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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Patrícia Moran

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 22.10.2019
09.02.1961 Brasil / Minas Gerais / Belo Horizonte
Patrícia Moran Fernandes (Belo Horizonte, Minas Gerais, 1961). Cineasta, videoartista, ensaísta. Dedica-se a poéticas tecnológicas audiovisuais em película e em vídeo. Também é curadora, pesquisadora e professora. Em meados dos anos 1980, inicia sua trajetória. Com VHS, realiza ensaios poéticos em vídeo, videoclipes de bandas de garagem em Minas...

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Patrícia Moran Fernandes (Belo Horizonte, Minas Gerais, 1961). Cineasta, videoartista, ensaísta. Dedica-se a poéticas tecnológicas audiovisuais em película e em vídeo. Também é curadora, pesquisadora e professora. Em meados dos anos 1980, inicia sua trajetória. Com VHS, realiza ensaios poéticos em vídeo, videoclipes de bandas de garagem em Minas Gerais e produz filmes de curta-metragem. Gradua-se em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em 1985. Cursa mestrado em comunicação social na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), titulando-se em 1991.Em 2003, recebe título de doutora em comunicação e semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP).

É professora da UFMG do curso de comunicação social de 1995 a 2008. Leciona no curso superior do audiovisual da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e no curso de design da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), ambos na Universidade de São Paulo (USP).

Sua produção é marcada pelas linguagens eletrônica e digital, incorporando recursos dos meios tecnológicos audiovisuais.

Em 1989, no Rio Cine Festival, recebe os prêmios de direção e roteiro com o filme Ócio, além dos de melhor ator para Paulo Moska (1967) e André Barros (1965). Em 2002, recebe dois prêmios internacionais, por Clandestinos, selecionado para a mostra Panorama do Festival Internacional de Cinema de Berlim, e Melhor Documentário no Festival Internacional de Caracas, Venezuela.

Em 2011, apresenta Da Imagem como Jogo: Performance Audiovisual entre a Ciência e a Arte no Encontro da Socine, Rio de Janeiro.

Em 2012, realiza seu primeiro longa-metragem Ponto Org vencedor da Melhor Trilha Sonora juntamente com Bróder, do diretor Jeferson De (1969), no Festival de Gramado. Produz Audiovisão em Tempo Real: uma Poética entre Jogos Óticos e de Sentido, performance audiovisual em meio digital, como integrante do Laboratório de Investigação e Crítica Audiovisual (Laica) da ECA/USP. Faz a curadoria de Imagem-Performance: entre a Figuração e a Sugestão, no espaço para vídeos Paço para Ver, da Temporada de Projetos do Paço das Artes, São Paulo, e participa dos encontros Diálogos Estéticos falando sobre recursos audiovisuais para vídeo e performance, comparados a narrativas audiovisuais clássicas.

Em junho de 2013, o projeto Imagem Pensamento promove a mostra Olhares Inesperados, no Palácio das Artes – Fundação Clóvis Salgado, Belo Horizonte, sobre sua obra cinematográfica.

 

Análise

Patrícia Moran desponta nos anos 1980 numa geração de jovens realizadores de vídeo de Belo Horizonte e destaca-se pelo estilo anárquico, pela inventividade e preocupação social. Em sua trajetória observa-se a linguagem experimental que trabalha em conjunto o documentário, a ficção e o ensaio. Ao rigor crítico do documentarista de perfil, acrescenta estratégias da linguagem ficcional, invenção, ironia, irreverência, humor e metalinguagem. Também incorpora referências documentais em seu trabalho de ficção. Os filmes iconográficos, Maldito Popular Brasileiro: Arnaldo Baptista (1990) e Detonacci (2004), reveem dois fenômenos da virada dos anos 1960 para os 1970: o rock tropicalista dos Mutantes e o filme Bang Bang (1971) de Andrea Tonacci (1944).

Seu Maldito Popular Brasileiro, sobre o ex-integrante do grupo Os Mutantes é obra de impacto que resulta num ensaio sobre o Brasil da ditadura militar. Adeus, América (1996) retoma a liberdade estética dos primeiros anos do vídeo brasileiro. Clandestinos (2001), seu filme mais conhecido, é um documentário poético sobre os militantes políticos brasileiros que tiveram de viver na clandestinidade durante a ditadura militar.

Na opinião de Nísio Teixeira 1, jornalista e crítico de comunicação, na obra de Patrícia Moran, destaca-se o tratamento dos perfis, sejam eles de personagens reais, como em A Loura da Metralhadora (1996) e Maldito Popular Brasileiro, ou “quase” reais, como em Plano-Sequência (2002). Traz, também, trajetórias coletivas – como as das pessoas que moram e trabalham próximas ao “minhocão”, em São Paulo, em A Plenos Pulmões (2006). Ou as dos envolvidos, inclusive o diretor, na produção do filme Bang Bang, em Belo Horizonte. É significativa a utilização de metalinguagem, humor e estranhamento. Em Plano-Sequência, por exemplo, não há um plano-sequência, isto é, a ação continuada sem cortes. Ao contrário, constrói-se um auto-atropelamento, possível somente com os recursos do cinema, a partir de recortes e montagens. Não é um documentário, mas uma ficção “que aproxima o personagem Rubs, que se auto-atropela, do ator Pereio [Paulo César Pereio (1940)] – que, literalmente e de fato também se auto-interpreta o tempo todo no filme e dá mesmo vida ao “morto”.  Além disso, coloca, Eder Santos e Arlindo Machado (1949), pessoas reais, comentando a obra, a ausência, a canalhice e o amor de Rubs – a obra dentro da obra. Destaca, ainda, que a apresentação do filme na mostra competitiva do festival de Berlim em 2003, “causou também reações cômicas no público daquele festival – para espanto da diretora, que acreditava que algumas piadas produzissem sentido somente para os brasileiros”.

Em 2012, estreia seu primeiro longa-metragem Ponto Org, produção independente com o apoio de uma bolsa de arte da Fundação Vitae. Nele, persiste a linguagem experimental para mostrar a relação entre pessoas de classes sociais diferentes na metrópole, com olhar crítico sobre a exclusão social. Diretora e roteirista do filme, coloca a linguagem à frente da história. Movimentações de câmera diferenciadas e cortes rápidos são recursos utilizados para contar uma trama metalinguística: uma roteirista e um programador de games ajudam três meninos de rua a filmar um documentário sobre a vida de pessoas marginalizadas no centro de São Paulo. A ocupação do espaço público das metrópoles por cidadãos utópicos é um dos eixos temáticos e narrativos. “Um filme livre sobre o desejo romântico de liberdade”. 

 

 

Nota

1. TEIXEIRA, Nísio. Patricia Moran seus olhares inesperados e bem humorados. Filmes Polvo, revista de cinema. Disponível em: http://www.filmespolvo.com.br/site/artigos/fora_de_quadro/93 .  Acesso em: 2 out. 2014.

Exposições 3

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