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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Iatã Cannabrava

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 08.08.2024
14.08.1962 Brasil / São Paulo / São Paulo
Iatã Cannabrava (São Paulo, São Paulo, 1962). Fotógrafo, editor, curador, produtor, gestor cultural. Dedica-se à fotografia e ao fomento do circuito fotográfico nacional e latino-americano.

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Iatã Cannabrava (São Paulo, São Paulo, 1962). Fotógrafo, editor, curador, produtor, gestor cultural. Dedica-se à fotografia e ao fomento do circuito fotográfico nacional e latino-americano.

Sai do Brasil aos oito anos de idade, obrigado a acompanhar o exílio político de seus pais (1970). Vive por dez anos em diversos países da América Latina1. Em Cuba, aos quinze anos, adquire sua primeira câmera fotográfica, soviética, de lente fixa e corpo de plástico. Desde então, não deixa mais o ofício de fotógrafo. No Panamá (1978), é convidado pelo cineasta Pedro Rivera Ortega (1939), então diretor do Grupo Experimental de Cine Universitario da Universidade do Panamá, para trabalhar no laboratório fotográfico da instituição, onde aprende sobre fotografia analógica. Em seu retorno ao Brasil (1980), é contratado como fotógrafo no Colégio Equipe, como forma de financiar seus estudos na própria escola. Integra a militância política do Partido Democrático Trabalhista (PDT) e atuar como fotojornalista freelancer para veículos como a Folha de S. Paulo.

A juventude no exílio marca profundamente seu processo criativo. Desenvolve seus principais projetos em séries de fotografias de caráter social, como em Uma outra cidade, em que aborda a paisagem urbana das principais metrópoles latino-americanas e suas periferias, como São Paulo, Lima, Caracas e La Paz. O ensaio, realizado em mais de vinte e cinco anos, é marcado pela diversidade territorial e pela unidade cromática, revelando o caráter documental da fotografia de Iatã. Além de ser exposto como individual em diversas instituições, como a Pinacoteca de São Paulo (Pina_), em 2004, também assume a forma de workshops e é publicado como fotolivro (2009). Segundo Iatã, as imagens "escancaram a contraparte da modernização das metrópoles e do projeto de emancipação sociocultural sonhado pelo ideário republicano”2.

Outro trabalho importante, seminal de sua carreira, é Negro: Um Ensaio Fotográfico. A série produzida em 1988 e exposta na Galeria Fotoptica em São Paulo (1990), explora através de dois personagens a mística e a mitologia que envolvem a pele negra no país.

Além da atividade como fotógrafo, Iatã cria e coordena uma série de projetos fotográficos importantes, incorporando a experiência da militância política. Enquanto presidente da União dos Fotógrafos de São Paulo (1989-1994), dirige a quarta e quinta edição da Semana Paulista de Fotografia (1990-1991)3, em que promove eventos e exposições em torno da imagem e o movimento cultural na cidade.

Em 2002, cria o Estúdio Madalena, em São Paulo, produtora cultural que tem como tema central a criação e a difusão fotográfica. A frente da instituição, realiza a curadoria de diversas exposições e workshops, e desenvolve um selo editorial voltado para fotolivros, a Editora Madalena, com a publicação de mais de 40 títulos, como Amazônia Ocupada (2015), de João Farkas (1955). Entre os projetos desenvolvidos no Estúdio, destacam-se aqueles que envolvem fotografia, documentação, trabalho coletivo, questões sociais e ativismo político: Revele o Tietê que Você Vê (1991), uma expedição documental, política e ecológica pelas cidades ribeirinhas do Tietê, projeto precursor em utilizar a fotografia como ferramenta de denúncia social e ambiental; Foto São Paulo (2001), uma jornada fotográfica pela recuperação do centro da cidade; Povos de São Paulo – Uma Centena de Olhares sobre a Cidade Antropofágica (2004), um mapa histórico-sentimental-étnico da capital paulista; e Expedição Cívica, Ecológica e Fotográfica De Olho nos Mananciais (2008), que realiza, através de expedições, uma documentação das represas Billings e Guarapiranga.

Colecionador de livros de fotografia4, Iatã publica alguns de seus ensaios como fotolivros. Entre eles: Casas Paulistas, fragmentos de uma utopia urbana (2000), em que traça um panorama dos conceitos de morar ao longo da história de São Paulo; e O Pagode Russo (2014), ensaio produzido enquanto participa do Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes5, em 1985, na Rússia. As imagens testemunham o início do fim da Guerra Fria e desconstroem a ideia de uma União Soviética fria e dura.

Como curador realiza diversas exposições sobre fotografia, como a Mostra Fotoclubismo Brasileiro (2006), no Museu da Imagem e do Som (MIS), São Paulo, em que traça uma retrospectiva histórica sobre o fotoclubismo no Brasil; e Moderna Para Sempre - Fotografia Modernista Brasileira na Coleção Itaú, apresentada em diversas instituições, como na Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre,  em 2018. A mostra reúne obras de importantes fotógrafos brasileiros da Coleção Itaú de Fotografia, como Thomaz Farkas (1924-2011) e Geraldo de Barros (1923-1998)

É co-fundador e dirige iniciativas fundamentais para a fotografia contemporânea, como o Festival Internacional de Fotografia de Paraty - Paraty em Foco6, que dirige por dez anos (2006-2015); o Fórum-Latino Americano de Fotografia de São Paulo (2009)7; a Rede de Produtores Culturais da Fotografia no Brasil (2010)8; e o Valongo - Festival Internacional da Imagem, em Santos (2016), voltado não só para a fotografia e o vídeo, mas para a expansão da imagem contemporânea.

Desde o início de sua carreira, Iatã Cannabrava contribui para fortalecer a fotografia no circuito artístico brasileiro e latino-americano. Por meio do Estúdio Madalena, empreende uma série de iniciativas que colaboram com a formação e manutenção de uma rede de fotógrafos e instituições, promovendo a pesquisa, o fomento e a circulação da fotografia.

Notas

1.  La Paz (Bolívia), Lima (Peru), Havana e Isla de la Juventud (Cuba), Cidade do Panamá (Panamá).

2.  Texto curatorial da exposição Uma outra cidade, um outro tempo | Iatã Cannabrava, com curadoria de Rubens Fernandes Junior (1949), na Casa da Imagem, do Museu da Cidade de São Paulo, de 27 de agosto a 23 de outubro de 2022.

3. A Semana Paulista de Fotografia tem sua primeira edição em 1985, como parte da Semana de Fotografia da União dos Fotógrafos de São Paulo, à época dirigida pelo fotógrafo paulista André Bocatto (1954).

4. Parte da coleção de fotolivros de Iatã Cannabrava é doada ao Instituto Moreira Salles (IMS) em 2018 e integra a biblioteca de fotografia do IMS Paulista como Coleção Iatã Cannabrava.

5. O Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes é um evento internacional organizado desde 1947 pela Federação Mundial da Juventude Democrática, uma organização de juventude de esquerda, em conjunto com a União Internacional de Estudantes.

6. Paraty em Foco é um festival internacional de fotografia realizado, desde 2005, anualmente na cidade de Paraty, consolidando-se como o mais antigo festival de fotografia em atividade ininterrupta do Brasil.

7. O Fórum-Latino Americano de Fotografia de São Paulo é realizado a cada três anos pelo Itaú Cultural em parceria com o Estúdio Madalena, oferecendo um espaço de debates sobre a fotografia na América Latina.

8. A Rede de Produtores Culturais da Fotografia no Brasil (RPCFB) é um movimento político de valorização e fortalecimento das atividades de produção cultural no campo fonográfico.

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