Luiz Graner
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Entardecer na Baía da Guanabara
Luiz Graner
Óleo sobre tela, c.i.d.
70,50 cm x 90,00 cm
Coleção Sergio Sahione Fadel (Rio de Janeiro, RJ)
Texto
Luís Graner y Arrufi (Barcelona, Espanha, 1863 - idem, 1929)1. Pintor. Em 1884, é aceito na Escola de Belas Artes de Barcelona e tem aulas com Benito Mercadé (1821-1897). Entre 1886 e 1891, estuda em Paris com bolsa de estudos do Conselho Provincial da cidade de Barcelona. Participa de várias exposições europeias, entre elas as de Madri, Barcelona, Paris, Bruxelas, Londres, Berlim, Munique e Dusseldorf2. Em 1888, recebe medalha na Exposição Universal de Barcelona. Em 1889, menção honrosa no Salão parisiense. Medalha em Berlim, bem como na exposição espanhola dos anos de 1895, 1897 e 1901. Em 1904 também recebe uma condecoração. Faz várias individuais naquelas cidades.
Em 1900, funda com Modesto Urgell (1839-1919) e Enrique Galwey (1864-1931) a Sociedade Artística e Literária da Catalunha. Em 1904, deixando por um tempo a pintura, organiza as Audiciones Graner: espetáculos artísticos, com apresentações de poesia, dança, teatro e cinema. O lugar inicial das Audiciones, as Ramblas de Barcelona, é adaptado por seu amigo e arquiteto, Antoni Gaudí (1852-1926). Entre 1905 e 1907, as apresentações são feitas no Teatro Principal da cidade. Finda a empresa, Graner muda-se para os Estados Unidos. Retoma a pintura e, a partir de 1910, percorre Nova York, Boston e Nova Orleans, entre outros lugares. Faz diversas exposições individuais nestas cidades3.
Em 1912, já está no Brasil e apresenta trabalhos na Exposição de Industriais de São Paulo. Em 1913, no Rio de Janeiro, faz uma individual, além de participar do Salão Nacional de Belas Artes. No mesmo ano, expõe em Belém. Segue para os Estados Unidos, porém retorna ao Brasil por mais duas vezes: em 1926 e 1929. Realiza, nesses períodos, suas últimas exposições no país. Em 1922, tem obras apresentadas na Exposição de Arte Contemporânea e Arte Retrospectiva da Escola Nacional de Belas Artes (Enba) do Rio de Janeiro. No fim de sua vida, retorna para Barcelona, onde morre, em 1929.
A análise das obras de Luís Graner durante o período que esteve no Brasil não é suficiente para dar conta de sua vasta e heterogênea produção.
É um artista de apurada técnica pictórica, e destaca-se em diferentes gêneros em cada país que passa. Na Espanha, por exemplo, seu país de origem, é conhecido como pintor de temas sociais. Lá, busca inspiração recorrente nas cenas de interiores, produzidas por Diego Velásquez (1599-1660), no começo de sua carreira. Nos Estados Unidos, torna-se conhecido como pintor de cenas rurais. No Brasil, como paisagista.
Tal variação na produção de Graner, além de atestar versatilidade, sugere, em última instância, sua sensibilidade para se adequar aos mercados de arte, pondo seus serviços em acordo com as demandas locais. Não é por acaso, portanto, que a sua atuação como pintor de paisagem no Brasil vai ao encontro do ativo comércio que se forma em torno desse gênero, já nas últimas décadas do século XIX. Comércio do qual se beneficiaram pintores como Antônio Parreiras (1860-1937) e Castagneto (1851-1900).
No que se refere a essa produção, a despeito das diferenças que estabelece com as que cria em outros países, Graner continua a demonstrar interesse permanente pelas relações cromáticas ativadas pela luz (natural ou artificial).
A esse respeito, o crítico Nogueira da Silva, escrevendo sobre o pintor, em 1925, afirma: "De extrema habilidade, pintava com espantosa rapidez e por isto aplicava-se à fixação de efeitos fugazes do [sol] nascente e do poente, exaltando suas luzes quentes e seus violetas difusos. A paisagem tropical lhe oferecia oportunidade excelente para efeitos, até então inusitados".
Notas
1. Alguns autores brasileiros divergem na datação do nascimento de Graner. Segue-se aqui os dados fornecidos pelo Museu do Prado, na Espanha.
2. Em Berlim, 1891, 1896 e 1903; em Munique, 1892; em Dusseldorf, 1904; em Paris, 1889, 1891, 1901 a 1904.
3. Nova York, em 1910, 1912, 1916, 1924 e 1928. Nova Orleans em 1914, 1915, 1917. Boston, em 1817.
Obras 4
Entardecer na Baía da Guanabara
Nascer do Dia na Lagoa
Outeiro da Glória Visto de Santa Teresa
Pão de Açúcar
Exposições 20
Fontes de pesquisa 34
- 150 anos de pintura no Brasil: 1820-1970. Rio de Janeiro: Colorama, 1989.
- 150 anos de pintura no Brasil: 1820-1970. Rio de Janeiro: Colorama, 1989. R703.0981 P818d
- AS EXPOSIÇÕES DE ARTE CONTEMPORÂNEA E DE ARTE RETROSPECTIVA. Escola Nacional de Belas Artes. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, 13 dez. 1922, p. 3.
- Ask Art The Artists Bluebook. Disponível em <http://www.askart.com/AskART/artists/biography.aspx?artist=63089>. Acesso em 20 ago. 2013.
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- Biblioteca Nacional Digital do Brasil. Disponível em <http://bndigital.bn.br/>. Acesso em 20 ago. 2013.
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- CAMARGO, Armando de Arruda; LÔBO, Hélio de Sá; AZEVEDO, João da Cruz Vicente de (Orgs.). A paisagem brasileira: 1650-1976. São Paulo: Sociarte: Paço das Artes, 1980. 759.981 C172p
- CAMPOFIORITO, Quirino. História da pintura brasileira no século XIX. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1983.
- CAMPOFIORITO, Quirino. História da pintura brasileira no século XIX. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1983. 759.981034 C198hi
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- PINACOTECA do Estado de São Paulo: catálogo geral de obras. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 1988.
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LUIZ Graner.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa23890/luiz-graner. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
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