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Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Dionísio Neto

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 13.07.2021
29.12.1971 Brasil / Maranhão / São Luís
Dionísio Moraes da Silva Neto (São Luís, Maranhão, 1971). Autor, diretor e ator. Um dos dramaturgos representativos da década de 90 no panorama paulista, marcado por um discurso poético, verborrágico e fragmentado, repleto de referências à cultura urbana contemporânea. Dirige e atua em suas próprias peças, atuando também em encenações de José Ce...

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Dionísio Moraes da Silva Neto (São Luís, Maranhão, 1971). Autor, diretor e ator. Um dos dramaturgos representativos da década de 90 no panorama paulista, marcado por um discurso poético, verborrágico e fragmentado, repleto de referências à cultura urbana contemporânea. Dirige e atua em suas próprias peças, atuando também em encenações de José Celso Martinez Corrêa, Antunes Filho, Gerald Thomas e Bia Lessa.

Inicia-se como ator em 1992, o elenco de Ricardo II, de William Shakespeare, direção de Marcio Aurelio, com o grupo Razões Inversas. Logo a seguir, liga-se ao Centro de Pesquisa Teatral, CPT, de Antunes Filho, figurando no elenco de Vereda da Salvação, de Jorge Andrade, 1993. Volta ao Teatro Oficina para atuar em Ham-let, baseado em Shakespeare, com adaptação e direção de José Celso Martinez Corrêa.

Escreve e dirige em 1996 Opus Profundum, parte de uma trilogia que comporta ainda Perpétua, destacando o ator Leonardo Medeiros, e Desembestai!, ambas de 1997. Sobre Perpétua escreve o crítico Alberto Guzik: "Talento jovem para surpreender - Perpétua descortina a presença de um dramaturgo inquieto, que escreve com inteligência e vivacidade, sem medo de aliar ao mesmo texto doses iguais de histórias em quadrinhos e filosofia. O mundo imaginário de Dionísio Neto certamente ainda vai nos trazer mais surpresas".1

Em 1997 está no elenco de Os Reis do Iê-Iê-Iê, realização de Gerald Thomas, e, no ano seguinte, em As Três Irmãs, encenação de Bia Lessa.

Junto com a atriz Samantha Monteiro, em 1997, cria a The Solitary Goats Theatre Industry of Brazil, uma companhia de repertório que se encarrega da montagem de sua produção dramática. No ano de 2000 surgem três novos textos de sua autoria: Corações Partidos e Contemplação de Horizontes, com produção da Companhia Cachorra, um grupo formado por três atrizes-cantoras-performers; Antiga, A Milagrosa História da Imagem Que Perdeu Seu Herói, direção de Sérgio Ferrara; e O Dia Mais Feliz da Sua Vida, direção de Marcia Abujamra, montagem integrante da Mostra de Nova Dramaturgia, pelo Teatro Promíscuo, de Renato Borghi, em 2002. A crítica Mariângela Alves de Lima escreve sobre Antiga: "A liberdade das articulações entre o discurso verbal e a imagem, a profusão de elementos de impacto sensorial, a forte presença dos intérpretes que não submergem no aparato cenográfico e se mantêm sempre visíveis, com muito vigor, à frente da dinâmica do espetáculo, fazem com que o teatro não seja contrafação, mas uma aventura 'real' através do falso".2

Analisando a trajetória do autor-diretor, a crítica e teórica Sílvia Fernandes esclarece: "Também nos textos de Dionísio Neto é clara a incorporação de recursos de cena e atuação, talvez como resultado da influência dos diretores Antunes Filho e Gerald Thomas, com quem trabalhou. A par disso, é visível a filiação do dramaturgo ao teatro de Zé Celso [Martinez Corrêa], de quem empresta a urgência de ser cronista de seu tempo. De fato, a violência da grande cidade brasileira explode no registro do tecido social esgarçado nas cenas de Desembestai!, em que marginais e artistas associam a discussão existencial ao crime, às drogas e à descrença, enquanto adolescentes praticam crimes macabros, lembrando certas passagens do Roberto Zucco, de Bernard-Marie Koltès. Em Opus Profundum, que chegou a oito versões, modificadas no processo de montagem, Dionísio se inspira em Tongues, de Sam Shepard, para criar a estrutura de um show que progride segundo variações rítmicas, intercalando dança, teatro e música numa espécie de móbile dramático, registrado em rubricas. A 'peça-show para atores, cantores e banda de rock' mistura autobiografia a figuras da mídia, música a monólogos líricos de amor e solidão, coreografias de street dance a descrições de batida policial, num tensionamento simultâneo entre palco e rua. Tanto o desdobramento numa sucessão de quadros independentes, que desmaterializa a trama, quanto a ausência de qualquer substância estável de personagens, transformados nas figuras-clichê de Antiga - A Milagrosa História da Imagem Que Perdeu Seu Herói, caracterizam a proliferação de vozes heterogêneas em que se converte a escrita teatral de hoje".3

Notas

1. GUZIK, Alberto. Sem Título Matéria cedida por Dionisio Neto. Jornal da Tarde, s/ data.

2. LIMA, Mariângela Alves de. Antiga põe na arena luta com aparências. O Estado de S. Paulo, 26 de outubro de 2001.

3. FERNANDES, Sílvia. A violência do novo. Bravo, São Paulo, p. 134-139, dez. 2001.

Espetáculos 39

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Fontes de pesquisa 7

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  • ALBUQUERQUE, Johana. Dionisio Neto (ficha curricular) In: ___________. ENCICLOPÉDIA do Teatro Brasileiro Contemporâneo. Material elaborado em projeto de pesquisa para a Fundação VITAE. São Paulo, 2000.
  • EICHBAUER, Hélio. [Currículo]. Enviado pelo artista em: 24 abr. 2011. Não catalogado
  • FERNANDES, Sílvia. A violência do novo. Bravo, São Paulo, p. 134-139, dez. 2001.
  • LIMA, Mariangela Alves de. O teatro paulista. Sete Palcos, Coimbra, Portugal, n. 3, set. 1998.
  • Programa do Espetáculo - A Casa de Bernarda Alba - 2003. Não Catalogado
  • Programa do espetáculo - Desconhecidos. Não catalogado
  • Programa dos Espetáculos - Comala e A Besta de Nuremberg - 1993. Não Catalogado

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