Marcello Nitsche
![Bolha Vermelha, 1968 [Obra]](http://d3swacfcujrr1g.cloudfront.net/img/uploads/2000/01/004207001013.jpg)
Bolha Vermelha, 1968
Marcello Nitsche
Nylon resinado , chapa galvanizada , tubos sanfonados de plástico e motor exaustor industrial
272,00 cm x 533,00 cm
Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo (SP)
Texto
Marcello Nitsche (São Paulo, São Paulo, 1942 - idem 2017). Pintor, artista intermídia, escultor, desenhista, gravador, professor. Cursa a Faculdade de Belas Artes da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), em São Paulo, onde conclui a licenciatura em desenho, em 1969. Recebe, nesse ano, o prêmio da Prefeitura do Município de São Paulo para obra de pesquisa mais relevante na Bienal Internacional de São Paulo. No início da carreira, atua como gravador, passando logo depois a se dedicar à pintura. Aproxima-se da arte pop, realizando pinturas inspiradas no processo de elaboração da imagem utilizado nas histórias em quadrinhos. Desde os anos 1980, a gestualidade da pintura e a trama de pinceladas passam a ser temas centrais em sua produção. Possui esculturas em espaços públicos, como Garatuja, 1978, uma estrutura modulada, instalada na praça da Sé, e Pincelada Tridimensional, 2000, no parque da Luz, ambas em São Paulo. Em pinturas realizadas a partir de 2001, inspira-se nos códigos de barra, e explora linhas verticais e seqüências de números.
Análise
Marcello Nitsche inicia a carreira como gravador. Logo depois, passa a se dedicar à pintura, trabalhando inspirado pela linguagem da arte pop. Não por acaso, o físico e crítico de arte Mario Schenberg (1914-1990) diz que ele é "o mais pop dos artistas brasileiros".1 Em seus quadros, apropria-se das histórias em quadrinhos, com ironia e senso de humor. A partir de 1965, inicia um processo de afastamento da tinta e do pincel, passa a trabalhar com imagens gráficas e formatos objetivos e não convencionais. O trabalho politizado Aliança para o Progresso, 1965, é exemplar desta fase.
Em 1968, realiza Bolhas, grandes esculturas infláveis, que expõe no Salão de Brasília e na Bienal Internacional de São Paulo. Segundo a crítica Aracy Amaral, esses infláveis são "um dos pontos mais altos da criatividade brasileira daquela década, ambientais e instigantes, vinculam a obra com o público participante e seu contexto".2 Em 1969, faz seu primeiro filme: Acrilírico. Dois anos depois, continua essa produção. Faz cinema experimental em Super-8, com as obras O Mar e Cubo de Fumaça.
Durante a primeira metade da década de 1970, realiza outros filmes. Co-dirige o curta-metragem Superfícies Habitáveis, 1973 e faz Auto-Retrato e Costura:, 1975. Esses trabalhos demonstram um interesse crescente do artista pela apropriação de gêneros e elementos consagrados da tradição artística. Dentro dessa linha de pesquisa, em 1978, realiza a escultura Garatuja, uma grande estrutura modulada, que imita um dos gestos da pintura: a garatuja. A peça é colocada na Praça da Sé, em São Paulo, sendo a primeira de uma série de trabalhos tridimensionais exibidos em locais abertos.
Nos anos 1980, os elementos gestuais da pintura se transformam no principal assunto do trabalho de Nitsche. O artista toma as pinceladas livres e os gestos espontâneos, e os converte em signos gráficos. O trabalho torna-se cada vez mais complexo. Ao invés de lidar com um gesto, passa a trabalhar a trama de pinceladas. Na escultura Pincelada Tridimensional, 2000, uma malha de gestos é convertida em forma gráfica, formalizada como objeto tridimensional e depois instalada no Parque da Luz, em São Paulo. Essas formas gestuais e objetivadas são exploradas durante as décadas de 1980 e 1990. Em 2001, desenvolve uma nova série de pinturas que se inspiram nos códigos de barra. Segundo a historiadora Ana Maria Belluzzo, "os quadros modulados por linhas verticais e marcados por números, são pinturas reduzidas, particularizadas pela variação de mínimos elementos [...] A exploração das possibilidades do próprio código de barras, abre uma nova etapa de investigação para Marcello Nitsche, que individualiza e diversifica cada quadro, cada série, cada múltiplo".3
Notas
1. SCHENBERG, Mario. Marcelo Nitsche. In: ______. Pensando a arte. São Paulo: Nova Stella, 1988. p. 41.
2. AMARAL, Aracy. Olhando os fragiles de Nitsche. In: ______. Arte e meio artístico: entre a feijoada e o x-burguer : 1961 - 1981. São Paulo: Nobel, 1983. p. 357.
3. NITSCHE, Marcello. O código universal da pintura versus; o código universal dos produtos. São Paulo: Galeria São Paulo, 2002.
Obras 8
Aliança para o Progresso
Bolha Vermelha
Buum!
Costura da Montanha
Garatuja
Espetáculos 1
Exposições 205
Links relacionados 1
Fontes de pesquisa 29
- 150 anos de pintura no Brasil: 1820-1970. Rio de Janeiro: Colorama, 1989.
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- AMARAL, Aracy. Olhando os fragiles de Nitsche. In: ______. Arte e meio artístico: entre a feijoada e o x-burguer: 1961-1981. São Paulo: Nobel, 1983.
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Como citar
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MARCELLO Nitsche.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa10447/marcello-nitsche. Acesso em: 03 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7