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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Marc Ferrez

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 30.01.2024
07.12.1843 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
12.01.1923 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Reprodução fotográfica César Barreto/Itaú Cultural

Praia de Copacabana, 1895
Marc Ferrez
Albúmen
Coleção Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - Doação White Martins

Marc Ferrez (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1843 - idem, 1923). Fotógrafo. Um dos pioneiros da fotografia no Brasil, Marc Ferrez tem registros importantes de paisagens naturais e povos indígenas dos últimos anos do Império e do processo de modernização do país.

Texto

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Marc Ferrez (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1843 - idem, 1923). Fotógrafo. Um dos pioneiros da fotografia no Brasil, Marc Ferrez tem registros importantes de paisagens naturais e povos indígenas dos últimos anos do Império e do processo de modernização do país.

Filho de Zepherin Ferrez (1797-1851) e sobrinho de Marc Ferrez (1788-1850), escultores franceses que integram a Missão Artística Francesa, fica órfão aos 7 anos de idade. Em 1851, viaja para Paris e reside com o escultor Alphée Dubois (1831-1905). Ao longo de sua estada na capital francesa, o país passa por intensas transformações urbanas e políticas, e Paris torna-se referência de modernidade. Em 1855 a cidade promove sua 1ª Exposição Universal, na qual a fotografia ganha seção especial, sendo apresentada ao grande público pela primeira vez.

Retorna ao Rio de Janeiro em 1859 e trabalha na Casa Leuzinger, estabelecimento fotográfico de propriedade de George Leuzinger (1813-1892), cujos serviços oferecidos são um misto de tipografia, papelaria, oficina de encadernação e douração, ateliê de fotografia e ponto de revenda de gravuras e material fotográfico. Em 1860, conhece o engenheiro alemão Franz Keller-Leuzinger (1835-1890),  responsável por apresentar a Ferrez técnicas fotográficas e ampliar seu repertório de conhecimento artístico e científico. 

Inaugura, em 1867, a Casa Marc Ferrez & Cia., oferecendo serviços de fotografia e imagens do Rio de Janeiro. Em 1870, é contratado pela Marinha Imperial para fotografar um navio, e cria um equipamento específico, capaz de contornar a movimentação das ondas para alinhar o enquadramento da fotografia com o horizonte. Essas fotos lhe garantem o título de Photographo da Marinha Imperial, outorgado pelo imperador dom Pedro II (1825-1891). Trabalhando sob encomenda ou de forma espontânea, produz retratos, imagens de paisagens e registros de festejos públicos ligados sobretudo à família real. 

Após perder seus equipamentos e acervo em um incêndio na sua oficina em 1873, Ferrez vai a Paris para comprar novas máquinas e recomeçar a atividade profissional. Em 1875, é convidado a participar como fotógrafo da Comissão Geológica do Império, chefiada por Charles Frederick Hartt (1840-1878). Com a expedição, percorre os atuais estados da Bahia, Pernambuco, Alagoas e parte da região amazônica. Na Bahia, realiza imagens inéditas de indígenas dos povos botocudos. 

A preferência por horizontes longínquos, perspectivas altas ou em plongée, planos demarcados e luzes contrastantes e a busca do elemento pitoresco e particular da paisagem revelam certa filiação romântica, num possível diálogo com pintores acadêmicos da época, como o francês Félix Taunay (1795-1881) e o italiano Facchinetti (1824-1900). Esse traço romântico em Ferrez ganha forma no modo de retratar a natureza, com caráter monumental e encantador, convidando à contemplação que, segundo a historiadora Maria Inez Turazzi, indica a possibilidade de "relação harmoniosa entre o homem e a natureza".

Em 1880,  idealiza a confecção de uma máquina fotográfica capaz de executar imagens panorâmicas em grandes dimensões e encomenda ao francês M. Brandon. Ferrez é agraciado com o grande prêmio da Exposição da Indústria pelo engenho na criação do aparelho. 

Além das composições paisagísticas, sobressaem na produção do fotógrafo os registros documentais de obras públicas, como a construção da Estrada de Ferro do Paraná. Ferrez também produz imagens do cotidiano da família real ao longo dos anos de 1880, os últimos do Império. Ainda nessa década, volta a percorrer o território nacional e fotografa povos indígenas em Goiás e Mato Grosso. 

Ferrez desempenha papel importante na cobertura de eventos de grande importância histórica, como o registro dos danos em instalações da Marinha provocados pela Revolta da Armada, nos primeiros anos da República. Também é atento observador das modificações urbanas do Rio de Janeiro. A partir de 1903, realiza a documentação completa das obras de construção da Avenida Central (atual Avenida Rio Branco), marco da reurbanização da capital. Esse trabalho é publicado por volta de 1907 no álbum  Avenida Central: 8 de Março de 1903 - 15 Novembro de 1906

A ampla difusão de sua obra se dá, definitivamente, quando suas vistas do Rio de Janeiro são impressas, entre 1890 e 1900, nas notas de 2 mil e 100 mil réis.

Em 1905, a Casa Ferrez & Filhos passa a ser a representante exclusiva da firma francesa Pathé Frères e torna-se fornecedora da maioria dos cinematógrafos da cidade. Além das inovações no campo da técnica fotográfica, Ferrez auxilia na difusão do cinema no Brasil, inaugurando em 1907 a terceira sala da capital, e introduz no país as chapas fotográficas coloridas (autochrome), desenvolvidas pelos irmãos Lumière, atuando também na distribuição dos filmes dos cineastas franceses. Em 1915, vai a Paris para estudar a fotografia em cores e retorna ao Rio de Janeiro no início da década de 1920.

Ao mesmo tempo perspicaz observador e engenhoso inventor, Marc Ferrez registra importantes momentos da história brasileira e aprimora a técnica da fotografia. Suas imagens estão entre os principais documentos visuais do Brasil da segunda metade do século XIX e começo do XX, retratando tanto a população nativa e as paisagens naturais como as transformações políticas e a modernização do país, sobretudo do Rio de Janeiro.

Obras 20

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Reprodução fotográfica César Barreto/Itaú Cultural

Imbituba

Albúmen

Exposições 92

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Fontes de pesquisa 30

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  • A FOTOGRAFIA no Brasil do século XIX: 150 anos do fotógrafo Marc Ferrez 1843/1993. Curadoria e textos de Pedro Karp Vasquez e Gilberto Ferrez. São Paulo: Pinacoteca do Estado, 1993.
  • AZEVEDO, Militão Augusto de. Álbum comparativo da cidade de São Paulo 1862-1887. São Paulo: Secretaria Municipal de Cultura, 1981.
  • AZEVEDO, Militão Augusto de. Álbum comparativo da cidade de São Paulo 1862-1887. São Paulo: Secretaria Municipal de Cultura, 1981.
  • BILLETER, Erika. Canto a la realidad: fotografía latinoamericana: 1860-1993. Barcelona: Lunwerg Ed.; Madrid: Casa de América, 1993.
  • BILLETER, Erika. Fotografie Lateinamerika von 1860 bis heute. Berna: Benteli, 1981.
  • COUTO, Ronaldo Graça (coord.). A marinha por Marc Ferrez: 1880-1910. Texto Gilberto Ferrez, Pedro Karp Vasquez, Max Justo Guedes. Rio de Janeiro: Index: Verolme, 1986. Não paginado.
  • FABIAN, Rainer; ADAM, Hans-Christian. Master of early travel photography. Londres: Thames and Hudson, 1983.
  • FABRIS, Annateresa (org.). Fotografia: usos e funções no século XIX. São Paulo: Edusp, 1991. (Coleção texto & arte, 3).
  • FERREIRA, Orlando da Costa. Imagem e letra: introdução à bibliologia brasileira: a imagem gravada. Apresentação José Laurenio de Melo. São Paulo: EDUSP, 1994. 512 p. (Texto & arte, 10).
  • FERREZ, Gilberto. A fotografia no Brasil: 1840- 1900. Prefácio Pedro Karp Vasquez. 2. ed. Rio de Janeiro: Funarte, 1985. 248 p. (História da fotografia no Brasil, 1).
  • FERREZ, Gilberto. Bahia: velhas fotografias 1858/1900. 2. ed. Rio de Janeiro: Kosmos, 1999.
  • FERREZ, Gilberto. O rio antigo do fotógrafo Marc Ferrez: paisagens e tipos humanos do Rio de Janeiro 1865-1918. Rio de Janeiro: Ex-Libris: João Fortes Engenharia, 1984.
  • FERREZ, Gilberto. Velhas fotografias pernambucanas: 1851-1890. 2. ed. Rio de Janeiro: Campo Visual, 1988.
  • FERREZ, Marc. O Álbum da Avenida Central: um documento fotográfico da construção da Avenida Rio Branco, Rio de Janeiro, 1903-1906. Rio de Janeiro: João Fortes Engenharia, 1982. 194 p., il. color.
  • HOFFENBERG, H. L. Nineteenth-century South America in photographs. New York: Dover Publications, 1982. 152 p.
  • KOSSOY, Boris. Dicionário histórico-fotográfico brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil (1833-1910). São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002.
  • KOSSOY, Boris. Origens e expansão da fotografia no Brasil: século XIX. Prefácio Boris Kossoy. Rio de Janeiro: Funarte, 1980. 128 p.
  • KOSSOY, Boris; CARNEIRO, Maria Luiza Tucci. O olhar europeu: o negro na iconografia brasileira do século XIX. São Paulo: Edusp, 1994. 240 p.
  • MARÇAL, Joaquim (org.). A coleção do imperador: fotografia brasileira e estrangeira no século XIX. Rio de Janeiro: Centro Cultural Banco do Brasil, 1997. 71 p.
  • MARÇAL, Joaquim (org.). A coleção do imperador: fotografia brasileira e estrangeira no século XIX. Rio de Janeiro: Centro Cultural Banco do Brasil, 1997. 71 p.
  • Marc Ferrez: apresentação. Instituto Moreira Salles. Rio de Janeiro: Instituto Moreira Salles. Disponível em https://ims.com.br/2017/08/28/sobre-marc-ferrez/. Acesso em: 11 jun. 2021.
  • ROSENBLUM, Naomi. A world history of photography. Edição Walton Rawls. New York: Abbeville Press, 1989. 672 p.
  • TELLES, Augusto Carlos da Silva, VASQUEZ, Pedro Karp. Rio de Janeiro 1862-1927: (Suplemento) : photographic album of the city´s growth. Prefácio Zuenir Ventura; fotografia Sérgio Burgi. São Paulo: Instituto Moreira Salles, 1999. 47p. il., foto. color.
  • TELLES, Augusto Carlos da Silva. Rio de Janeiro 1862-1927: álbum fotográfico da formação da cidade. São Paulo: Instituto Moreira Salles, 1999.
  • TURAZZI, Maria Inez. Marc Ferrez. Apresentação Pedro Henrique Mariani. São Paulo: Cosac & Naify, 2000. 126 p., il. p&b. (Espaços da Arte Brasileira).
  • TURAZZI, Maria Inez. Poses e trejeitos: a fotografia e as exposições na era do espetáculo: 1839/1889. Rio de Janeiro: Funarte. Rocco, 1995. 309 p. (Coleção Luz & Reflexão, 4).
  • VASQUEZ, Pedro Karp. Fotógrafos pioneiros no Rio de Janeiro: Victor Frond, George Leuzinger, Marc Ferrez e Juan Gutierrez. Tradução Elizabeth Station. Rio de Janeiro: Dazibao, 1990. 120 p., 40 il. p&b. (Antologia fotográfica, 3).
  • VASQUEZ, Pedro Karp. Mestres da fotografia no Brasil: Coleção Gilberto Ferrez. Tradução Bill Gallagher. Rio de Janeiro: Centro Cultural Banco do Brasil, 1995.
  • VASQUEZ, Pedro. Fotografia: reflexos e reflexões. Porto Alegre: L&PM, 1986. 112 p. (Universidade livre).
  • VASQUEZ, Pedro. Niterói e a fotografia: 1858-1958. Prefácio Luiz Antonio de Farias Mello; apresentação João Sampaio. Niterói: FUNARTE, 1994. 151p.

Como citar

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