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Enciclopédia Itaú Cultural
Literatura

Rodrigo Lacerda

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 13.09.2024
1969 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Rodrigo Lacerda (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1969). Escritor, tradutor, editor, historiador. Seu estilo literário é marcado por senso de humor e grande erudição, demonstrada na rica intertextualidade com a literatura nacional e estrangeira. Em seus romances, o desenvolvimento das narrativas predomina sobre experimentalismos formais. As carac...

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Rodrigo Lacerda (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1969). Escritor, tradutor, editor, historiador. Seu estilo literário é marcado por senso de humor e grande erudição, demonstrada na rica intertextualidade com a literatura nacional e estrangeira. Em seus romances, o desenvolvimento das narrativas predomina sobre experimentalismos formais. As características subjetivas e os conflitos psicológicos dos personagens são construídos com base em elementos do espaço e do tempo narrativo, em técnicas como flashbacks e fluxo de consciência.

Em 1990, Lacerda começa a trabalhar como gerente editorial na editora Nova Fronteira, fundada por seu avô, o político brasileiro Carlos Lacerda (1914-1977). Em 1991, muda-se do Rio de Janeiro para São Paulo e cursa história na Universidade de São Paulo (USP), que conclui em 1994. Entre 1992 e 1993, Lacerda coordena uma linha de coedições entre a Editora da USP (Edusp) e a Nova Fronteira. 

Seu primeiro livro autoral é o romance histórico O Mistério do Leão Rampante (1995), publicado pela Atelier Editorial. Narrado em primeira pessoa por Valfredo Margarelon, a trama se passa no século XVII, e tem Shakespeare como um de seus personagens. O livro é vencedor do Prêmio Jabuti de melhor romance.

Entre suas influências literárias, Lacerda cita o escritor português Eça de Queiroz (1845-1900), com quem aprende a rir de seus problemas; o dramaturgo inglês William Shakespeare (1564-1616), que o ensina que não basta rir, mas é preciso lutar para resolver os problemas; e o escritor americano William Faulkner (1897-1962), que demonstra que, ao final, não existe solução para os problemas. Estas são influências não apenas estéticas, mas também formadoras de atitudes em relação à vida. Entre os autores brasileiros, Lacerda destaca João Ubaldo Ribeiro (1941-2014).

O segundo livro de Lacerda é A Dinâmica das Larvas (1996), romance definido por ele no posfácio da edição como uma comédia trágico-farsesca. A trama aborda o universo editorial e o mercado literário com base na relação de quatro personagens centrais e um concurso literário em dinheiro, que parece ser a solução para seus anseios e dificuldades. Toda a ação do texto decorre em uma única noite, aproximando o romance ao gênero dramático. Os personagens são Miriam, organizadora do concurso literário; Carlos Vasconcelos, professor doutor e editor universitário que aspira ter sucesso financeiro com sua própria editora comercial; Abdias Lobato, o professor zoólogo especializado na dinâmica das larvas Myrmeleon uniformis; e José Fonseca, editor de literatura falido.

Em 1999, Lacerda inicia o mestrado em teoria literária na USP, com projeto sobre o escritor João Antônio (1937-1996). No ano seguinte, participa da definição de políticas editoriais da Editora Cosac & Naify, onde coordena o projeto de reedição das obras de João Antônio a partir de 2001. A pesquisa se desdobra também na tese de doutorado de Lacerda, João Antônio: uma Biografia Literária, concluída em 2005.

O Fazedor de Velhos (2008) é um premiado romance juvenil (Glória Pondé, Jabuti e FNLIJ) que representa a formação literária, identitária e afetiva do jovem Pedro, que também é o narrador. O livro acompanha o desenvolvimento do adolescente Pedro, com suas dúvidas sobre o futuro e suas escolhas de estudo e profissão. Desiludido com a faculdade de história, Pedro procura uma identidade, e no caminho vai se encontrar com o professor universitário Carlos Nabuco, que passa a ser uma forte influência intelectual. Na condição de mestre, Nabuco auxilia Pedro a encontrar sua vocação literária, instigando-o a diversas reflexões filosóficas acerca do tempo, do envelhecimento e do ofício da escrita. A profusão de intertextualidade aproxima o livro da crítica literária e da história da literatura, com diversos textos de outros autores transcritos e comentados pelos personagens. Lacerda maneja a elasticidade temporal da narrativa, distanciando a experiência de leitura de um tempo cronológico e aproximando do tempo psicológico, que ora se dilata e se suspende, ora se acelera, influenciada pelo estado de espírito do narrador-personagem.

O romance Outra Vida (2009), publicado pela Alfaguara, é vencedor do prêmio da Academia Brasileira de Letras. O livro concentra toda a sua ação no intervalo de algumas horas em uma estação rodoviária. Enquanto um casal e sua filha aguardam pelo embarque, uma série de flashbacks narra os eventos que levam os personagens à iniciativa de deixar a cidade grande em busca de uma vida no litoral. A mulher não quer deixar a cidade, e tem um amante, enquanto o homem se encontra envolvido em um esquema de corrupção, do qual deseja se distanciar.

Iniciado cedo na literatura e com reconhecimento rápido após seu primeiro livro, Rodrigo Lacerda produz uma grande quantidade de obras literárias, além de traduções e edições de obras de outros autores. O ritmo narrativo envolvente e a presença recorrente da metalinguagem e intertextualidade discutem a literatura e o ofício do escritor dentro do próprio universo da ficção.

Fontes de pesquisa 8

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  • CHAVES, Teresa. Carioca Rodrigo Lacerda trocou a história pela literatura. Folha de S.Paulo, São Paulo, 29 jun. 2009. Disponível em: https://m.folha.uol.com.br/ilustrada/2009/06/586979-carioca-rodrigo-lacerda-trocou-a-historia-pela-literatura.shtml. Acesso em: 25 ago. 2020.
  • DONADONI, Marcilene Moreira. O passar do tempo no romance O fazedor de velhos, de Rodrigo Lacerda. Revista Philia | Filosofia, Literatura & Arte, Porto Alegre, v. 1, n. 1, p. 140-157, 2019. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/philia/article/view/87036. Acesso em: 18 jan. 2021.
  • DONADONI, Marcilene Moreira. Uma leitura de o fazedor de velhos, de Rodrigo Lacerda. 2016. Dissertação (Mestrado em Letras) – Programa de Pós-graduação em Letras, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Três Lagoas, 2016. Disponível em: https://repositorio.ufms.br:8443/jspui/handle/123456789/2781. Acesso em: 18 jan. 2021.
  • HERNÁNDEZ, Ascensión Rivas. Otra vida de Rodrigo Lacerda, una novela de crisis. Letras de hoje, Porto Alegre, v. 51, n. 4, p. 450-457, 2016. Disponível em: http://dx.doi.org/10.15448/1984-7726.2016.4.24241. Acesso em: 28 ago. 2020.
  • LACERDA, Rodrigo. Drauzio Entrevista | Rodrigo Lacerda. [Entrevista cedida a] Drauzio Varella. Drauzio Entrevista, 2014. (51min09s). Disponível em: https://youtu.be/g3MtoJEScfI. Acesso em: 28 set. 2020.
  • LANGARO, Cleiser Schenatto; BERTIN, Diana Maria Schenatto. A formação humanizadora pela literatura em O fazedor de velhos. Revista Trama, Marechal Cândido Rondon, PR, v. 11, n. 21, 2015.
  • LUFT, Gabriela Fernanda Cé. Adriana Falcão, Flávio Carneiro, Rodrigo Lacerda e a literatura juvenil brasileira no início do século XXI. 2010. Dissertação (Mestrado em Literatura Comparada) – Programa de Pós-graduação em Letras, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2010. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/22987. Acesso em: 18 jan. 2021.
  • SILVA, Elaine Paula Volet da; VALDATI, Nilcéia. Experiências de leitura e formação do leitor em O fazedor de velhos, de Rodrigo Lacerda. Revista Letras Raras, Campina Grande, PB, v. 8, n. 1, 2019. Disponível em: http://revistas.ufcg.edu.br/ch/index.php/RLR/article/view/1061. Acesso em: 18 jan. 2021.

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