Antônio Dias

Alegoria da Igreja (detalhe do forro da nave), 1785
Antônio Dias
Pintura sobre madeira
Texto
Antônio Dias (Minas Gerais, c.17??-s.l. c.18??). Pintor, decorador e professor. Inicia sua formação em Salvador como discípulo dos pintores José Joaquim da Rocha (1737-1807) e Antônio Pinto (c.17??-c.17??). No final do século XVIII, na mesma cidade, realiza em coautoria com Antônio Pinto, de quem é afilhado, a pintura do forro da nave da Igreja do Santíssimo Sacramento da Rua do Passo, bem como outras pinturas na Igreja de Nossa Senhora da Saúde e Glória, na capela de Nossa Senhora da Ajuda e na Igreja da Nossa Senhora da Conceição do Boqueirão. Trabalha como auxiliar do amigo e pintor baiano José Teófilo de Jesus, com quem se aperfeiçoa no desenho de figura humana. Retira-se com Antônio Pinto para Sergipe, atuando na cidade de Maruim, onde realiza obras de decoração em capelas e vivendas, além do retrato do oficial corneteiro-mor Joaquim Ferreira de Sant’Anna. De volta a Salvador, mantém, em 1845, um estabelecimento de ensino de desenho ao natural.
Comentário Crítico
Antônio Dias é considerado pelo historiador Carlos Ott (1908-1997) como pertencente à Escola Baiana de pintura, surgida entre o fim do século XVIII e a primeira metade do XIX. Aprendeu seu ofício com o mestre dessa escola, José Joaquim da Rocha, e o padrinho Antônio Pinto. Sabe-se muito pouco sobre a produção do pintor. Além da escassez de dados documentais, é possível que suas obras tenham sido realizadas em conjunto com outros artífices, dificultando assim a identificação de um estilo pessoal. O trabalho mais conhecido do qual participou, ao lado de Antônio Pinto, é o teto da igreja matriz do Passo, em Salvador. Nele, segundo Ott, é possível identificar a filiação dos pintores ao ensino de José Joaquim da Rocha pelo modo como constroem a ambientação ilusionista das pinturas baseando-se em colunas e não arcos, diferentemente do que fazia outro mestre da época, Domingos da Costa Filgueira (17??-1797). A decoração de igrejas com pinturas em trompe l’oeil, simulando uma expansão do forro, era comum no barroco baiano, prática herdada e aprendida de mestres portugueses.
A carência do exercício e do aprendizado em uma Academia de Belas Artes, que só se consolidaria no país em 1826, no Rio de Janeiro, pode ser a responsável pelas falhas na construção da perspectiva no espaço tridimensional, assim como pela ausência da representação de anjos e santos em escorço, elemento que reforçava a ilusão de tridimensionalidade nas pinturas do barroco italiano. Isso, porém, não retira – até aumenta – o mérito da composição extremamente elaborada e do colorido vivo das pinturas de Dias e seu padrinho. Ambos foram artistas respeitados no campo da pintura de decoração arquitetônica na Bahia.
Obras 1
Alegoria da Igreja (detalhe do forro da nave)
Fontes de pesquisa 7
- 150 anos de pintura no Brasil: 1820-1970. Rio de Janeiro: Colorama, 1989. R703.0981 P818d
- CAMPOFIORITO, Quirino. História da pintura brasileira no século XIX. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1983. 759.981034 C198hi
- FRANÇA, Acácio. Pintura na Bahia. Salvador: Secretaria de Educação e Saúde, 1944. Não catalogado
- OTT, Carlos. A Escola bahiana de pintura: 1764-1850. Edição Emanoel Araújo. São Paulo: MWM-IFK, 1982. 153 p., il. p&b. color. (Coleçao MWM-IFK). 759.981046 O89e
- QUERINO, Manoel Raymundo. Artistas bahianos. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1909. Não catalogado
- RUBENS, Carlos. Pequena história das artes plásticas no Brasil. São Paulo: Editora Nacional, 1941. (Brasiliana. Série 5ª: biblioteca pedagógica brasileira, 198). 709.81 R895p
- ZANINI, Walter (org.). História geral da arte no Brasil. São Paulo: Fundação Djalma Guimarães: Instituto Walther Moreira Salles, 1983. v. 1. 709.81 H673
Como citar
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ANTÔNIO Dias.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa22392/antonio-dias. Acesso em: 05 de maio de 2025.
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