Cristina Freire
Texto
Maria Cristina Machado Freire (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1961). Curadora, pesquisadora, crítica de arte e professora universitária. Um dos nomes importantes da pesquisa em arte conceitual brasileira das décadas de 1960 e 1970, dedica-se aos estudos nas áreas de museus de arte, relações entre arte e cidade e arte e agroecologia.
É mestre em Psicologia Social pela Universidade de São Paulo (USP), com a dissertação Olhar passageiro: percepção e arte contemporânea na Bienal de São Paulo (1986-1990). Realiza outro mestrado, pelo programa Museums and Galleries Management, dessa vez pela The City University, em Londres, com bolsa do British Council e sob o tema Beyond The Art of Exhibition (1995-1996). É doutora em Psicologia Social pela USP (1991-1995) com tese defendida sobre memória e percepção dos sujeitos com relação aos monumentos da cidade a partir da análise do monumento a Ramos de Azevedo e do prédio do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp). A tese foi posteriormente publicada como livro intitulado Além dos mapas: os monumentos no imaginário urbano contemporâneo (1997). É livre-docente pela USP com a pesquisa Ritos profanos: museus de arte na era do espetáculo (2003). Ainda como uma de suas atividades acadêmicas, realiza, durante o ano de 2019, pesquisas como professora visitante no Programa de Estudos da América Latina da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos. Entre os anos 1990 e 2003, atua como professora titular e curadora do Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP e orienta pesquisas de mestrado e doutorado no Programa de Pós-Graduação Interunidades em Estética e História da Arte da USP.
Dentre suas publicações,destaca-se Poéticas do processo: arte conceitual no museu (1999), livro que se debruçar sobre a arte chamada “desmaterializada” que compõe a coleção permanente do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP). Nesse trabalho, vale-se de obras de artistas como Regina Silveira (1939), Julio Plaza (1938-2003), Artur Barrio (1945). Publica Arte conceitual (2006), trabalho que versa sobre a produção artística dos anos 1960 e 1970 que questiona a ideia de arte e seus sistemas de legitimação. O livro Conceitualismos do Sul (2009), organizado ao lado da pesquisadora argentina Ana Longoni (1967), é resultado do seminário homônimo promovido pelo MAC-USP em 2009. Esse trabalho propõe a ampliação do debate sobre a produção artística das décadas de 1960 e 1970 para uma crítica de arte não-hegemônica, sugerindo outros olhares para as obras do período. Outra publicação relevante é Walter Zanini: escrituras críticas (2013), obra aglutinadora das reflexões do crítico de arte e curador brasileiro Walter Zanini (1925-2013) sobre as instituições museológicas e a arte contemporânea.
Desenvolve pesquisas relevantes para o entendimento da arte contemporânea, elaborando conexões entre as práticas artísticas em um contexto anterior à era digital e à arte contemporânea brasileira, com base nas obras da coleção do MAC-USP das décadas de 1960 e 1970. Investiga também do acervo daquele museu as obras de arte conceitual de artistas do Leste Europeu que chegaram ao Brasil durante a ditadura civil-militar (1964-1985) e dos regimes ditatoriais de esquerda nos países daquela região. Além disso, pesquisa arte conceitual e prática museológica que desafia os procedimentos tradicionais de documentação, catalogação e exibição. Incentiva estudos sobre a arte conceitual no MAC-USP, coordenando o Grupo de Estudos em Arte Conceitual e Conceitualismos no Museu (GEACC).
Realiza diversas exposições durante sua gestão como professora-curadora do MAC-USP, ressaltando que as mostras são uma maneira de extroversão de uma coleção. Para Cristina Freire, o trabalho de curadoria em um museu universitário envolve diferentes etapas, como conservação do acervo, catalogação, pesquisa, documentação, ensino, entre outras atividades. Destaca-se as exposições Arte conceitual e conceitualismos: anos 70 no acervo do MAC-USP (2000), cujo estudo partiu de um projeto de pesquisa sobre a relevância do acervo de arte conceitual do museu e o desafio de expor essas obras que, muitas vezes, são efêmeras ou exprimem um processo de execução, como livros de artista, arte postal, fotografias, levando em conta as estratégias utilizadas pelos artistas durante a produção dessas obras. A exposição Ars Brevis (2007), sobre o artista multimídia Paulo Bruscky (1949), traz obras produzidas desde a década de 1960. Por um museu público: tributo a Walter Zanini (2014) apresenta mais de 250 obras de artistas como Flávio de Carvalho, Cildo Meireles, Tarsila do Amaral e documentação extensa sobre as proposições de Zanini para um museu de arte contemporânea aberto e inclusivo. Dentre outras atividades, Cristina Freire desenvolve trabalho como cocuradora da 27ª Bienal de São Paulo (2006), Como viver junto, com curadoria geral da crítica de arte e curadora Lisette Lagnado (1961).
A atuação de Cristina Freire como pesquisadora, curadora e professora evidencia o entrelaçamento entre curadoria e docência, partindo sempre do acervo da instituição para intervenções, sejam exposições, seminários ou publicações. Freire trabalha também para que as exposições dialoguem com outras instituições internacionais, sobretudo com as da América Latina, considerando o Sul como norte das ações e proposições. Arte conceitual, suas pesquisas e desdobramentos estão entre uma de suas temáticas de pesquisa, aliando-se a outros estudos sobre arte contemporânea e instituições museológicas.
Exposições 19
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16/4/1999 - 28/5/1999
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26/6/2000 - 20/8/2000
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26/6/2000 - 20/8/2000
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19/10/2001 - 21/12/2001
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12/5/2002 - 7/7/2002
Fontes de pesquisa 7
- ARAUJO, Renan. Entrevista Cristina Freire. Capacete, 2013. Disponível em: http://www.renanaraujo.com/entrevista-cristina-freire.html. Acesso em: 21 jul. 2021.
- FEIRE, Cristina. Por um museu público – Tributo a Walter Zanini. MAC-USP. Disponível em: http://www.mac.usp.br/mac/EXPOSI%C7OES/2013/zanini/home.htm. Acesso em: 21 jul. 2021.
- FEIRE, Cristina. Poéticas do processo: arte conceitual no museu. São Paulo: Iluminuras, 1999. Disponível em: https://www.academia.edu/28159005/Po%C3%A9ticas_do_Processo_arte_conceitual_no_museu_1_ed_S%C3%A3o_Paulo_Iluminuras_1999_197p. Acesso em: 21 jul. 2021.
- FREIRE, Cristina. (Quase) efêmera arte : registros de ações, performances, situações. Campinas, 2001 (Texto para catálogo de exposição). Disponível em: https://www.academia.edu/29596792/FREIRE_M_C_M_Quase_ef%C3%AAmera_arte_registros_de_a%C3%A7%C3%B5es_performances_situa%C3%A7%C3%B5es_Campinas_2001_Texto_para_cat%C3%A1logo_de_exposi%C3%A7%C3%A3o_. Acesso em: 21 jul. 2021.
- FREIRE, Cristina. Sobre exposições: conceitualismos em mostras no MAC-USP (2000-2015). São Paulo: Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, 2019. Disponível em: http://www.livrosabertos.sibi.usp.br/portaldelivrosUSP/catalog/download/357/318/1313-1?inline=1. Acesso em: 21 jul. 2021.
- GRUPO DE ESTUDOS em Arte Conceitual e Conceitualismos no Museu. MAC-USP. Disponível em: https://geacc.tumblr.com/. Acesso em: 21 jul. 2021.
- SEMINÁRIO INTERNACIONAL Conceitualismos do Sul / Sur no MAC USP. Canal Contemporâneo. 2008. Disponível em: https://www.canalcontemporaneo.art.br/cursoseseminarios/archives/001677.html. Acesso em: 21 jul. 2021.
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CRISTINA Freire.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa25713/cristina-freire. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7