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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Paula Gaitán

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 28.10.2022
18.11.1952
Paula Maria Gaitán Moscovici (Paris, França, 1954). Diretora de cinema. Ao utilizar linguagens variadas e misturar documentário e ficção, abre espaço para liberdades estéticas. Sua obra, caracterizada por tramas dramáticas, apresenta temas recorrentes, como o feminino, seu lugar no mundo como mulher latino-americana, os povos indígenas e a vida ...

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Paula Maria Gaitán Moscovici (Paris, França, 1954). Diretora de cinema. Ao utilizar linguagens variadas e misturar documentário e ficção, abre espaço para liberdades estéticas. Sua obra, caracterizada por tramas dramáticas, apresenta temas recorrentes, como o feminino, seu lugar no mundo como mulher latino-americana, os povos indígenas e a vida artística.Também é artista plástica, fotógrafa e poeta, além de professora de cinema experimental.

Desde o começo de sua trajetória, Paula transita por diferentes linguagens visuais, registrando suas obras por meio de vídeo e escrita e dedicando-se aos estudos de artes plásticas. Filha do poeta colombiano Jorge Gaitán Durán (1924-1962), vive desde a primeira infância na Colômbia. Forma-se em Belas Artes pela Universidade de Los Andes (Bogotá) e em Filosofia pela Universidade Nacional (Medellín), nos anos 1970. Influenciada pela mãe, a escritora, poeta e dramaturga brasileira Dina Moscovici (1929-2020), migra com a família para o Brasil em 1977.

Definindo-se como cineasta colombiano-brasileira, logo se envolve com o cinema brasileiro. Sua estreia se dá com A idade da Terra (1980),o último filme dirigido por Glauber Rocha (1939-1981), com quem desenvolve uma relação pessoal e profissional. A película experimental coloca em cena quatro Cristos do Terceiro Mundo. Por gostar de manipular imagens, ressaltar a simbologia delas e trabalhar traços das artes visuais e da videoarte, Paula assina a direção de arte e o cartaz do filme. Neste, um personagem se encontra em um cenário invertido: o céu está embaixo, e a terra, em cima.

Em 1988, Paula realiza seu primeiro longa-metragem como diretora: Uaka, um misto de documentário e ficção sobre a festa Quarup, rodado na terra indígena do Xingu. Premiado nos festivais de Brasília e de Amiens, na França, o filme é falado na língua kamaiurá e os personagens, todos indígenas, praticamente criam o filme. Por meio de filmagens da aldeia e detalhes do cotidiano, a direção busca retratar os costumes dos moradores, com o mínimo possível de interferência.

Em 1991, a diretora participa de uma série de vídeos sobre os artistas plásticos mais importantes do Brasil. O vídeo, de 43 minutos, gravado em estilo de videoarte, interpreta a obra de Lygia Pape (1927-2004), recriando seu universo visual e sonoro da artista a partir de suas instalações.

No início dos anos 1990, Paula volta para a Colômbia, onde produz documentários para a televisão pública. Retorna ao Brasil nos anos 2000, quando o país vive a retomada da produção cinematográfica. Em 2007, lança Diário de Sintra, documentário sobre seu último ano de convívio com Glauber Rocha e o último ano de vida do diretor, durante a estadia do casal na cidade portuguesa. A partir do arquivo da família (fotos e filmagens em Super-8), Paula transforma imagens antigas e caseiras em material estético para consumo externo. Usa conversas com amigos que convivem com eles em Sintra e entrevista moradores locais para saber se reconhecem Glauber nas fotos. Como resultado, constrói uma série de camadas visuais e sonoras que apresentam um Glauber desconhecido do grande público, um homem de família que oscila entre ternura e amargura.

A iminência da morte reaparece na sua cinematografia quando dirige Sobre a neblina (2013), adaptação do romance homônimo da escritora Christiane Tassis (1967). O filme trata das emoções e dos modos de olhar a vida de um fotógrafo com tumor cerebral.

No mesmo ano, Paula assina a direção de Exilados do vulcão (2013), que aborda figuras femininas gravitando em torno de um personagem desmemoriado. O filme recebe o prêmio de melhor longa-metragem no Festival de Brasília.

Os interesses da artista pela videoarte e pelas questões do feminino voltam a convergir em 2017, no primeiro videoclipe da carreira de Elza Soares (1937-2022), A mulher do fim do mundo, dirigido e montado por Paula. Em dois dias de filmagem e com um orçamento modesto, a diretora realiza um trabalho com o objetivo de revelar o universo da cantora.

De volta ao cinema, Paula embarca em um projeto de duração peculiar: Luz nos trópicos (2020), com quatro horas e meia de duração. A trama do longa evolui, em grande parte, a partir das memórias de Igor, um descendente da etnia indígena Kuikuro que está em busca de sua ancestralidade. Entre Nova York e o Xingu, o filme estabelece uma cartografia para recuperar, em todos os sentidos, um território perdido. A diretora mistura linguagens visuais para construir um panorama colonial dos povos nativos das Américas e suas travessias, simbólicas e literais, conduzindo o espectador em deslocamentos por rios, pântanos e florestas.

Segundo o crítico Eduardo Valente, seja qual for o assunto ou o formato, a cineasta recorre a uma estética própria, afeita à videoarte, permitindo-lhe mexer livremente nas imagens, sem ficar a reboque de determinado contexto ou significado e apostando numa construção imagética cheia de sentimento, uma característica de sua obra.

Paula Gaitán desempenhou variadas funções no audiovisual, como diretora, montadora, atriz, produtora e figurinista, e as cumpriu com interesse ávido pelas muitas camadas envolvidas em uma produção e por todas as possibilidades oferecidas pelas mais diversas linguagens artísticas.

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