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Enciclopédia Itaú Cultural
Dança

Zélia Monteiro

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 10.07.2024
08.03.1960 Brasil / São Paulo / São Paulo
Maria Zélia Bacellar Monteiro (São Paulo, São Paulo, 1960). Dançarina, professora, coreógrafa e diretora. Inicia os estudos em dança em 1975, com a coreógrafa e diretora teatral Solange Caldeira (1948). Em 1977, faz aulas de balé com Maria Melô (1908-1993) e conhece o método de ensino do italiano Enrico Cecchetti (1850-1928), no qual se aprofund...

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Maria Zélia Bacellar Monteiro (São Paulo, São Paulo, 1960). Dançarina, professora, coreógrafa e diretora. Inicia os estudos em dança em 1975, com a coreógrafa e diretora teatral Solange Caldeira (1948). Em 1977, faz aulas de balé com Maria Melô (1908-1993) e conhece o método de ensino do italiano Enrico Cecchetti (1850-1928), no qual se aprofunda como professora.

De 1979 a 1981, integra o Célia Gouvêa Grupo de Dança (1974). De 1982 a 1984, ensaia no Marzipan (1982), na sede do Balé da Cidade de São Paulo (1968), dirigido por Klauss Vianna (1928-1992).

Em 1984, estuda na escola Ballet Renée Gumiel. Em 1985, torna-se assistente de Maria Melô e ensina na academia da antiga professora. No mesmo ano, ingressa no grupo criado e coordenado por Klauss Vianna para investigar a criação em dança. Em 1987, está no elenco do espetáculo Dã-dá Corpo Orixá do Movimento.

Em 1988, com orientação de Klauss, cria o solo Estudo N. 1, pelo qual recebe o Prêmio Lei Sarney de melhor intérprete. Até 1992, trabalha como assistente de Klauss. Cria Pica-pao Brasil (1992), que ganha o Prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte (Apca) de melhor espetáculo.

Em 1993, recebe a Bolsa Vitae de Artes e muda-se para Paris, onde continua as pesquisas coreográficas. Em 1994, estreia Marche, em Paris, no Théâtre Dunois. No ano seguinte, participa do espetáculo Le Long de..., dirigido pela coreógrafa francesa Daria Faïn (1960).

Volta ao Brasil em 1997 e trabalha com Ivaldo Bertazzo (1949) nos espetáculos Palco, Academia e Periferia e Cidadão Corpo. Coordena, também, o projeto social Dança e Educação da União Brasileiro-Israelita do Bem-Estar Social (Unibes), dirigido a crianças e adolescentes.

É premiada pela Apca em 1998, como melhor intérprete, com Cê Vai Indo ou Vem Vindo? No mesmo ano, cria o grupo de pesquisa que, em 2003, constitui o Núcleo de Improvisação1. Em 1999, torna-se professora do departamento de Comunicação das Artes do Corpo da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP).

Com o Núcleo de Improvisação, cria os espetáculos Improviso para Música e Dança (2007), Área de Risco (2008), Por Que Tenho essa Forma? (2009), Espetáculos Imprevisíveis (2010), Desvio para o Chão (2012). É premiada pela Apca, como melhor criadora-intérprete pelo solo 6 Estudos para Flutuar (2010).

Desde 2005, dá aulas de balé na Sala Crisantempo. Funda, em 2012, o Centro de Estudos e Ensino de Balé. Em 2013, seu projeto de pesquisa Coreografia do Instante é contemplado pelo programa Rumos Dança, do Instituto Itaú Cultural.

Análise

Zélia atribui a Klauss Vianna a transformação de sua carreira. Depois da experiência de pesquisa em criação com ele, amadurece sua atuação como intérprete e criadora. Com Klauss, desenvolve uma percepção acurada sobre o papel que as tensões musculares exercem sobre a movimentação. Desenvolve também um ethos do ser artista da dança. Zélia afirma que, no papel de coreógrafo, Klauss aprofunda o que já vinha desenvolvendo como professor. Menos interessado na execução de passos convencionados, tem como objetivo perceber as tensões musculares para desestabilizá-las e, desse modo, chegar o mais próximo possível de um gesto espontâneo.

Mergulhada nessa questão da espontaneidade do gesto, Zélia concebe, em 1988, com a coordenação de Klauss, o solo Estudo N. 1, sua primeira criação autoral. A coreógrafa explica que o solo é fruto do "conhecimento de grupos musculares que fecham e abrem, do apoio dos ossos no chão e da distribuição de tônus no corpo”.

Com duração de cerca de dez minutos, Estudo N. 1 não tem a pretensão de ser um espetáculo. "Vou apresentar uma elaboração espontânea, de acordo com o som que for emitido", anuncia. Para produzi-lo, Zélia conta com a voz de Madalena Bernardes, que tampouco tem partitura fixa: ela desenvolve o canto de maneira conjunta com a bailarina2.

Para quem assiste ao vídeo de Estudo N. 1, ficam evidentes a presença e a entrega de Zélia no palco. O equilíbrio das tensões musculares favorece os movimentos, que vão de baixo ao alto, recolhem-se e expandem-se no espaço, e fogem do cotidiano, sem desestabilizar o corpo. Enquanto isso, a bailarina deixa-se contaminar por emoções intensas.

Suas criações posteriores, como Pica-pao Brasil, Marche e Cê Vai Indo ou Vem Vindo? continuam explorando a espontaneidade do gesto dançado. Seguem o mesmo caminho que ela começa a trilhar com Klauss Vianna e que, depois da morte do coreógrafo, em 1992, passa a nomear de “improvisação”. É uma improvisação que se dá em cena, e não é lançada apenas como instrumento de criação.

Durante toda a carreira, a dedicação como professora financia o trabalho artístico de Zélia Monteiro. Somente aos 33 anos, ela recebe a primeira bolsa para pesquisa de criação, da Fundação Vitae. Mais tarde, aos 45 anos, passa a participar de espetáculos com apoio de editais de fomento. O primeiro deles é o Prêmio Estímulo à Dança, da Secretaria de da Cultura do Estado de São Paulo, que viabiliza Ascese: Pequeno Tratado Sobre o Abismo ou o Jardim das Rochas.

Notas

1 Núcleo de Improvisação em: < http://www.nucleodeimprovisacao.com.br/ >. Acesso em: 15 maio 2013.

2 CAMARGO, José Carlos.Estudo n. 1” oferece chance de ver o trabalho de Klauss Vianna. Folha de S.Paulo, São Paulo, 18 ago. 1988. Ilustrada, p.10.

Espetáculos de dança 1

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