Juan Esteves Martins (Santos, São Paulo, 1957 - São Paulo, São Paulo, 2024). Fotógrafo, jornalista, crítico de fotografia, educador, curador. Notabiliza-se por uma vasta produção no gênero do retrato ao documentar, a partir dos anos 1990, grandes nomes das artes plásticas do Brasil no século XX.

Forma-se em comunicação social/jornalismo na Universidade Nove de Julho, em São Paulo. Em 1980 inicia carreira no fotojornalismo colaborando com agências no Brasil e no exterior. Nos anos de 1984-1985, trabalha para o jornal A Tribuna, em Santos (SP), pouco antes de transferir-se para São Paulo. De 1985 a 1994, atua como repórter, fotógrafo, crítico e editor de fotografia no jornal Folha de S.Paulo, especialmente no caderno Folha Ilustrada. A partir de 1994, como profissional autônomo, passa a colaborar com a imprensa, com gravadoras de discos e editoras. Colabora com mais de 50 periódicos, como as revistas Veja, Carta Capital e a americana Time, e com os jornais O Pasquim, O Globo e Jornal do Brasil.

Em 1982, faz sua primeira exposição individual, intitulada Sobre as Ondas, no Museu de Pesca, em Santos. Depois disso, realiza mais de 30 exposições individuais, em sua maioria dedicadas a retratos de artistas em preto e branco. Para além do portrait de interesse jornalístico ou publicitário, Esteves busca revelar, por meio de uma escrita marcada pela sobriedade e pelo rigor técnico e formal, a face desconhecida de seus retratados, despidos de celebridade, em seus espaços íntimos ou criativos. Dessa galeria, fazem parte artistas como o pintor Cícero Dias (1907-2003), o escultor Tunga (1952-2016) e a arquiteta Lina Bo Bardi (1914-1992). 

A cidade de São Paulo constitui outro tema privilegiado na produção de Juan Esteves. Entre 1990 e 2010, desenvolve a série Arquitetura Histórica, e, como um desdobramento desta, a série Paulicéia Imaginada (2003-2004), concebida nas comemorações dos 450 anos da cidade de São Paulo pelo Instituto Moreira Salles. Nesta última, Esteves explora as possibilidades líricas da técnica da colagem fotográfica em composições marcadas pela multiplicação de linhas e de formas geométricas, formando surpreendentes caleidoscópios urbanos. 

A partir de 1994, como resultado de peregrinações mundo afora, Juan Esteves apresenta as séries Delphis, Panorâmicas, Africanas e Bressonianas, estas últimas inspiradas no humanismo francês. Destacam-se as exposições individuais 55 Portraits (2000), no Museu da Imagem e do Som (MIS) em São Paulo; Doze Retratos (2002), na Pinacoteca do Estado de São Paulo; e Jazz at Home, apresentada em 2003 na galeria Time & Style Home, em Tóquio. Em 2005 apresenta a trilogia Nus, continuidade de suas experimentações formais com a colagem fotográfica.

Esteves participa de mais de 200 exposições coletivas no Brasil e no exterior. Suas fotos de São Paulo são apresentadas em museus e espaços culturais na Holanda (Museum Het Domein, Sittard, 1996), na Alemanha (Stadtisches Museum in der alten Post, Mülheim an der Ruhr, 1997) e na França (Point Ephémère, Paris, 2005). Seus retratos percorrem museus e galerias de arte em Londres (Victoria Miro Gallery, 2019), Pittsburgh (Carnegie Museum of Art, 2019) e Paris (Galerie Dauphine, 2019).

Suas obras integram as maiores coleções de fotografia no Brasil e ilustram mais de 150 livros de autores diversos, publicados no Brasil e no exterior. Esteves é ainda coautor de sete livros: três contendo retratos de artistas representantes de diferentes movimentos, do modernismo ao neoexpressionismo, passando pelo abstracionismo e pelo concretismo – como Presença-Présence (2006); e quatro com o tema da cidade de São Paulo, abordando sua história, seu patrimônio arquitetônico e suas personalidades públicas – como Capital: São Paulo e seu Patrimônio Arquitetônico (2013).

A partir de 2014, é editor de um blog voltado para a produção editorial brasileira em fotografia. Como educador, está à frente do Ciclo de Estudos da Fotografia, dedicado ao pensamento fotográfico. Atua ainda como curador do Paraty em Foco – Festival Internacional de Fotografia.

Detentor de vasta cultura fotográfica e artística, Juan Esteves participa ativamente do debate brasileiro sobre os rumos da fotografia. Sua contribuição intelectual e artística à fotografia dos últimos 30 anos lhe confere posição de destaque na história da fotografia brasileira.