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Enciclopédia Itaú Cultural
Música

Zuza Homem de Mello

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 27.08.2024
20.09.1933 Brasil / São Paulo / São Paulo
04.10.2020 Brasil / São Paulo / São Paulo
Fotografia Ivson Miranda/Itaú Cultural

Zuza Homem de Mello, 2014

José Eduardo Homem de Mello (São Paulo, São Paulo, 1933 – idem, 2020). Musicólogo, crítico musical, produtor, engenheiro de som, radialista, instrumentista. Com uma escuta bem informada e abrangente, desempenha um importante papel na pesquisa e divulgação da música popular brasileira e do jazz.

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José Eduardo Homem de Mello (São Paulo, São Paulo, 1933 – idem, 2020). Musicólogo, crítico musical, produtor, engenheiro de som, radialista, instrumentista. Com uma escuta bem informada e abrangente, desempenha um importante papel na pesquisa e divulgação da música popular brasileira e do jazz.

Seu interesse por música popular se inicia na infância, por meio dos programas de rádio de São Paulo e do Rio de Janeiro. Por volta dos 14 anos, começa a escutar jazz e escreve seus primeiros artigos sobre música. O apreço pelo gênero musical estadunidense o leva a escolher o contrabaixo como instrumento, o qual começa a aprender de maneira autodidata, observando músicos da noite paulistana e escutando discos de seus ídolos.

Após um período de atuação amadora, abandona a faculdade de engenharia para tocar profissionalmente. Dedica-se ao aprendizado de contrabaixo e a estudos teóricos com os professores Savino de Benedictis (1883-1971) e Caldeira Filho (1900-1982). Nessa época, já demonstra uma escuta aberta, tocando não apenas jazz tradicional na Paulistânia Jazz Band, mas transitando também por outros estilos, como swing, bebop, samba, baião, bolero e rock.

Em 1957 vai aos Estados Unidos estudar contrabaixo com Ray Brown (1926-2002) na School of Jazz, em Tanglewood, e contraponto, arranjo, teoria e história da música na Juilliard School of Music, em Nova York. O período nesta escola é decisivo em sua trajetória: a partir de então, volta-se para a escrita sobre música. A passagem pelos Estados Unidos também lhe proporciona a oportunidade de frequentar a efervescente cena do jazz e de aprender técnicas de gravação em estúdio, em seu estágio como engenheiro de som na Atlantic Records. Colaborador do jornal Folha da Noite desde 1956, para o qual escreve uma coluna sobre jazz, aproveita o contato direto com músicos para reunir material para seus trabalhos e conhece figuras que, mais tarde, como produtor musical, traz ao Brasil.

Ao retornar ao Brasil, em 1959, é contratado como engenheiro de som na TV Record e assume a função de chefe da mesa de som do Teatro Record durante os festivais de música transmitidos pela emissora nos anos 1960. Torna-se responsável pelas contratações internacionais e coprodução de shows de artistas estrangeiros no Brasil, como Sammy Davis Jr. (1925-1990) e Sarah Vaughn (1924-1990). Nessa época, realiza programas como o Fino da Bossa, cujas gravações são transformadas em um disco produzido por Zuza na década de 1990. Essa experiência lhe possibilita atuar na produção e curadoria de festivais nas décadas seguintes, como o Free Jazz Festival, entre 1985 e 2001. Além de trazer artistas de fora, produz temporadas de artistas brasileiros no exterior, como a turnê de Milton Nascimento (1942) no Japão, em 1988.

Como radialista, lança em 1977, na Jovem Pan, o Programa do Zuza, primeiro no Brasil em que o apresentador também opera a mesa de som. Inspirado pelo estilo descontraído do radialista Renato Macedo, o programa caracteriza-se também por seu aspecto didático, levando ao ouvinte informações técnicas sobre as gravações executadas, seus compositores e contexto de criação, e chamando a atenção para detalhes das canções. Com participação dos ouvintes e repertório eclético, que vai do jazz à música caipira, o programa permanece no ar por 11 anos com transmissão diária.

Paralelamente às atividades no rádio e na TV, dedica-se à escrita de livros sobre música e à crítica musical, colaborando com o jornal O Estado de S. Paulo entre 1978 e 1986, e cobrindo, entre os anos 1970 e 2000, diversos festivais, entre os quais os de Montreux e New Orleans. Assim como no rádio, em seus textos Zuza faz uma ponte entre suas experiências pessoais na cena musical e um denso trabalho de pesquisa, adotando uma linguagem descontraída e acessível. Reconstitui panoramas, elabora perfis biográficos e conta histórias de músicas que se destacam em sua época em obras como A Canção no Tempo (1997), em parceria com o pesquisador Jairo Severiano (1927), A Era dos Festivais (2003) e Eis Aqui os Bossa-Nova (2008). Em Música nas Veias (2007), faz um relato pulsante da noite paulistana e seu início como instrumentista nos anos 1950, além de um ensaio sobre o jazz nova-iorquino e outro a respeito das orquestras de dança da primeira metade do século XX, para o qual reúne uma coleção de 280 discos de música instrumental brasileira.

Seguindo a linha do Programa do Zuza, conduz entre 2013 e 2014 o programa de web-rádio Mergulho no Escuro, no Itaú Cultural, no qual tece comentários a respeito de músicas selecionadas pelo auditório. A partir de 2017, comanda o programa Playlist do Zuza, transmitido semanalmente pela Rádio USP em parceria com a Rádio Batuta, do Instituto Moreira Salles, caracterizado pelo estilo irreverente e pela diversidade do repertório. Em 2018, protagoniza o documentário Zuza Homem de Jazz, sobre sua trajetória e relação com o mundo do jazz. Em 2020, participa do projeto Muito Prazer, Meu Primeiro Disco, série de entrevistas nas quais artistas brasileiros comentam seu álbum de estreia. No mesmo ano, finaliza sua revisão da biografia sobre João Gilberto (1931-2019).

Seja como produtor, incentivando novos talentos e valorizando artistas consagrados, seja como pesquisador, preocupado em trazer as informações de maneira apurada e acessível ao leitor comum, Zuza Homem de Mello é referência incontornável na pesquisa sobre a música popular brasileira e em seu desenvolvimento a partir dos anos 1960.

Mídias (2)

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Zuza, com música nas veias - escrever sobre música
Entrevista gravada em 2015 em São Paulo e Indaiatuba/SP.
Itau Cultural
Zuza, com música nas veias – a revelação musical
Entrevista gravada em 2015 em São Paulo e Indaiatuba/SP.
Itaú Cultural

Fontes de pesquisa 14

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