dessa série, impressas em diferentes suportes, partem de iconografia e bibliografia histórica apropriadas, operando uma crítica social sobre a construção de representações oficiais e o significado dessas construções. A manipulação digital escancara seu olhar sobre questões de identidade, dissolução de culturas, violência física e espiritual e imposição de padrões comportamentais aos povos tradicionais, assim como sobre outras populações marginalizadas.

Um desdobramento da série ganha formato audiovisual em Sangue do Brasil (2021), exibido em formato on-line na edição de 2021 do Arte Pará. A obra trata dos assassinatos de lideranças indígenas ocorridos em 2019, 2020 e 2021. Assim como na série Tributo, iniciada em 2017, as questões do apagamento cultural, crimes e extermínio – determinados sobretudo por interesses econômicos, perpetrados pela sociedade brasileira contra os indígenas – caminham junto, na pesquisa da artista, com uma busca por reverenciar os saberes e respeitar a integridade e as práticas culturais dos povos indígenas.

Nina Matos tem importante trabalho seja como artista que estabelece conexões entre passado e presente, criando imaginários em suas composições, seja por sua atuação determinante para o fortalecimento das instituições culturais de Belém como gestora e curadora.

Obras 1

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Reprodução fotográfica Amilcar Packer

Sine Die

Técnica mista sobre tela

Exposições 31

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Fontes de pesquisa 7

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