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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Thiago Honório

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 03.04.2024
20.06.1979 Brasil / Minas Gerais / Carmo do Paranaíba
Reprodução Fotográfica Autoria Desconhecida

[Sem Título], 2000
Thiago Honório

Thiago Henrique de Souza Honório (Carmo do Paranaíba, Minas Gerais, 1979). Artista visual, professor. Trabalhos interdisciplinares e o atravessamento de distintas temporalidades é o que marca a produção do artista. Seu interesse pelo acúmulo, pela falta, pela religiosidade e pelas questões sensíveis provoca a criação de suas obras, as quais reag...

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Thiago Henrique de Souza Honório (Carmo do Paranaíba, Minas Gerais, 1979). Artista visual, professor. Trabalhos interdisciplinares e o atravessamento de distintas temporalidades é o que marca a produção do artista. Seu interesse pelo acúmulo, pela falta, pela religiosidade e pelas questões sensíveis provoca a criação de suas obras, as quais reagem ao contexto político e cultural a que estão inseridas.

É graduado em Artes Visuais pela Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), em 2000, mestre (2006) e doutor (2011) em Artes Visuais pela Universidade de São Paulo (USP), atua como professor da Faculdade Armando Álvares Penteado (FAAP) no curso de Artes Plásticas. Sua prática como artista e como educador estão entrelaçadas no fazer de suas obras e nas trocas estabelecidas com o outro.

Diante dessa rotina educacional, surge a obra Títulos (2015), a qual reúne sua prática como educador ao longo dos anos. A obra abriga 190 volumes de trabalhos de conclusão de curso, monografias, dissertações, teses e outros materiais acadêmicos que Honório foi convidado a avaliar durante dez anos. Inseridos como um trabalho escultórico na exposição homônima realizada no Paço das Artes, em São Paulo, a obra confere a visualidade e o volume do exercício de leitura do artista-professor, o qual é silencioso e solitário.

Documents (2012) é fruto de sua residência artística da FAAP na Cité des Arts, em Paris, na França. Durante sua estadia na cidade, Thiago Honório frequenta feiras, vendas de garagem e mercados das pulgas em busca de objetos cortantes de diferentes usos, procedências e temporalidades. Facas, facões, serrotes, machados, foices constituem o trabalho que encontra-se no acervo no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP). O universo laboral se faz presente na memória que esses objetos carregam, servindo como documentos de um passado.

Questões políticas e sociais também atravessam o conjunto dos trabalhos de Honório ao longo de suas duas décadas de produção como artista. Penca (2013/2016) sinaliza novamente o universo do trabalho, reunindo luvas de látex gastas usadas por diferentes profissionais, como pedreiros, pintores, médicos, empregadas domésticas, artistas, entre outros. Unidas umas às outras pelas extremidades, a obra assemelha-se a um cacho e demonstra a união entre esses fazeres tão díspares.

Realiza site-specific que integra o Projeto Parede do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP) com a instalação roçabarroca (2018/2020). A obra reveste o corredor do museu com a técnica de construção antiga pau-a-pique1 muito utilizada no período colonial brasileiro, estando presente na edificação de senzalas, residências e igrejas mineiras, como a Nossa Senhora das Mercês e Perdões, em Ouro Preto e Nossa Senhora do Ó, em Sabará. A obra de Honório presta uma homenagem a mulheres de sua família que viveram em construções dessa natureza e expõe o que, possivelmente, é escondido por trás do reboco e de construções bem acabadas. O título é emprestado do livro homônimo da poeta e tradutora Josely Vianna Baptista (1957), o qual traduz o mito poético de criação do mundo da tribo indígena mbyá-guarani do Guairá2.

O fazer artístico de Thiago Honório também é atravessado pela produção de livros-obras, como {[()]} (2016), Dulcinéia (2017) e Augusta (2017). O primeiro, entre chaves, colchetes e parênteses, é publicado pela editora independente Ikrek e reúne caixas de diferentes épocas e origens, formando um trânsito entre o que está dentro e o que se expande, está fora, entre temporalidades diferentes. O segundo, realizado em colaboração com o coletivo Dulcinéia Catadora, de São Paulo, é uma edição limitada de um livro feito em papelão perfurado e barbante fruto de encontros do artista e as integrantes do coletivo na Cooperativa da Baixada do Glicério (Cooperglicério), no bairro do Glicério, em São Paulo. Augusta propõe-se a mapear a gentrificação da rua Augusta da cidade de São Paulo, conhecida por sua movimentação e intensidade da vida noturna. Uma reunião de anotações, desenhos, mapas e esboços realizados a partir do mesmo ponto de vista: a janela da cozinha de seu apartamento e o parapeito da varanda. Os primeiros desenhos são realizados em 2003, quando o artista mora no local, e um novo mapeamento é realizado em 2017, quando Honório retorna ao local e percebe mudanças, apagamento de históri, especulação imobiliária e gentrificação.

Obras com objetos gastos, usados, apontando para diferentes temporalidades constituem muitos dos trabalhos de Thiago Honório. Sua pesquisa relacionada ao barroco, à imagem de roca3, ao fazer artístico e ao acúmulo provoca o entrecruzamento entre o presente, o passado e o futuro presentes em suas produções, as quais constituem-se como uma obra aberta, capaz de receber diferentes leituras e reações por parte do público.

Notas

1. Pau-a-pique é uma técnica de construção de paredes que utiliza materiais como bambu, cipó e barro.

2. Os mbyá-guarani são um subgrupo do povo guarani que concentra-se em um amplo território entre os países da América do Sul, como Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.

3. Imagem de roca são imagens sacras levadas em procissões muito importantes para o culto católico do período barroco.

Obras 1

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Exposições 60

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Fontes de pesquisa 12

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