Leopoldino de Faria
Texto
Leopoldino Joaquim Teixeira de Faria (Campos, Rio de Janeiro, 1836 – Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1911). Pintor, arquiteto e engenheiro civil. Frequenta a Academia Imperial de Belas Artes (Aiba), estudando desenho com Jules Le Chevrel (1810-1872) e pintura com Victor Meirelles (1832-1903). Em fins da década de 1870, inicia a pintura A Resposta de Tiradentes ao Desembargador Rocha, no Ato da Comutação da Pena aos Companheiros, Depois da Missa, executada por encomenda do Governo de Minas Gerais. Exibe esboços dessa obra e da Batalha de Itororó na Exposição Geral de Belas Artes de 1876.
Em 1880, realiza mostra individual nos salões da Tipografia Nacional, no Rio de Janeiro, onde expõe, pela primeira vez, a versão final de Resposta de Tiradentes. A Crítica reconhece Faria como autor de cenas históricas, entre as quais A Constituição e a Alegoria à Lei de 28 de Setembro (1882). Participa da Exposição Geral de 1884 com o esboço de Auto de Vistoria Feito no Cadáver do Desembargador Joaquim Nunes Machado, o Retrato de Francisco Portela e a Alegoria às Artes. Produz muitos retratos, entre eles, o do prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Pereira Passos (1836-1913) e os dos provedores da Santa Casa de Misericórdia de Campos. Na década de 1890, trabalha como arquiteto na Diretoria de obras da Prefeitura do Rio de Janeiro, cargo que exerce até 1908.
Análise
Leopoldino de Faria expõe Resposta de Tiradentes, pela primeira vez em 1880, coincidindo com a polêmica historiográfica sobre o verdadeiro papel de Tiradentes na Inconfidência Mineira. A obra é uma das que, em fins do século XIX, resgata a figura do mártir, elegendo-o como herói nacional, capaz de fortalecer o então crescente movimento republicano.
O foco da pintura recai sobre Tiradentes, que se opõe à sentença proclamada. No esboço, pertencente ao Museu Histórico Nacional, há pouca naturalidade na definição do espaço pela luz, que entra pela janela revelando apenas os condenados. A versão final explora um cromatismo mais aberto, permitindo a emergência de outros detalhes, como o jogo entre os interlocutores, cujas expressões são agora mais claras e variadas. A figura de Tiradentes ganha em vigor e dramaticidade. No entanto, o conjunto da cena perde um pouco de sua eloquência.
O esboço da Batalha de Itororó articula uma variedade de movimentos, mas concentra-se no gesto de Duque de Caxias, sinalizando o avanço de suas tropas. A composição de Alegoria à Lei 28 de Setembro – descrita por Ângelo Agostini (1843-1910) 1 – representa a Princesa Isabel na cerimônia de assinatura da Lei do Ventre Livre. Tais obras decorrem da tendência da pintura histórica, que começa a se tornar comum a partir da Revolução Francesa: a de registrar os acontecimentos políticos, mais ou menos recentes.
Notas
1. Revista Illustrada, Rio de Janeiro, ano VII, n. 294, p. 6, 1882
Exposições 3
Fontes de pesquisa 18
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LEOPOLDINO de Faria.
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