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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Lucas Bambozzi

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 02.12.2022
20.09.1965 Brasil / São Paulo / Matão
Lucas Bambozzi da Silveira (Matão, São Paulo, 1965). Artista multimídia, pesquisador de novos meios. Dedica-se às práticas artísticas em plataformas audiovisuais, especialmente as que envolvem vídeo, cinema e intervenções em espaço público. Desde o final dos anos 1980, preocupa-se com a mediação da vida pela tecnologia digital.

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Lucas Bambozzi da Silveira (Matão, São Paulo, 1965). Artista multimídia, pesquisador de novos meios. Dedica-se às práticas artísticas em plataformas audiovisuais, especialmente as que envolvem vídeo, cinema e intervenções em espaço público. Desde o final dos anos 1980, preocupa-se com a mediação da vida pela tecnologia digital.

Forma-se em jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em 1994. Obtém o Master of Philosophy pela Universidade de Plymouth, na Inglaterra, em 2006. Entre 1995 e 1999, conduz atividades ligadas à arte e à internet na Casa das Rosas, em São Paulo. Em 1996, é contemplado com a Bolsa Vitae de Artes para desenvolver o projeto Tormentos. Atua em projetos especiais do evento Arte-Cidade, em São Paulo, e é um dos artistas convidados da terceira edição, realizada em 1997.

Os primeiros trabalhos buscam afirmar o vídeo como linguagem de coisas complexas e sutis. Um jogo de claros, escuros, ritmos, texturas e associações, que se apropria do audiovisual para representar relações sensoriais. São imagens que aparecem granuladas, distorcidas, instáveis diante do espectador como se retiradas do imaginário do artista. A intenção é deslocar e indeterminar o espaço, desfazendo as referências a qualquer geografia.

A partir do final da década de 1990, amplia e fortalece a pesquisa e o olhar crítico sobre as inovações e as possibilidades das tecnologias. Torna-se um expoente da arte produzida em mídias digitais e móveis. É um dos fundadores do FórumBHZVídeo, festival realizado em Belo Horizonte, e curador de vídeo do Museu da Imagem e do Som (MIS) de São Paulo.

Lucas Bambozzi atua como curador e coordenador, entre outros eventos, de Sónar SP (2004), Life Goes Mobile (Nokia Trends 2004 e 2005) e Red Bull House of Art (2009). Participa também de atividades coletivas, como Mídia Tática Brasil (2004), Digitofagia (2005) e Naborda (2012). Cria e coordena o Festival arte.mov – Arte em Mídias Móveis (2006-2012) e o Labmovel (2012). Em 2013, recebe menção honrosa no Ars Eletronica, na cidade austríaca de Linz.

Em 2010, é premiado no mesmo evento com o projeto Mobile Crash e, em 2011, tem uma retrospectiva de seus trabalhos apresentada no Laboratório Arte Alameda, na Cidade do México. Em 2012, participa das exposições Tecnofagia, no Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, e da Bienal Zero1, em San Jose, Estados Unidos, com trabalhos comissionados pelos organizadores.

Algumas obras do artista, como Love Stories (1992), Aqui de Novo (2002), Desvios, Derivas e Contornos (2007), testemunham um mundo em trânsito, cujas fronteiras geográficas e as divisões entre “nós e eles” estão indefinidas e habita-se um “entre”. O artista alerta para o fato de que nesse “entre” da cultura das redes, escondem-se estruturas perversas de coerção e invasão de privacidade. O projeto de internet  meta4WALLS (2000), por exemplo, simula um portal de serviços escuso e duvidoso. Enquanto o usuário navega pela oferta de sites ilícitos ou estranhos, o sistema coleta os dados dele. Após algum tempo, esse usuário recebe um relatório em sua tela de navegação, com informações sobre o computador que está utilizando. A ideia é constranger e tornar transparentes alguns mecanismos intrusivos utilizados na internet.

A obra aborda os sistemas instituídos pelas câmeras de vigilância, pelas articulações da internet e pelo conjunto de práticas não autorizadas que ocorrem nas redes que definem boa parte das relações humanas no cotidiano.

Em 2006, Bambozzi desenvolve para a fachada do Sesc Pinheiros, São Paulo, o projeto ‘site-specific’ Multidão. Trata-se de uma parede de vidro de cerca de dezenove metros de extensão e três metros de altura, preparada para receber uma projeção panorâmica com três fontes de vídeo contíguas. Utiliza uma escala de verossimilhança, como se a multidão estivesse presente no local. O projeto é apresentado outras vezes, em diferentes versões, na Cidade do México, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Em maio de 2013, no Viaduto do Chá, por ocasião da Virada Cultural da cidade de São Paulo, Bambozzi encena Multidão 4: uma representação do desentendimento entre grupos, como um embate entre manifestantes que, no fundo, almejam coisas parecidas. Bambozzi busca abrir-se ao outro, estar em contato e enxergar o outro, como alternativa ao individualismo.

Em 2011, constrói Das coisas quebradas, máquina que funciona com um fluxo de informação produzido em interações entre o público e o sistema. A instalação executa o esmagamento de celulares obsoletos ou indesejados em intervalos de tempo dinâmicos, de acordo com o fluxo das ondas eletromagnéticas do ambiente. O trabalho sugere uma crítica com base na condição de todos serem responsáveis pelo que ocorre nos espaços públicos. 

Em trabalhos individuais ou em práticas colaborativas, Lucas Bambozzi se coloca no mundo povoado por sujeitos hiperconectados e, ao mesmo tempo, obcecados pela privacidade. O artista busca, com sua prática, os recursos para a reversão desse sistema. Seus trabalhos ambicionam a conscientização sobre procedimentos alienantes ou invasivos, criando alternativas ao individualismo, ao consumismo e ao fetichismo tecnológico. Questiona também se ainda é possível pensarmos a intimidade como terreno do prazer, da proximidade ou da fruição, uma vez que que todos os espaços são ocupados pela lógica da produtividade, do mercado de trabalho, do consumo e da espetacularização da vida.

 

Espetáculos 1

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Exposições 96

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