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Enciclopédia Itaú Cultural
Cinema

Fernando Meirelles

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 15.05.2017
09.11.1955 Brasil / São Paulo / São Paulo
Fernando Meirelles (São Paulo, São Paulo, 1955). Diretor e produtor de cinema e TV, publicitário. Durante o ano de 1967 reside, com a família, no Estado da Califórnia, Estados Unidos. Em 1974, mora um ano em Paris. Em 1975, ingressa na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP). Na graduação, é cineclubista, real...

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Biografia
Fernando Meirelles (São Paulo, São Paulo, 1955). Diretor e produtor de cinema e TV, publicitário. Durante o ano de 1967 reside, com a família, no Estado da Califórnia, Estados Unidos. Em 1974, mora um ano em Paris. Em 1975, ingressa na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP). Na graduação, é cineclubista, realiza filmes em Super 8, vídeos de animação e é um dos editores da revista Cine-Olho, publicada entre 1976 e 1979.

Depois de formado, é um dos criadores da primeira produtora de vídeos independentes do país, a Olhar Eletrônico (1983-1987). Logo no primeiro ano, a empresa realiza os vídeos Marly Normal (1983), Garotos do Subúrbio e Brasília, premiados no Festival Video-Brasil.  A produtora é responsável por importantes programas experimentais para a TV, tais como o Antenas1 (1983), Ernesto Varela2 (1983-1987), protagonizado por Marcelo Tas (1959); Crig Há(1985) entre outros. Em 1988, com o fim da produtora, Meirelles é responsável pelo programa infantil e experimental Rá Tim Bum e o TV Mix, programa de 6 horas de duração na TV Gazeta. Em um dos seus programas é exibido durante 45 min, um aquário na tela. Em 1991, funda com Paulo Morelli a produtora O2, que se torna uma das maiores do país, dedicando-se à direção, roteiro e produção de comerciais, séries de TV, programas políticos, filmes de curtas e longas-metragens.

Em 1997, é um dos diretores da série A Comédia da Vida Privada, exibida pela Rede Globo. Em 1998, dirige o curta E no Meio Passa um Trem, vencedor de oito prêmios nacionais. Neste mesmo ano, lança o seu primeiro longa O Menino Maluquinho 2, a Aventura (1998). Em 2000, dirige com Kátia Lund o curta “Palace II”, episódio de Brava Gente Brasileira, série exibida na Globo, ganhadora de dez prêmios nacionais. Em 2001, lança o longa Domésticas, com seis prêmios nacionais e internacionais. Cidade de Deus (2002), com codireção de Kátia Lund (1966), sucesso de público e crítica, obtém mais de 20 prêmios nacionais e internacionais, e é indicado em quatro categorias do Oscar, incluindo a de Melhor Diretor para Meirelles. Lança no mesmo ano a série de TV Cidade dos Homens (2002-2005).  Inicia a carreira internacional de cineasta com O Jardineiro Fiel (2005), vencedor de mais de seis prêmios internacionais. Em 2008, lança Ensaio sobre a Cegueira, filme de abertura do Festival de Cannes (2008). No ano seguinte, dirige a série com coprodução da TV Globo, O Som e a Fúria (2009), vencedora do prêmio de Melhor Série pela Associação Paulista de Críticos de Arte (Apca). Em 2011, realiza o longa 360, com o ator Anthony Hopkins (1937). No ano seguinte é codiretor, com Cesar Charlone (1958), de A Musa, um dos curtas que compõe o longa Rio Eu Te Amo (2013) e, em 2015, é responsável pela série Os Indiferentes (2015), coprodução da O2 com a TV Globo.

Análise
Os filmes de Fernando Meirelles, diferentes entre si nos temas, têm em comum a montagem ágil, com curta duração de cada plano, enfatizando o desenvolvimento da narrativa4. Nesse sentido, os roteiros são fundamentais e a eles se aliam a vivência profissional na TV e a direção de filmes publicitários. Na Olhar Eletrônico, por exemplo, a produção é marcada pela diversidade de projetos executados em pouco tempo. Seus programas, em geral cômicos, diluem as fronteiras entre a reportagem e a ficção, como, por exemplo, a interação entre o personagem fictício Ernesto Varella e o público nas ruas. Iracema, Uma Transa Amazônica (1976) de Jorge Bodansky (1940) e Orlando Senna (1940) é referência para o cineasta, pelo modo como apresenta os limites entre documentário e ficção. Segundo Meirelles5, esse filme que o leva para a carreira no cinema, pois, além do documental presente na história, procura a espontaneidade da câmera e a comicidade. Elementos visíveis em Cidade de Deus, por exemplo.

Menino Maluquinho 2, a Aventura é o primeiro longa de Meirelles, e marca seu retorno ao universo infantil, após o programa da TV Cultura Rá Tim Bum. Diferente dos anteriores, o Menino Maluquinho 2 tem narrativa linear e procura a comunicação com o público. Narra, de modo ágil e linear, as peripécias da criança, em tom onírico e idealizado. O projeto de Domésticas é baseado em centenas de horas de entrevistas com trabalhadoras domésticas reais, fonte da maioria dos diálogos, resultando em um filme de depoimentos, como um documentário, e diálogos realizados por atores amadores e profissionais. O projeto, em forma de crônica, é apresentar o universo desta categoria profissional, para dar voz ao grupo6. A visão de mundo do filme está calcada na visão de mundo das cinco protagonistas.

Em Cidade de Deus, adaptado livro homônimo de Paulo Lins (1958), intérpretes amadores atuam como protagonistas. No longa, há várias tramas simultâneas, com personagens e situações que se interconectam para levar o espectador a perceber o contexto sociocultural e poético do local em que a trama acontece. O filme conta a história do protagonista Buscapé e a de seu amigo de infância Zé Pequeno. Com caminhos distintos trilham suas vidas junto ao tráfico de drogas na favela Cidade de Deus. O Jardineiro Fiel, adaptado do romance homônimo de John Le Carré (1931), é o primeiro longa internacional do diretor. O thriller, fiel ao romance, trata do poder das indústrias farmacêuticas no Quênia por meio do protagonista que investiga a morte de sua esposa, uma ativista que denuncia a atuação dessas indústrias.

Notas

1 O Antenas surge de um convite do jornalista Goulart de Andrade (1933) para a Olhar Eletrônico a fim de preencher parte da programação de seu programa, o 23ª hora, um mix de reportagens e vídeos exibidos nas madrugadas de sábado na TV Gazeta.

2 Programa de reportagens com o personagem fictício para a TV Abril.

3 Programa semanal de variedades para a TV Gazeta.

4 EDUARDO, Cléber. O Jardineiro fiel. Contracampo. Crítica. Disponível em: < http://www.contracampo.com.br/75/jardineirofiel.htm >. Acesso em:  21 dez. 2015.[5] CAETANO, Maria do Rosário. Fernando Meirelles: obra imatura. São Paulo: Imprensa Oficial, 2007. p.73.

6 Idem. Ibidem, p. 139.

Obras 1

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Exposições 5

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Fontes de pesquisa 4

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  • BENTES, Ivana. Sertões e favelas no cinema brasileiro contemporâneo: estética e cosmética da fome. Alceu: Revista de Comunicação, Cultura e Política. Rio de Janeiro, v.8, n.15, jul./dez. 2007. Disponível: < http://revistaalceu.com.puc-rio.br/media/alceu_n15_bentes.pdf >.
  • CAETANO, Maria do Rosário. Fernando Meirelles: obra imatura. São Paulo: Imprensa Oficial, 2007.
  • EDUARDO, Cléber. O Jardineiro fiel. Contracampo. Crítica. Disponível em: < http://www.contracampo.com.br/75/jardineirofiel.htm >. Acesso em: 21 dez. 2015.
  • XAVIER, Ismail. Humanizadores do Inevitável. Alceu, Rio de Janeiro, v.8, n.15, p.262-263, jul./dez. 2007. p. 256-270.

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