Luiz de Freitas
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Biografia
Augusto Luiz de Freitas (Rio Grande, Rio Grande do Sul, 1868 - Roma, Itália, 1962). Pintor, ilustrador, cenógrafo e professor. Com sete anos, muda com a família para Portugal. Aos 12 anos, frequenta a Academia Portuense de Belas Artes, na cidade do Porto, e cursa desenho histórico. Estuda também pintura, escultura e arquitetura, tendo como professores o pintor João Marques de Oliveira (1853-1927), o escultor Antonio Soares dos Reis (1847-1899) e o arquiteto José Sardinha (1845-1906).
Regressa ao Brasil em fins de 1893, fixando residência em Porto Alegre, onde se dedica à cenografia e à ilustração, colaborando com o periódico A Semana Cômica e produzindo o pano de boca do Theatro São Pedro, em 1894. Muda-se para o Rio de Janeiro e é aluno de Henrique Bernardelli (1858-1936) na Escola Nacional de Belas Artes (Enba). Em 1898, obtém o prêmio de viagem ao exterior no Salão Nacional de Belas Artes (SNBA), e viaja para a Itália, radicando-se em Roma, de onde regressa periodicamente ao Brasil.
Em 1900, recebe medalha de ouro na Exposição Comemorativa do IV Centenário da Descoberta do Brasil, no Rio de Janeiro. Obtém medalhas de prata de segunda e primeira classe, respectivamente, nas edições de 1901 e 1908 do SNBA. Em 1911, decora a cúpula do pavilhão brasileiro na Exposição Internacional de Turim, Itália. Por volta de 1917, torna-se professor do Instituto de Belas Artes do Rio Grande do Sul, cargo que exerce por curto período. É incluído na exposição coletiva Arte Rio-Grandense do Passado ao Presente, realizada em Porto Alegre, em 1961. Possui obras no acervo do Instituto de Educação, em Porto Alegre, e na Pinacoteca do Estado de São Paulo (Pesp)
Análise
Augusto Luiz de Freitas se dedica principalmente aos gêneros da paisagem, cenas de costumes e pintura histórica. Segundo estimativa de Athos Damasceno (1902-1975) , sua produção ultrapassa 1.600 obras. Além da pintura com óleo sobre tela, trabalha com habilidade em aquarela. São motivos frequentes em suas telas as planícies dos pampas e marinhas, como as que exibe em 1897, em mostra individual realizada em Porto Alegre. O aprendizado acadêmico, no Rio de Janeiro e em Roma, desperta no artista o reconhecimento da importância do estudo do natural. Isso se reflete também no curto período em que leciona no Instituto de Artes de Porto Alegre, quando introduz pela primeira vez aulas de modelo vivo substituindo os modelos de gesso.
Entre seus trabalhos mais conhecidos estão as duas telas históricas que realiza sob encomenda do governo do Rio Grande do Sul, em 1923, Combate da Ponte de Azenha. A Chegada dos Primeiros Casais Açorianos, ambas presentes no Instituto de Educação General Flores da Cunha, em Porto Alegre. O primeiro quadro retrata o episódio que deu início à Guerra dos Farrapos, em 1835, quando a tropa dos chamados farroupilhas ataca a força militar que guarda a ponte. O artista segue os princípios tradicionais da pintura histórica e coloca o foco da ação no centro do quadro. A segunda obra, que aborda o tema do início da colonização portuguesa na região de Porto Alegre, mescla história e mito ao representar parte do grupo de imigrantes dentro da embarcação, em trajes e atitudes típicas da iconografia da Sagrada Família. Para Freitas, esses trabalhos, ao lado da cúpula do pavilhão brasileiro na Exposição Internacional de Turim, são suas obras mais importantes.
Exposições 28
Fontes de pesquisa 13
- 150 anos de pintura no Brasil: 1820-1970. Rio de Janeiro: Colorama, 1989.
- BRAGA, Theodoro. Artistas pintores no Brasil. São Paulo: São Paulo Editora, 1942.
- CAMPOFIORITO, Quirino. História da pintura brasileira no século XIX. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1983.
- CAMPOS, Cláudia Renata Pereira de. Traçando um ideal: Associação de Artes Plásticas Francisco Lisboa (1938-1945). 2005. 173 f. Dissertação (Mestrado em História) - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUC/RS, Porto Alegre, 2005. Não catalogado
- DAMASCENO, Athos. Artes plásticas no Rio Grande do Sul: 1755-1900: contribuição para o estudo do processo cultural sul-rio-grandense. Porto Alegre: Globo, 1971.
- DICIONÁRIO brasileiro de artistas plásticos. Organização Carlos Cavalcanti e Walmir Ayala. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1973-1980. 4v. (Dicionários especializados, 5).
- DUQUE, Gonzaga. Contemporâneos: pintores e esculptores. Rio de Janeiro: Tipografia Benedicto de Souza, 1929.
- FREIRE, Laudelino. Um século de pintura: apontamentos para a história da pintura no Brasil de 1816-1916. Rio de Janeiro: Fontana, 1983.
- LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
- PINACOTECA do Estado de São Paulo: catálogo geral de obras. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 1988.
- ROSA, Renato, PRESSER, Décio. Dicionário de artes plásticas no Rio Grande do Sul. 2. ed. rev. ampl. Porto Alegre: Ed. da UFRGS, 2000. 527p. R700.98165 R7887d 2. ed.
- RUBENS, Carlos. Pequena história das artes plásticas no Brasil. São Paulo: Editora Nacional, 1941. (Brasiliana. Série 5ª: biblioteca pedagógica brasileira, 198).
- TARASANTCHI, Ruth Sprung. Pintores paisagistas em São Paulo (1890-1920). 1986. 303 f. Tese (Doutorado) - Escola da Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo - ECA/USP, São Paulo, 1986. T759.09281 T177p v.2
Como citar
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LUIZ de Freitas.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa23872/luiz-de-freitas. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7