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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Norberto Nicola

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 27.04.2024
1930 Brasil / São Paulo / São Paulo
23.05.2007 Brasil / São Paulo / São Paulo
Norberto Nicola (São Paulo, São Paulo, 1931 - idem 2007). Tapeceiro, pintor, desenhista, escultor e gravador. Em 1954, começa sua formação no curso para professores de desenho da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap) e no Atelier-Abstração, de Samson Flexor (1907-1971), em São Paulo. Ali conhece Jacques Douchez (1921), com quem cria, em 1957,...

Texto

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Norberto Nicola (São Paulo, São Paulo, 1931 - idem 2007). Tapeceiro, pintor, desenhista, escultor e gravador. Em 1954, começa sua formação no curso para professores de desenho da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap) e no Atelier-Abstração, de Samson Flexor (1907-1971), em São Paulo. Ali conhece Jacques Douchez (1921), com quem cria, em 1957, o Ateliê Douchez-Nicola de tapeçaria, que dura até 1980. Passa a produzir tapeçarias, primeiro planas e depois tridimensionais. Faz estágios na manufatura de Aubusson, França, entre outras na Europa. Apresenta mostra individual no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ), em 1961. Participa da 7ª Bienal de São Paulo, em 1963, e da 8ª, 9ª, 11ª e 13ª edições do evento. Expõe suas obras em lugares como a Galeria da O.E.A., em 1973, em Washington, e o Museu Nacional de Belas Artes do México. No mesmo ano, recebe o prêmio da categoria tapeçaria da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). Cria a Trienal de Tapeçaria, que teve três edições em São Paulo, a primeira em 1976. Por volta de 1970, Nicola torna-se colecionador e estudioso da arte plumária brasileira. Produz mostras importantes, como a Arte Plumária no Brasil, em 1980, no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP). No final dos anos 1990, começa a fazer gravuras por meio do computador. Expõe algumas destas no Club Athletico Paulistano, em São Paulo, em 2000.

Análise

As tapeçarias de Nicola utilizam-se de raízes, folhas, terra, penas, árvores e cipós em tons quentes e envolventes, em entrelaçamentos que nos põem diretamente no meio de uma selva, como se fossem recortes desta. Os materiais tradicionais da tapeçaria são variados: lã, linho, estopa, sisal, vime, cânhamo e outros. Podem estar trançados e tecidos, mas também soltos, como se fossem plumagem, pelagem ou capim. O resultado é fortemente tátil, sensual e vivo.

Além desse aspecto sensorial, ele consegue investir suas peças de uma dimensão ritualística. Como afirma o crítico Jacob Klintowitz no texto de apresentação de uma exposição, o artista brasileiro em geral acredita que está mais em contato com a natureza do que os outros e que sua missão é resgatar a herança mística, cultural e formal do país. Aqui, essa missão parece ter sido cumprida.1

Crisálida, por exemplo, de 1980, é uma espécie de manto xamanístico em cores fortes, como vermelhos, amarelos e azuis, em forma de grandes asas abertas, de cujas bordas pendem tipos de cipós e fios soltos. Remete-nos diretamente à arte plumária brasileira.

Para esta, a partir dos anos 1970, Nicola busca a legitimação, organizando mostras e estudos. Na apresentação de um dos catálogos de exposição, afirma querer divulgar essa arte, mas também guardá-la e preservá-la, despertando o interesse do público e fazendo registro dela.2 Essa consciência pública da arte se manifesta igualmente na sua atividade em comissões, por exemplo no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP), e na coordenação de eventos, como a Trienal de Tapeçaria.

 

Notas
1 OS RITMOS E AS FORMAS: arte brasileira contemporânea. Apresentação Abram Szajman. Texto Jacob Klintowitz. São Paulo: Serviço Social do Comércio - SESC/SP, 1988. 77 p., il. color.
2 DORTA, Sonia Ferraro e NICOLA, Norberto. Aroméri: arte plumária indígena. São Bernardo do Campo, São Paulo: Mercedez-Benz do Brasil S.A., 1986.

Exposições 52

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Fontes de pesquisa 22

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  • 150 anos de pintura no Brasil: 1820-1970. Rio de Janeiro: Colorama, 1989.
  • ANDRADE, Geraldo Edson de. Aspectos da tapeçaria brasileira. Rio de Janeiro: Funarte, 1978.
  • ARTISTAS da Tapeçaria Brasileira. SP: Volkswagen do Brasil S.A., 1987. 217 p., il. color.
  • DICIONÁRIO brasileiro de artistas plásticos. Organização Carlos Cavalcanti e Walmir Ayala. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1973-1980. 4v. (Dicionários especializados, 5).
  • DORTA, Sonia Ferraro e NICOLA, Norberto. Aroméri: arte plumária indígena. São Bernardo do Campo, São Paulo: Mercedez-Benz do Brasil S.A., 1986.
  • EXPOSIÇÃO ARTE PLUMÁRIA DO BRASIL, 17ª Bienal de São Paulo, 1983. Arte Plumária do Brasil. Curadoria Norberto Nicola e Sonia Ferraro Dorta. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 1983.
  • FORMAS TECIDAS DE NICOLA/FORMAS TECIDAS DE DOUCHEZ. São Paulo: Museus de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, 1973.
  • LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
  • LOUZADA, Júlio. Artes plásticas Brasil 1985: seu mercado, seus leilões. São Paulo: J. Louzada, 1984. v. 1.
  • MOLINA, Camila. Brasil perde importante nome da tapeçaria. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 5 de jun. 2007. Caderno 2, D7.
  • Morre o pintor e tapeceiro Norberto Nicola. O Estado de S. Paulo, 24 de maio de 2007. Caderno 2, p. D2. Não catalogado
  • NICOLA, Norberto. Norberto Nicola. Campinas: Aremar, 1960.
  • NICOLA, Norberto. Norberto Nicola. São Paulo: Club Athlético Paulistano, 2000. 8 p.
  • NICOLA, Norberto. Norberto Nicola. Texto Jacob Klintowitz e Pietro Maria Bardi. São Paulo: Saldiva & Associados Propaganda, s.d. 1 fl. dobrada, il. color.
  • NICOLA, Norberto. Tapeçarias. Texto Jacob Klintowitz. São Paulo: Galeria São Paulo, 1983. 8 p., il. color.
  • O MÚLTIPLO NA VISÃO DE BAVARELLI, MARCELLO NITSCHE, MARIA BONOMI, NORBERTO NICOLA, PETICOV, VLAVIANOS. São Paulo: Multipla de Arte, 1990.
  • OS RITMOS E AS FORMAS: arte brasileira contemporânea. Apresentação Abram Szajman. Texto Jacob Klintowitz. São Paulo: Serviço Social do Comércio - SESC/SP, 1988. 77 p., il. color.
  • PONTUAL, Roberto. Arte/ Brasil/ hoje: 50 anos depois. São Paulo: Collectio, 1973.
  • QUATRO artistas brasileiros = Vier brasilianische Kunstler: Douchez, Ianelli, Martins, Nicola. Apresentação de Jorge de Carvalho e Oscar Landmann. Texto de Wolfgang Pfeiffer. São Paulo: MAM, 1980.
  • SALÃO GLOBAL DE INVERNO, 5. , 1978, Belo Horizonte, MG. 5º Salão Global de Inverno. O gesto criador. Belo Horizonte: Palácio das Artes, 1978.
  • THE ORIGINAL and its reproduction: a "Melhoramentos" project. Washington: Brazilian-American Cultural Institute, 1977. 16 p.
  • ZANINI, Walter (org.). História geral da arte no Brasil. São Paulo: Fundação Djalma Guimarães: Instituto Walther Moreira Salles, 1983. v. 1.

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