Fernanda Mendonça Pitta (Curitiba, Paraná, 1973). Curadora, pesquisadora, professora. Pesquisadora especialista em arte brasileira do século XIX, é docente em diversas instituições de ensino da cidade de São Paulo e atua como curadora da Pinacoteca do Estado de São Paulo (Pina_) em projetos que contemplam desde sua pesquisa de formação até tópicos contemporâneos.

Gradua-se em História pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) em 1996. Em 1999, recebe o título de mestre em História pela mesma instituição com o tema de pesquisa gestado durante a graduação: Walter Benjamin e a História. Torna-se doutora em Artes Visuais pela Escola de Comunicação e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP) em 2013, com pesquisa sobre o artista Almeida Júnior (1850-1899). Em 2013, realiza estágio de pós-doutorado no Museu Paulista da Universidade de São Paulo.

Na tese de doutorado, aborda parte da produção do artista ituano, mais especificamente, quatro obras: Caipiras negaceando (1888), Caipira picando fumo (1893), Amolação interrompida (1894) e Partida da monção (1897). Esse conjunto permite constatar um projeto de formação de uma iconografia da identidade nacional, tendo como referencial a tessitura cultural da classe dirigente paulista e sua relação romantizada e classista com a massa de trabalhadores rurais do estado. Ao longo do texto, a pesquisador também reforça o vínculo com o vocabulário naturalista e realista como estratégia para consolidar tipos locais brasileiros.

A partir de 2014, passa a atuar como professora de História da Arte na Escola da Cidade e como curadora da Pinacoteca do Estado de São Paulo. Nessa última instituição, entre as atividades de pesquisa para curadorias comissionadas, valem destaque as mostras intituladas Trabalho de artista: imagem e autoimagem (1826-1929) (2018) e Véxoa: Nós sabemos (2020).

Na primeira exposição, com cocuradoria de Ana Cavalcanti, professora da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e de Laura Abreu, curadora do Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, são reunidas 120 obras de 33 artistas, divididas em quatro núcleos temáticos: Criação e ofício, O ateliê como motivo, A persona do artista (retratos e autorretratos) e O artista e a modelo. Esses eixos permitem tanto a abordagem do contexto físico e social da criação em artes, como o exercício de projeção da carreira artística a partir da prática de autorretrato em momento de labor, salientando as estratégias de consagração profissional desses agentes na virada do século XIX para o XX. Em 2019, a exposição é montada também no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro.

Em Véxoa: Nós sabemos, atua como cocuradora da exposição coordenada pela pesquisadora e curadora indígena Naine Terena (1980). Nessa mostra, 23 artistas e coletivos de ascendência indígena apresentam sua produção dentro do contexto institucional das artes. Seguindo uma ordem de conexões temáticas, os itens apresentados nas três novas salas expositivas da Pinacoteca dialogam tanto com o cânone artístico, como com diferentes cosmogonias e tradições culturais de manufatura de comunidades diversas, mas conectadas pela representação identitária.

Desde 2017, desenvolve trabalhos de catalogação e reconfiguração do acervo da Pinacoteca, com ênfase na produção artística do século XIX. Suas pesquisas contam com apoio de The Clark Art Institute, Terra Foundation for the American Arts e National Endowment for the Arts (NHA), instituições de financiamento cultural dos Estados Unidos.

Mesclando atividades de pesquisa e docência com o exercício da curadoria em âmbito institucional, Fernanda Pitta gerencia projetos de investigação sobre a fortuna crítico-artística da arte brasileira do século XIX e seus pontos de contato com a cultura contemporânea.