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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos (IPN)

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 22.05.2024
2005 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
O Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos (IPN) é um sítio arqueológico e centro cultural localizado no bairro da Gamboa, na cidade do Rio de Janeiro. Caracteriza-se como espaço de estudo, vivência e extensão cultural multidisciplinar, que tem como objetivos principais a pesquisa e a preservação do sítio arqueológico do Cemitério dos Pretos...

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O Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos (IPN) é um sítio arqueológico e centro cultural localizado no bairro da Gamboa, na cidade do Rio de Janeiro. Caracteriza-se como espaço de estudo, vivência e extensão cultural multidisciplinar, que tem como objetivos principais a pesquisa e a preservação do sítio arqueológico do Cemitério dos Pretos Novos.

O Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos é fundado em 13 de maio de 2005, com o intuito primeiro de preservar e pesquisar o sítio histórico e arqueológico do Cemitério dos Pretos Novos, localizado na antiga região do Valongo1, atual Gamboa, Rio de Janeiro. Em funcionamento entre 1769 e 1830, o cemitério é destinado às pessoas escravizadas que não resistem à viagem forçada e morrem ao chegarem ao porto, antes de serem comercializadas; por isso é chamada de “Pretos Novos”. 

Trata-se do único cemitério associado a um mercado de escravos nas Américas até hoje conhecido, descoberto em 1996 por pedreiros durante uma reforma em dois casarões do século XIX, residência do casal Petrúcio e Merced Guimarães, na Rua Pedro Ernesto, números 32, 34 e 36.  Alguns anos mais tarde, com apoio de pesquisadores e voluntários, o casal funda no local o IPN.

O IPN comporta um núcleo de pesquisa dividido entre os setores de História da Escravidão e Arqueologia, este último dedicado às atividades de documentação, conservação, catalogação e restauração do acervo da instituição. 

Da preservação e pesquisa arqueológica sobre o cemitério, as ações do IPN logo se espraiam para a preservação da memória imaterial, que se manifesta em suas ações educativas fundamentadas no estudo sobre a escravidão no Brasil e suas consequências para a desigualdade racial contemporânea. O núcleo educativo constitui, portanto, um dos principais eixos da instituição, oferecendo cursos teóricos e práticos, oficinas livres de capoeira, jongo, música, artes visuais e visitas guiadas aos arredores do Instituto (região conhecida como Pequena África2). Desde 2015, o IPN realiza, em parceria com instituições de ensino superior, cursos de pós-graduação lato sensu sobre temas que derivam da diáspora afro-atlântica, suas consequências no Brasil e, mais especificamente, no Rio de Janeiro. Esses cursos aprofundam temas como a História da África, História e Arqueologia da Diáspora Africana, História da Região Portuária do Rio de Janeiro, Cultura Africana, Tradição Oral Africana e Afro-Brasileira, Patrimônio e Memória.

Entre os dispositivos que o Instituto abriga estão a Biblioteca Pretos Novos, a Galeria Pretos Novos de Arte Contemporânea e o Museu Memorial Pretos Novos, que desde 2010 conta com uma exposição permanente de caráter histórico e arqueológico sobre as descobertas e estudos desenvolvidos no cemitério. 

O Núcleo de Arte Contemporânea promove na galeria exposições temporárias de artes visuais e atividades educativas que discutem temas caros ao instituto, como a igualdade racial e de gênero. Um programa de residência artística faz da galeria também um local de produção e trocas entre artistas. Esse espaço é inaugurado em setembro de 2012, com a exposição Nova Arqueologia, que propõe um entendimento poético do campo de estudos que fundamenta a instituição. Para isso, é construída uma “arqueologia” das experiências dos artistas diante do espaço da galeria e de sua condição de extensão do sítio arqueológico formado pelo antigo cemitério. Outras exposições – como Suburbana é a Cara do Rio (2012), com fotografias da Zona Portuária, ou Design de Rua (2013), que apresenta objetos utilitários produzidos por trabalhadores anônimos – procuram dialogar também com a visualidade cotidiana da região onde está localizado o instituto. 

Em novembro de 2014, a artista paulistana Rosana Paulino (1967) realiza uma exposição individual, apresentando a série Assentamentos (2013), composta por trabalhos em diferentes linguagens que tocam a questão da diáspora africana a partir de apropriações da cultura visual produzida ao longo do período escravocrata. Em 2020, celebrando os quinze anos do IPN, é realizada a exposição virtual Crônicas Incidentais, reunindo, além de Rosana Paulino, os artistas Moisés Patrício (1984), Ayrson Heraclito (1968), Geléia da Rocinha (1957), entre outros, com obras que discutem o fazer artístico durante o período de pandemia de covid-19.

Em 2017, o IPN recebe o Prêmio Especial na área de Preservação e Difusão do Patrimônio Cultural e Histórico da Cultura Afro-Brasileira, no 4º Prêmio Nacional de Expressões Culturais Afro-Brasileiras, organizado pelo  Centro de Apoio ao Desenvolvimento Osvaldo dos Santos Neves (Cadon). As ação do IPN e de vários setores da comunidade negra, assim como a descoberta de outros sítios arqueológicos na região, ajudam a implementar a Lei n. 8105, de 20 de setembro de 2018, que “cria o Circuito Histórico e Arqueológico da Pequena África, abrangendo áreas da Região Portuária e Centro Histórico do Município do Rio de Janeiro e demais caminhos da Diáspora Africana pelo Estado” (Artigo 1º), reconhecendo a importância deste patrimônio.

O Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos opera como um núcleo integrador entre o patrimônio histórico e a comunidade que o permeia, discutindo questões de identidade, historiografia, arqueologia, preservação patrimonial e produção cultural afro-brasileira. 

Notas

1. Nele encontra-se o Cais do Valongo (Cais da Princesa), a Pedra do Sal e Morro da Conceição, locais importantes na história da cidade e da escravidão no Brasil.

2. A denominação de “Pequena África” à Zona Portuária do Rio de Janeiro é atribuída ao pintor, cantor e compositor carioca Heitor dos Prazeres (1898-1966).

Exposições 6

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Fontes de pesquisa 6

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