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Enciclopédia Itaú Cultural
Dança

Inês Bogéa

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 14.11.2024
1965 Brasil / Espírito Santo / Vitória
Inês Bogéa (Vitória, Espírito Santo, 1965). Bailarina, diretora, crítica de dança, documentarista. Reconhecida como bailarina do Grupo Corpo e crítica de dança do jornal Folha de São Paulo. Participa da criação da São Paulo Companhia de Dança (SPCD), assumindo sua direção, caracterizada pelo projeto de três linhas de atuação da companhia: produç...

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Inês Bogéa (Vitória, Espírito Santo, 1965). Bailarina, diretora, crítica de dança, documentarista. Reconhecida como bailarina do Grupo Corpo e crítica de dança do jornal Folha de São Paulo. Participa da criação da São Paulo Companhia de Dança (SPCD), assumindo sua direção, caracterizada pelo projeto de três linhas de atuação da companhia: produção e circulação, educativo e formação, e memória.
 
Ginasta campeã brasileira aos 11 anos e capoeirista, aos 13 anos inicia os estudos de balé, completando a formação da Royal Academy entre a escola de Lenira Borges (1923), em Vitória, e o Palácio das Artes, em Belo Horizonte. Na capital mineira, passa por breves experiências profissionais antes de entrar para o Grupo Corpo, em 1989.
 
Em 12 anos no Corpo, acompanha o momento em que o coreógrafo Rodrigo Pederneiras (1955) desenvolve e firma a identidade de seu estilo coreográfico, trabalhado pela desestruturação da movimentação do balé com base em influências brasileiras.
 
A formação de Inês, seu tamanho e força muscular a colocam numa posição de destaque, recorrente nas cenas de duos do coreógrafo. Participa da criação de trabalhos emblemáticos da companhia, como Parabelo (1997), e é então elogiada pela crítica Helena Katz (1950) como “impecável”.
 
Acompanha sua carreira de bailarina a organização de um grupo de estudos, com bailarinos e convidados, para discussões e compartilhamento de materiais sobre a dança e a escrita de textos sobre obras. Por causa dessa produção textual, passa a atuar como colaboradora da Folha de S.Paulo, no qual assume a função de crítica de dança (2001-2007), a convite do editor Nelson de Sá (1968).
 
Seus textos críticos apresentam a obra como se falassem a um colega de grupo de estudos, focando os aspectos positivos da realização. Sua experiência como bailarina também se traduz em descritivos da movimentação e num processo de investigação que parece se abrir para questionar os interesses e intuitos dos artistas sobre os quais discute.
 
Em São Paulo, mantém o grupo de estudos, acolhido pelo Centro Universitário Maria Antônia, onde se torna professora. Na mesma época, em parceria com o fotógrafo, produtor e documentarista Sérgio Roizenblit (1962), passa a desenvolver trabalhos de documentação da carreira de figuras da dança paulista, atuando como codiretora e elaborando roteiros e argumentos.

O primeiro trabalho dessa parceria, A Vida na Pele (2005), retrata a bailarina francesa radicada no Brasil Renée Gumiel (1913-2006). O formato já mostra o estilo da documentarista, que constrói uma narrativa por meio do relato pessoal, com depoimento dos perfilados e de outras fontes, ilustrados por imagens de acervo e captações originais, inclusive com improvisações da bailarina francesa aos 92 anos.
 
Após concluir a formação em reeducação do movimento, com o coreógrafo e educador Ivaldo Bertazzo (1949), trabalha como sua assistente de direção e na edição de livros, depois refletindo sobre o artista em sua pesquisa de doutorado na Unicamp. 
 
Em 2007 e 2008, Inês atua como consultora do programa Fábricas de Cultura, da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo. Na época, é chamada pelo então secretário João Sayad (1945) para integrar o grupo de especialistas que discutem a possibilidade de criação de uma companhia de dança mantida pelo governo estadual, e é convidada para sua direção, inicialmente ao lado da bailarina Iracity Cardoso (1945), e, desde 2012, sozinha no cargo.
 
Quando a São Paulo Companhia de Dança inicia suas atividades, em 2008, o plano de ação da companhia também reflete uma multiplicidade de áreas. A criação e circulação de espetáculos, com foco no estado, têm projeção nacional e internacional, apresentando obras clássicas, históricas, contemporâneas e novas criações, numa tentativa de levar ao público aquilo que é conhecido e aclamado, enquanto também abre espaço para a descoberta de novos artistas.
 
No plano educativo, uma série de ações para estudantes e professores da educação básica cria um projeto de formação de público e qualificação para a dança, com eventos para públicos específicos também, como a terceira idade. No âmbito da memória, a companhia cria materiais de referência para registrar sua história, como a produção de livros, a documentação constante de suas obras, a manutenção da Enciclopédia Dança em Rede, e, sobretudo, a série documental Figuras da Dança, na qual Inês assina a direção de mais de 30 volumes.
 
Além de todas essas ações, sua direção artística é identificada por uma extrema proximidade e ativa participação. Como diretora, Inês ministra as palestras do grupo, conversa com o público antes de cada espetáculo, acompanha e media as atividades formativas, organiza os livros, faz as entrevistas e dirige os documentários, o que cria uma proposta de identidade que parte do indivíduo e se espalha para a SPCD.
 
Sob sua direção, a companhia passa a ser reconhecida por importantes instituições, como a Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA), e é premiada, entre outros, com o Grande Prêmio da Crítica, categoria Melhor Companhia, da Associação Profissional da Crítica de Teatro, Música e Dança da França.
 
O trabalho de Inês Bogéa constrói pontes entre áreas, abrangendo desde a interpretação até a crítica, com destaque para suas atividades de documentarista e, sobretudo, de diretora da São Paulo Companhia de Dança, à frente da qual está desde sua criação, em 2008, com sucesso e reconhecimento em diversas instâncias nacionais e internacionais.

Exposições 2

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Fontes de pesquisa 12

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  • BOGÉA, Inês. (org.) Oito ou Nove Ensaios sobre o Grupo Corpo. São Paulo: Edições Sesc São Paulo, 2014.
  • BOGÉA, Inês. Aprendi um rigor e uma entrega a cada detalhe. Depoimento. O Estado de S.Paulo, São Paulo, 2 ago. 2015.
  • BOGÉA, Inês. Inês Bogéa. [Entrevista cedida a] Henrique Rochelle, crítico de dança. São Paulo: [s.n.], 2020.
  • BONFIM, M. Em livro, Inês Bogéa conta a história do Galpão. O Estado de S.Paulo, São Paulo, 25 nov. 2014.
  • INÊS BOGÉA. Site oficial da artista. [S.l., s.d.]. Disponível em: http://www.inesbogea.com.br. Acesso em: 30 jun. 2020.
  • KATZ, Helena. Montagem revela amadurecimento. O Estado de S.Paulo, São Paulo, 28 jul. 1997.
  • KATZ, Helena. São Paulo ganha a sua cia. oficial. O Estado de S.Paulo, São Paulo, 28 jan. 2008.
  • Listagem de críticos de dança (Sonia Sobral) FONTE: Currículo recebido em 14/09/2000. Não catalogada
  • PEREIRA, Roberto. Em processo de conhecer seus próprios limites. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 9 set. 2008.
  • ROCHELLE, Henrique. Grandes propostas e ótimas realizações refletem sobre o passado e o futuro da SPCD. Da Quarta Parede, São Paulo, 6 jul. 2018. Disponível em: https://www.daquartaparede.com/post/raymonda-primavera-melhor-spcd. Acesso em: 30 jun. 2020.
  • SÃO PAULO COMPANHIA DE DANÇA. Site oficial do grupo. São Paulo, [s.d.]. Disponível em: http://spcd.com.br. Acesso em: 30 jun. 2020.
  • SÃO PAULO COMPANHIA DE DANÇA. Série Figuras da dança. São Paulo: Governo do Estado de São Paulo, 2008-2020.

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