Ordenação

Tipo de Verbete

Filtros

Áreas de Expressão
Artes Visuais
Cinema
Dança
Literatura
Música
Teatro

Período

A Enciclopédia é o projeto mais antigo do Itaú Cultural. Ela nasce como um banco de dados sobre pintura brasileira, em 1987, e vem sendo construída por muitas mãos.

Se você deseja contribuir com sugestões ou tem dúvidas sobre a Enciclopédia, escreva para nós.

Caso tenha alguma dúvida, sugerimos que você dê uma olhada nas nossas Perguntas Frequentes, onde esclarecemos alguns questionamentos sobre nossa plataforma.

Enciclopédia Itaú Cultural
Dança

Dudude Herrmann

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 26.08.2024
01.10.1958 Brasil / Minas Gerais / Muriaé
Foto de Samuel Macedo

A marcha – Uma instalação coreográfica, 2022
Dudude Herrmann

Maria de Lourdes Arruda Tavares Herrmann (Muriaé, Minas Gerais, 1958). Bailarina, coreógrafa, professora de dança. É reconhecida pelo trabalho de improvisação e combinação de linguagens artísticas na criação de dança contemporânea.

Texto

Abrir módulo

Maria de Lourdes Arruda Tavares Herrmann (Muriaé, Minas Gerais, 1958). Bailarina, coreógrafa, professora de dança. É reconhecida pelo trabalho de improvisação e combinação de linguagens artísticas na criação de dança contemporânea.

Estuda dança a partir de 1968, na Escola de Dança Moderna Marilene Martins, em Belo Horizonte, importante espaço de formação da dança mineira. Lá também estuda danças afro, composição, consciência corporal, rítmica, e improvisação. O trabalho de improvisação na escola tem como referência Rolf Gelewski (1930-1988), bailarino e coreógrafo alemão radicado no Brasil e antigo professor de Marilene Martins (1935). O trabalho de Gelewski com a improvisação baseada em estrutura sonora abre o espaço para Dudude Herrmann perceber a proximidade entre as linguagens artísticas, e a bailarina expande seus trabalhos não apenas para a música, mas também para todas as formas no campo da expressão artística.

Em 1971, a escola de Marilene Martins passa a se chamar Trans-Forma Centro de Dança Contemporânea, e a diretora cria um grupo experimental em que Dudude começa a carreira profissional. Em 1976 o centro produz um trabalho da bailarina uruguaia Graciela Figueroa (1944). São previstos três movimentos, mas Figueiroa realiza dois e encarrega Herrmann de produzir o terceiro. A bailarina estuda a música, pensa em encaixes de ação e apresenta com o grupo um processo de improvisação, ainda que, naquele momento, não assuma a criação como improvisação.

Esse estilo de trabalho é assumido somente depois de 1996, quando, numa oficina da estadunidense Katie Duck (1951), Herrmann identifica seu próprio trabalho com o que é ali apresentado como improvisação, percebendo a coerência das próprias propostas e uma possibilidade de autorização para seu reconhecimento como artista desse estilo.

Antes de se assumir improvisadora, coreografa para o Trans-Forma, trabalha  com a Companhia Absurda de teatro no final dos anos 1980 e funda, em 1991, sua própria companhia, a Benvinda Cia. de Dança. A Benvinda e seu primeiro espaço de trabalho, o Estúdio Dudude, se tornam centros de circulação de artistas e pesquisadores e se estabelecem como referência para a dança contemporânea brasileira. Coreógrafa e companhia são reconhecidas com diversos prêmios de destaque, como os da Fundação Nacional de Artes (Funarte) e as bolsas Vitae e Virtuose do Ministério da Cultura.

O trabalho da coreógrafa também se estende para fora da criação artística. A partir de 1986, ela coordena a área de dança do Festival de Inverno da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), evento artístico multilinguagens para o qual a dançarina traz a variedade de propostas e entendimentos de dança que marcam a programação, continuando a curadoria que também assinada por ela e Marilene Martins.
Herrmann deixa a coordenação de dança do evento em 1997. Fortemente ligado à universidade, o festival procura coordenações de professores pesquisadores, mas a coreógrafa mantém sua carreira afastada da academia, tentando separar o estudo da dança do estudo acadêmico sobre a dança. A dançarina se lança para o que considera a construção de um repertório e um conhecimento no campo livre das artes, sem estudos formais, calcado na experimentação e na descoberta.

Essa característica marca também sua prática pedagógica, que entende como processo construído com os alunos: não ensinar o que já se sabe, mas descobrir aquilo que pode ser produzido em conjunto. A noção de presença e compartilhamento forma a base dos processos de improvisação de Herrmann:  um campo de possibilidades, mas que se alinham a partir do contato com o outro e orientadas pela atenção e pelo objetivo de trocar. Nesse sentido, a coreógrafa mantém na cidade mineira de Brumadinho, desde 2010, o Ateliê Casa Branca, cujos trabalhos assumem o tom ativista ligado a questões sociais e ambientais e buscam promover mudanças. O ateliê produz trabalhos de contato com o público para transformar os hábitos daqueles que os assistem. 

Esse alargamento das noções de arte e vida se desenha também no livro Caderno de notações (2011) e se mostra em obras como A projetista (2011). Nesse trabalho solo, a dançarina se apresenta como uma artista que elabora projetos para serem financiados. Sentada em uma mesa tomada por papéis, livros e referências que pesquisa, questiona e enfrenta, oferecendo respostas em movimento para muito além do que os projetos demandam. Ao observar o que se exige da arte – sua pré-formatação, seu desenho específico –, Herrmann coloca em jogo os limites que os instrumentos de financiamento criam e os efeitos disso sobre o trabalho artístico.

A proposta de compartilhamento e de trocas sensíveis também está presente em reflexões que a artista publica em seu blog, Coisas de Dudude, desde 2009, e nos encontros que lança em suas redes sociais, o Café da Tarde, com conversas com artistas, realizadas desde 2019. Essas ações multiplicam os espaços e as possibilidades de se entrar em contato, afetar e ser afetado.

Orientada por uma proposta de pesquisa movida pela improvisação para estabelecer contatos afetivos e efetivos com o público que a assiste, atuando na formação e na criação em dança contemporânea, Dudude Herrmann é uma referência do trabalho de improvisação e pensamento sobre a dança.

 

Obras 1

Abrir módulo

Espetáculos 11

Abrir módulo

Espetáculos de dança 2

Abrir módulo

Performances 1

Abrir módulo

Fontes de pesquisa 10

Abrir módulo
  • DUNDER, Karla. A experimentação como base criativa do gestual. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 21 maio 2005.
  • ESPETÁCULOS Teatrais. [Pesquisa realizada por Márcio Freitas]. Itaú Cultural, São Paulo, [20--]. 1 planilha de fichas técnicas de espetáculos.
  • HERRMANN, Dudude. Cadernos de notações: a poética do movimento no espaço de fora. Belo Horizonte: Edição da Autora, 2011.
  • HERRMANN, Dudude. Dudude Hermmann. [Entrevista cedida a] Henrique Rochelle. São Paulo, 2023.
  • PEQUENAS Navegações. In: PAOLA RETTORE. Site Oficial da Artista. Belo Horizonte, 2022. Disponível em: www.paolarettore.com/obras/pequenas-navegacoes. Acesso em: 20 jun. 2022.
  • Programa do Espetáculo - Amores Surdos - 2008.
  • RETTORE, Paula. A improvisação no processo de criação e composição da dança de Dudude Herrmann. Dissertação (Mestrado em Artes) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2010.
  • RÁDIO MAR AZUL FM. Dudude Herrmann. Paracuru, cidade que dança. Paracuru: Rádio Mar Azul FM, 2023.
  • TERRENO baldio, 1981. Programa do Espetáculo. Disponível em: http://www.angelvianna.art.br/arquivos/8/87/1981XXXX-MG-ILU-PRO.pdf. Acesso em: 14 jun. 2018.
  • VIEIRA, Marcilio de Souza. Dudude Herrmann: inventora de improvisações. Dança – Revista do Programa de Pós-Graduação em Dança, Salvador, v. 7, n. 1, pp. 97-102, jul.-dez. 2022.

Como citar

Abrir módulo

Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo: