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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Capinam

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 18.10.2024
1791 Brasil / Bahia / Esplanada
1874 Brasil / Bahia / Salvador

Cristo coroado de espinhos, 0019
Capinam
Óleo sobre tela

Bento José Rufino Capinam (Salvador BA 1791 - idem 1874). Pintor e dourador. Após combater em conflitos decorrentes do processo de independência do Brasil, troca o sobrenome português Silva pelo nativista Capinam. Há poucas informações sobre sua vida, mas se sabe que é discípulo de Antônio Joaquim Franco Velasco (1780 - 1833) e bastante ativo em...

Texto

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Biografia
Bento José Rufino Capinam (Salvador BA 1791 - idem 1874). Pintor e dourador. Após combater em conflitos decorrentes do processo de independência do Brasil, troca o sobrenome português Silva pelo nativista Capinam. Há poucas informações sobre sua vida, mas se sabe que é discípulo de Antônio Joaquim Franco Velasco (1780 - 1833) e bastante ativo em Salvador, pintando sobretudo painéis religiosos. A tela A Morte do Pecador, na entrada da Igreja do Bonfim de Salvador, é atribuída a ele. Este trabalho faz par com outro, A Morte do Justo, pintado por seu filho, Tito Nicolau Capinam (1822 - 1876). São dele também cinco telas de cenas da vida de Cristo que se encontram no Museu de Arte Sacra de São Paulo (MAS/SP) .

Os comentadores atribuem-lhe outras obras, mas com algumas divergências. Por exemplo, os críticos Walmir Ayala e Carlos Cavalcanti dizem ser dele painéis da Igreja da Ajuda e da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, em Salvador. Afirmam ainda que, em 1826, ele tenta ser nomeado professor substituto em uma aula de desenho, mas é preterido por José Rodrigues Nunes (1800 - 1881) , também discípulo de Velasco.

Segundo a historiadora Marieta Alves, são de Capinam, além de telas e painéis da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, certos quadros da Igreja Nossa Senhora da Conceição da Praia. Em 1911, o historiador Manuel Querino atribui a Capinam a prática - inovadora na época - da litografia, embora não se tenha até hoje nenhuma comprovação disso.

Comentário Crítico
Capinam é ativo até o terceiro quartel do século XIX e, hoje, sua pintura se diferencia estilisticamente da produção do período em que atua. Comparando-o com outros pintores de seu tempo, como José Teófilo de Jesus (1758 - 1847) e Antônio Joaquim Franco Velasco (1780 - 1833) - mestre de Capinam -, sua pincelada parece menos desenvolta e suas figuras mais rígidas. Em alguns quadros, ele se mostra mais próximo da pintura colonial do que do neoclassicismo português, que chega à Bahia por intermédio dos pintores que lá vão estudar, como José Joaquim da Rocha (1737 - 1807) e Teófilo de Jesus (1758 - 1847).

Entretanto, o historiador Laudelino Freire o qualifica como conhecedor do desenho, enérgico e vigoroso em todos os gêneros de pintura1. Manoel Querino considera seu desenho seguro e seu estilo expressivo e pronunciado2. Na pintura da Santíssima Trindade, de 1849, que se encontra no Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro (MNBA/RJ) , a composição procura dar a ideia de ascensão em turbilhão, graças às nuvens, à maneira como os anjos são envoltos por elas e à assimetria e variedade de posição dos anjos. É uma composição rococó marcada tanto pela elegância, como pela leveza das figuras e das cores claras.

Entretanto, no detalhe, vê-se certa desproporção dos corpos, sobretudo nas partes descobertas, desenhadas com menos correção. A pincelada também não acompanha o ritmo da composição, pois é tímida e não ressalta sua luz ou brilho. Apesar disso, o efeito geral da pintura é delicado e revela um pintor estudado.

Notas
 
 

1FREIRE, Laudelino. Um século de pintura: apontamentos para a história da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Fontana, 1983, p. 45.

2QUERINO, Manoel Raymundo. Artistas bahianos. Salvador: A Bahia, 1911, p. 72 - 73.

Obras 3

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Exposições 2

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Fontes de pesquisa 14

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  • 150 anos de pintura no Brasil: 1820-1970. Rio de Janeiro: Colorama, 1989.
  • ALVES, Marieta. Dicionário de Artistas e Artífices da Bahia. Salvador: Editora UFBA, 1976. 210 p.
  • BRAGA, Theodoro. Artistas pintores no Brasil. São Paulo: São Paulo Editora, 1942.
  • CAMPOFIORITO, Quirino. A pintura remanescente da Colônia: 1800 - 1830. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1983. 65 p. (Coleção História da Pintura Brasileira, vol. 1).
  • CAMPOFIORITO, Quirino. História da pintura brasileira no século XIX. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1983.
  • DICIONÁRIO brasileiro de artistas plásticos. Organização Carlos Cavalcanti e Walmir Ayala. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1973-1980. 4v. (Dicionários especializados, 5).
  • FREIRE, Laudelino. Um século de pintura: apontamentos para a história da pintura no Brasil de 1816-1916. Rio de Janeiro: Fontana, 1983.
  • LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
  • OS PINTORES do Bonfim: Jesus Rei dos Homens. São Paulo: Pinacoteca do Estado de São Paulo, 1999. 40 p. [Exposição da série Tempos de sagrado: quatro séculos de arte Bahia - São Paulo].
  • OTT, Carlos. Noções sobre a procedência d´arte de pintura na província da Bahia: manuscrito da Biblioteca Nacional. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Rio de Janeiro, n. 11, p. 197-224, 1947.
  • QUERINO, Manoel R. Artistas bahianos (indicações biographicas). Bahia: Officinas da Empreza “A Bahia”, 1911.
  • REIS JÚNIOR, José Maria dos. História da pintura no Brasil. Prefácio Oswaldo Teixeira. São Paulo: Leia, 1944.
  • RUBENS, Carlos. Pequena história das artes plásticas no Brasil. São Paulo: Editora Nacional, 1941. (Brasiliana. Série 5ª: biblioteca pedagógica brasileira, 198).
  • VALLADARES, Clarival do Prado. Nordeste histórico e monumental - IV. Versão em inglês James Mulholland. Salvador, BA: Odebrecht, 1990. v. 4 .

Como citar

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