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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Decio Tozzi

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 02.06.2023
18.01.1936 Brasil / São Paulo / São Paulo
Decio Tozzi (São Paulo, São Paulo, 1936). Arquiteto. Ingressa na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie (FAU/Mackenzie) em 1956, formando-se em 1960. Durante o curso, vence o concurso para a Casa do Paraplégico, em apoio a campanha beneficente liderada, por Gregori Warchavchik (1896-1972) entre outros. O pro...

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Decio Tozzi (São Paulo, São Paulo, 1936). Arquiteto. Ingressa na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie (FAU/Mackenzie) em 1956, formando-se em 1960. Durante o curso, vence o concurso para a Casa do Paraplégico, em apoio a campanha beneficente liderada, por Gregori Warchavchik (1896-1972) entre outros. O projeto, desenvolvido sob a orientação do arquiteto russo, é premiado no 8º Salão de Arte Moderna de São Paulo de 1959, com menção honrosa. Em 1962, funda o escritório Decio Tozzi Arquitetura e Urbanismo, recebendo prêmios no Salão de Arte Moderna de São Paulo e na Bienal Internacional de São Paulo. Pelo conjunto da obra, conquista os prêmios Rino Levi, do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), de 1971, e o conferido em 1976 na Exposição Nacional de Arquitetura do 9º Congresso Brasileiro de Arquitetos

Além da prática, dedica-se à atividade docente e de pesquisa. De 1962 a 1964, dá aulas de projeto na FAU/Mackenzie. Em 1967, passa no concurso para professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP), mas assume o cargo apenas em 1981, ministrando as disciplinas Trabalho de Graduação Integrado (TGI) e projeto até 1983 e 1994, respectivamente. Na década anterior, em 1972, é contratado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Católica de Santos (FAU/Santos), também como professor de projeto, permanecendo no cargo até 1983. Durante esse período, realiza a dissertação de mestrado, Leitura de um Período de Produção: Obra do Arquiteto Decio Tozzi 1960/1980, defendida em 1981. Participa do departamento paulista do IAB como membro da diretoria no biênio 1970-1971 e 2º vice-presidente na gestão 2004-2005. Projeta o Parque Villa-Lobos (1994), em São Paulo e, em seu livro Arquiteto Decio Tozzi (1995), apresenta seus principais trabalhos. 

Análise

Formado durante a construção de Brasília, Decio Tozzi compartilha com Vilanova Artigas (1915-1985), principal expoente da chamada Escola Paulista, a convicção de que os arquitetos devem contribuir para a transformação social do país, investir em uma construção civil moderna por meio da racionalização do desenho, mecanização do canteiro de obras e pelo uso do concreto armado como sistema construtivo preferencial. A escolha baseia-se na disponibilidade dos materiais que o compõe e no conhecimento acumulado sobre a técnica desde o início do século XX no Brasil.

O concreto armado, marca indelével da obra de Tozzi, coincide com o anseio por novos caminhos para a arquitetura, formulados desde os anos 1950. Inspira o Depoimento, publicado por Oscar Niemeyer (1907-2012) em 1958, apoiado por Artigas e pelo crítico Mário Pedrosa (1900-1981) no mesmo ano1. No artigo, o arquiteto carioca afirma que busca “a simplificação da forma plástica e o seu equilíbrio com os problemas funcionais e construtivos” para realizar edifícios que não se exprimam “por seus elementos secundários, mas pela própria estrutura, devidamente integrada na concepção plástica original”2. Rico em sugestões, o depoimento repercute entre os arquitetos paulistas em meio à experiência precursora de Affonso Eduardo Reidy (1909-1964), no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ), em 1953, e a desenvolvida por Le Corbusier (1887-1965) desde a Unidade de Habitação de Marselha (1946-1953).

Em seus projetos, Tozzi explora as características técnicas e plásticas do concreto armado, definindo os ambientes de acordo com suas necessidades funcionais e de estrutura, cujo desenho seriado é inspirado na lógica industrial. Exemplos são: a Escola Técnica de Comércio (1963-1969), Santos; a Escola do Jardim Ipê (1965-1968), São Bernardo do Campo, São Paulo; as residências Carlos Pereira Paschoal (1962), Sorocaba, São Paulo; Romeu Del Negro (1965-1967), São Paulo e Eduardo Álvaro Vieira (1974-1980), Sorocaba. Se é perceptível o diálogo com a produção contemporânea, é notável a especificidade da obra de Tozzi na tentativa de desenvolver uma linguagem própria com base no jogo de luz sobre os planos e os volumes de concreto. Captada na cobertura por sheds3 que dinamizam a volumetria de seus edifícios, a luz natural  transforma os espaços ao longo do dia e proporciona, nas palavras do arquiteto, “a desestruturação da rígida organização espacial tradicional, abrindo, com total liberdade de planta, o interior a novas relações espaciais [e sociais]”4. Esses aspectos também são garantidos pela estrutura independente e cobertura única. Tozzi concebe espaços centrais de pé-direito duplo para onde convergem os ambientes, a circulação vertical e horizontal e a luz zenital. Estabelece novas relações por meio de espaços flexíveis e fluidos, que permitem integração entre os ambientes e entre o edifício e a cidade. Presente nos trabalhos anteriores, essa proposta é retomada no Edifício Spazio 2222 (1996) e no Fórum Trabalhista Ruy Barbosa (2004), ambos em São Paulo, com maior efeito nesse último.

A relação entre arquitetura e paisagem é recorrente. Tozzi adapta seus edifícios à topografia local, fazendo com que o objeto arquitetônico sirva de contraponto entre homem e a natureza. É o que se vê na Residência Carlos Pereira Paschoal ou no Estádio Distrital Baeta Neves (1968-1971), em São Bernardo do Campo. Procura, ainda, assimilar os dados da paisagem no desenho do edifício, tornando-o mais livre e curvilíneo, como na sede e na capela da Fazenda Veneza (1970), Valinhos, São Paulo, e na Residência Carmem Heloisa Ferraz Carvalhal (1977), Ibiúna, São Paulo. 

Notas

1. XAVIER, Alberto (Org.). João Batista Vilanova Artigas, revisão crítica de Niemeyer [1958]. In: Depoimento de uma geração: arquitetura moderna brasileira. São Paulo: Cosac & Naify, 2003, p. 240 e Idem, Mário Pedrosa, Depoimento de Oscar Niemeyer [1958]. Idem, p. 241-244.

2. Idem, ibidem, p. 239. 

3. Aberturas no teto de uma construção que permitem que a luz natural entre no local. São muito utilizados em fábricas. 

4. TOZZI, Decio. Arquiteto Decio Tozzi. São Paulo: D'Auria, 2005, p. 315.

Exposições 2

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Fontes de pesquisa 12

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  • ARQUITETO DECIO TOZZI. Cadernos Brasileiros de Arquitetura v. 4. São Paulo: Projeto Editores Associados, 1978. 96p., il. p&b.
  • BONDUKI, Nabil. Affonso Eduardo Reidy. Lisboa: Editorial Blau, 2000. 216 p., il color.
  • DEPOIMENTO de uma geração: arquitetura moderna brasileira. rev. ampl. Organização Alberto Xavier. São Paulo: Cosac Naify, 2003.
  • LEMOS, Carlos Alberto Cerqueira. Arquitetura brasileira. São Paulo: Melhoramentos, 1979.
  • LES Libraries.FR. 1000 et un Brésils. Disponível em: https://www.leslibraires.fr/livre/1657548-1000-et-un-bresils-fernando-barata-jaildo-mar--christine-frerot-gerard-xuriguera-vincent-ros---espace-jean-legendre.
  • SEGAWA, Hugo. Arquiteturas no Brasil, 1900-1990. 2.ed. São Paulo: Edusp, 1999.
  • TOZZI, Decio. Arquiteto Decio Tozzi. São Paulo: D'Auria, 2005. 335p., il. p&b.
  • TOZZI, Decio. Leitura de um período de produção: obra do arquiteto Decio Tozzi 1960/1980. 1981. 278 f. Dissertação (Mestrado em Estruturas Ambientais Urbanas) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1981.
  • VASCONCELOS, Augusto Carlos de. O concreto no Brasil. Pini [São Paulo, Brazil], [19]92. 2 v.
  • WISNIK, Guilherme. Modernidade congênita. In: FORTY, A. e ANDREOLI, E. (Org.). Arquitetura moderna brasileira. Londres: Phaidon Press, 2004. 240p., Il. p&b.
  • WOLF, José. Décio Tozzi. Arquitetura e urbanismo, São Paulo, n. 52, p. 79-86, fev./mar. 1994.
  • XAVIER, Alberto; CORONA, Eduardo; LEMOS, Carlos (org.). Arquitetura moderna paulistana. São Paulo: Pini, 1983.

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