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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Belo Horizonte

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 10.06.2024
12.12.1897
Projetada em 1895 e inaugurada em 12 de dezembro de 1897 como capital administrativa do Estado de Minas Gerais, Belo Horizonte nasce moderna em sua concepção e traçado. A necessidade de criação de um novo centro urbano para Minas, sede do controle político-administrativo, se impõe com o processo de autonomização dos Estados brasileiros, celebrad...

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Projetada em 1895 e inaugurada em 12 de dezembro de 1897 como capital administrativa do Estado de Minas Gerais, Belo Horizonte nasce moderna em sua concepção e traçado. A necessidade de criação de um novo centro urbano para Minas, sede do controle político-administrativo, se impõe com o processo de autonomização dos Estados brasileiros, celebrado pela Constituição de 1891, ao instituir o regime federalista. A antiga capital, Ouro Preto, ligada à mineração em declínio desde fins do século XVIII, não corresponde às tentativas de promover o desenvolvimento da segunda unidade do país, em termos de população e possibilidades econômicas. Erguida sobre o Arraial de Belo Horizonte, antigo curral d’El Rey, a cidade é projetada pela Comissão Constitutiva da Nova Capital, dirigida pelo engenheiro politécnico Aarão Reis (1853-1936). A escolha do sítio se dá pela sua proximidade do centro geográfico do Estado e de sua fisionomia natural, espécie de anfiteatro localizado na parte mais baixa de uma encosta da Serra do Curral.

A formação positivista de Aarão Reis reverbera numa concepção de espaço urbano apoiada nos avanços da ciência e da técnica. O desenho da cidade obedece às leis de ordenamento e simetria, às necessidades de integração das funções urbanas, assim como aos imperativos modernos da circulação e da higienização. Em ofício de 23 de março de 1895, ele apresenta o plano da nova capital: “Foi organizada a planta da futura cidade dispondo-se na parte central, no local do antigo arraial, a área urbana de 8.815.382 metros quadrados, dividida em quarteirões de 120 x 120 metros, que se cruzam em ângulos retos e por algumas avenidas que os cortam em ângulos de 45 graus. Às ruas fiz dar a largura de 20 metros, necessária para a conveniente arborização, a livre circulação dos veículos (...). Às avenidas fixei a largura de 35 metros, suficiente para dar-lhes a beleza e o conforto que deverão, no futuro, propiciar à população. Apenas a uma das avenidas - que corta a zona urbana de norte a sul, e que é destinada à ligação dos bairros opostos - dei a largura de 50 metros, para constituí-la em centro obrigado da cidade e, assim, forçar a população, quanto possível, a ir-se desenvolvendo do centro para periferia, como convém à economia municipal e à manutenção da higiene sanitária (...). Essa zona urbana é delimitada e separada da suburbana por uma avenida de contorno, que facilitará a conveniente distribuição dos impostos locais...”.

A nova capital inspira-se em alguns modelos de cidades estrangeiras, por exemplo, no plano da cidade de Washington, na Paris reformada por Haussman e sobretudo no plano de La Plata (1882), Argentina, com o qual compartilha a mesma concepção urbanística. Como La Plata, Belo Horizonte apresenta uma malha urbana ortogonal cortada por diagonais e “fechada” por um anel circular, a avenida do Contorno. A importância das áreas verdes e os quarteirões com 120 metros são outras idéias fornecidas pelo exemplo argentino. Da experiência francesa, por sua vez, Aarão Reis aproveita os bulevares arborizados e reafirma o lugar proeminente dos parques e praças na vida urbana. Não por acaso um de seus colaboradores é o arquiteto e paisagista Paul Villon, que havia trabalhado com Haussman. Em Belo Horizonte, Villon participa do projeto do parque Municipal e dos jardins do Palácio da Liberdade. A capital está dividida em três zonas: urbana, suburbana e sítios. A zona urbana - cujo núcleo é definido pelo parque Municipal - compreende o centro administrativo, o Palácio do Governo e as secretarias de Estado. Aí estão localizados ainda o bairro dos funcionários, o bairro do comércio (praça do Mercado e da Estação), os Palácios do Congresso e da Justiça. Na zona suburbana, de geometria mais flexível e menos sistematizada, localizam-se o hipódromo, o cemitério e o reservatório de água. Os sítios correspondem às áreas semi-rurais, dotadas de pequenas propriedades e responsáveis pelo abastecimento da cidade.

A década de 1930 marca outra fase no desenvolvimento de Belo Horizonte. Os efeitos do crescimento econômico e da instalação de indústrias nas cercanias da capital se fazem sentir no aumento expressivo da população. O adensamento urbano adquirido a partir de então traz posições mais críticas em relação ao plano original, que se anunciam na criação da Comissão Técnica Consultiva da Cidade (1934) - para “orientar a execução do plano da cidade e zelar pelo seu fiel cumprimento” -, na defesa de um projeto de expansão (elaborado pelo engenheiro Lincoln de Campos Continentino, entre 1935 e 1938) e nos acirrados debates sobre o espaço urbano que têm como palco a Revista Mineira de Engenharia, criada em 1935. Até os anos 60, a única proposta global para Belo Horizonte é a de Continentino, que prevê, entre outros, a ligação das zonas urbana e suburbana, a unificação das vias férreas e elaboração de um código de edificações.

Os anos 1940 e 1950 assistem à expansão física e populacional, traduzida na criação de novos bairros, por exemplo, a Pampulha e Cidade Jardim, zonas residenciais de elite. Data também dessa época a criação da Cidade Universitária (1944-1951) e de um distrito industrial, batizado de Cidade Industrial. O conjunto da Pampulha - que compreende o Cassino, o Restaurante circular, a “Casa de Bailes”, o Iate Golfe Clube e a capela de São Francisco de Assis -, projetado por Oscar Niemeyer (1907) entre 1942 e 1944, torna-se um marco da arquitetura moderna no Brasil e no mundo.

Fontes de pesquisa 3

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  • CINTRA, Antonio Otávio. The politics of comprehensive metropolitan planning: a case study of Belo Horizonte. PhD Dissertation, MIT, 1983.
  • GOMES, Marco A. de Filgueiras & LIMA, Fábio José Martins de. Pensamento e prática urbanística em Belo Horizonte, 1895 - 1961. In: LEME, Maria Cristina (org). Urbanismo no Brasil, 1895- 1965. São Paulo: Faculdade de Arquitetura, FAU-USP/ Studio Nobel, 1999.
  • MAGALHÃES, Beatriz de Almeida & ANDRADE, Rodrigo Ferreira. Belo Horizonte, um espaço para a República. Belo Horizonte: UFMG, 1989.

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