Biografia

Nair Benedicto (São Paulo, SP, 1940). Fotógrafa. Formada em rádio e televisão pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), em 1972. Nesse ano, inicia carreira profissional na capital paulista, como realizadora de audiovisuais e fotógrafa freelancer do Jornal da Tarde. Em 1979, funda a Agência F4 de Fotojornalismo, com Juca Martins, Delfim Martins e Ricardo Malta. Além de colaborar com revistas nacionais e internacionais como Veja, IstoÉ, Marie Clair, Paris Match, Newsweek e Time, desenvolve ensaios sobre temas sociais e manifestações populares. Na década de 1980, dedica-se à realização de documentários audiovisuais e fotográficos sobre as condições de vida de crianças e mulheres na América Latina, e expõe esses seus trabalhos no Brasil e no exterior. Em 1991, com Stefania Bril, Marcos Santilli, Rubens Fernandes Júnior e Fausto Chermont e outros, cria o Núcleo dos Amigos da Fotografia - NAfoto, associação promotora do evento Mês Internacional de Fotografia de São Paulo. Paralelamente, funda a Agência N-Imagens, passa a organizar exposições e a ministrar cursos e palestras em diversos Estados do país. Entre suas premiações, destaca-se o 11º Prêmio Abril de Fotojornalismo, em 1985. É autora dos livros A Greve do ABC, 1980, A Questão do Menor, 1980, em parceria com Juca Martins, e As Melhores Fotos de Nair Benedicto, 1988, entre outros.

Análise

Nair Benedicto faz parte da geração de fotojornalistas brasileiros que, nos anos 1980, se destacam pela criação das primeiras agências de fotografia do Brasil.  Essas empresas têm como modelo a agência francesa Magnun Photos, fundada em 1947 por Henri Cartier-Bresson e Robert Capa, entre outros, cuja proposta é aliar um ponto de vista particular à denúncia de problemas sociais. As associações significam um novo campo de atuação para os profissionais que, fora da redação dos jornais, obtêm autonomia na escolha de pautas e na edição de seus materiais. Além disso, com Marcos Santilli e Juca Martins, Nair exerce um importante papel na conquista de direitos autorais e trabalhistas para os fotógrafos.

Após registrar manifestações populares que caracterizam os últimos anos da ditadura militar no Brasil, como as greves da região do ABC, em São Paulo, Benedicto volta-se para a documentação de grupos marginalizados como mulheres, menores carentes e comunidades indígenas e enfoca seus assuntos do ponto de vista quase sempre à altura dos olhos e em primeiro plano. Essa característica confere uma aparência objetiva aos registros, como se sua presença não interferisse nos acontecimentos, mesmo participando deles. Em seus ensaios, além de mostrar mulheres trabalhadoras, flagra expressões e situações que remetem a sentimentos comuns como a vontade de ser amada e desejada.