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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Praça das Artes

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 20.05.2024
Brasil / São Paulo / São Paulo
O projeto da Praça das Artes é assinado pelos arquitetos Francisco Fanucci (1952) e Marcelo Carvalho Ferraz (1955) do escritório Brasil Arquitetura, e pelo arquiteto Marcos Cartum (1964), da Prefeitura Municipal de São Paulo. A concepção e grande parte da execução da obra (ainda inacabada) são feitas entre os anos de 2006 e 2012, durante a gestã...

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O projeto da Praça das Artes é assinado pelos arquitetos Francisco Fanucci (1952) e Marcelo Carvalho Ferraz (1955) do escritório Brasil Arquitetura, e pelo arquiteto Marcos Cartum (1964), da Prefeitura Municipal de São Paulo. A concepção e grande parte da execução da obra (ainda inacabada) são feitas entre os anos de 2006 e 2012, durante a gestão de Carlos Augusto Calil (1951) na Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.

O programa da edificação é complementar às atividades do Theatro Municipal de São Paulo. O complexo cultural sedia a Orquestra Sinfônica Municipal, o Balé da Cidade, a Escola Municipal de Música, a Escola de Dança de São Paulo, o Coral Paulistano Mário de Andrade, o Coro Lírico, a Orquestra Experimental de Repertório e o Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo. Abriga as administrações e as salas de aula e ensaio dessas instituições públicas de música e dança. Contém, ainda, um Centro de Documentação, uma galeria de exposições no térreo, um estacionamento no subsolo (para o público do Theatro Municipal), restaurante e cafés.

A Praça incorpora os antigos edifícios do Cine Cairo, do qual se preserva a fachada, e o Conservatório Dramático e Musical, instituição ali instalada desde 1909, e que tem como professores e alunos figuras como Mário de Andrade (1893-1945) e Oneyda Alvarenga (1911-1984). Do Conservatório, é restaurada a fachada e a sala de Concertos, um dos mais antigos auditórios de São Paulo, que abriga apresentações musicais desde o final do século XIX, com o nome de Salão Steinway.

Vizinha ao Vale do Anhangabaú, a Praça das Artes ocupa um agrupamento de lotes com formas irregulares entre as ruas Conselheiro Crispiniano, Formosa e a avenida São João. Diferentes terrenos interligam-se pelo núcleo do quarteirão do centro paulistano em uma constituição una.

O rés-do-chão é um vazio: um espaço público e livre à passagem dos pedestres, sem pilares ou quaisquer outros obstáculos estruturais. Um conjunto de fundos de terreno sem uso  – resíduos de um loteamento antigo –, transforma-se em parte ativa da malha urbana. Suas características são propícias para um espaço de encontros e de convivência: confortáveis dimensões gerais, amplos trechos cobertos que protegem os transeuntes das intempéries climáticas e eixos de visão desimpedida do contexto urbano ao redor. Ferraz afirma que esta é: “uma arquitetura que se faz a partir das dificuldades e restrições, que não precisa da terra arrasada como pedestal”1. Com uma concepção arquitetônica que tira partido das virtudes e problemas da malha urbana paulistana, a Praça das Artes insere-se em um plano de restauração do ainda degradado centro de São Paulo. O arquiteto e professor Luís Antônio Jorge faz a seguinte análise: 

Para renovar o espaço público no centro de São Paulo, o projeto da Praça das Artes é, antes de tudo, enfrentamento e peleja contra o amesquinhamento do desenho da cidade, abrindo-se como um convite – e não como uma passagem – a novas experiências urbanas em uma das áreas de maior dimensão histórica da cidade. Convite que não se define apenas pela permeabilidade, mas pela reescritura promovida em um texto carregado de valores sedimentados e de permanências esquecidas2.

Verificando a forma dos andares superiores, observa-se que a construção é pautada pelo aproveitamento de áreas próximas ao perímetro do terreno, e o conjunto edificado tem uma diversidade volumétrica moldada na relação com os edifícios vizinhos. Características derivadas de uma leitura do contexto são: o número de andares de cada bloco; a largura, o comprimento e a profundidade de cada parte e as fachadas com aberturas ou clausuras. De acordo com o projeto, ainda inconcluso, a Praça das Artes é uma obra aberta ao tempo, capaz de incorporar novas áreas pelo quarteirão e ampliar suas atividades.

O concreto aparente provê unidade ao conjunto edificado e expõe o modo de construção nas suas fôrmas de moldagem. A predominância desse material não uniformiza o projeto. O concreto é pigmentado de tons que variam entre o avermelhado e o amarelado, distinguindo as diferentes partes dos edifícios. As conexões se dão por elementos como passarelas, rampas-túneis e escadas que se destacam dos volumes maiores. A miríade de janelas resulta em uma grande variabilidade: dimensões e posicionamentos geram, para quem está dentro do edifício, diferentes enquadramentos da paisagem urbana, e, para quem está fora, fugazes visadas das atividades internas.

A multiplicidade de aberturas (janelas) e o concreto aparente levam a uma analogia visual entre a Praça das Artes e o Sesc Pompeia, projetado pela arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi (1914-1992), tendo Marcelo Ferraz como assistente, como atenta o arquiteto Guilherme Wisnik (1972):

 a aproximação entre a Praça das Artes e o Sesc Pompeia vai além da questão formal, e incide sobre a noção de cidadela, que aparece na Praça das Artes tanto na densidade e variedade dos volumes construídos quanto na conformação monolítica dos mesmos, que não distinguem estrutura e vedação3.

A Praça das Artes recebe o Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (Apca) como Melhor Obra de Arquitetura de 2012, e o prêmio de Edifício do Ano no Icon Awards 2013, realizado pela publicação britânica Icon Magazine. Também é finalista da primeira edição do Prêmio das Américas Mies Crown Hall (MCHAP), em 2014.

Notas:

1. FERRAZ, Marcelo. Sonhos não envelhecem. MONOLITO – ANUÁRIO 2013. São Paulo: Editora Monolito, n. 18, 2013. p. 61.

2. JORGE, Luís Antônio. Sobre a espessura e as veredas das artes do projeto. In.: NOSEK, Victor (Org.). Praça das Artes. Rio de Janeiro: Beco do Azougue, 2013. p. 69.

3. WISNIK, Guilherme. Liberdade costurada. AU: arquitetura e urbanismo, São Paulo, n. 227, p. 34, fev. 2013.

 

Exposições 2

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Fontes de pesquisa 10

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  • FERRAZ, Marcelo. Sonhos não envelhecem. Monolito – anuário 2013. São Paulo: Monolito, n. 18, 2013. p. 61.
  • GUERRA, Abilio. Praça das Artes. Complexo arquitetônico brasileiro começa a ser reconhecido no exterior. Vitruvius, São Paulo, ano 14, n. 161.02, dez. 2013. Minha cidade. Disponível em: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/14.161/4984.
  • MONOLITO – X Bienal de Arquitetura de São Paulo, São Paulo, n. 17, 2013.
  • MONTANER, Josep Maria; MUXÍ, Zaida. A Praça das Artes. Reconstruindo São Paulo. Vitruvius, São Paulo, ano 14, n. 159.04, out. 2013. Minha cidade. Disponível em: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/14.159/4914.
  • MONTANER, Josep Maria; MUXÍ, Zaida. La plaza de as artes. Rehacer São Paulo. La Vanguardia, Barcelona, 25 set. 2013. Repensar a praxis arquitectónica, p. 14.
  • NOSEK, Victor (Org.). Praça das Artes. Rio de Janeiro: Beco do Azougue, 2013.
  • PORTAL VITRUVIUS. Praça das Artes. Vitruvius, São Paulo, ano 13, n. 151.03, jul. 2013. Projetos. http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/13.151/4820. Acesso em: 21 fev. 2021.
  • URANO FRAJNDLICH, Rafael. Praça das Artes. Sonoro Monólito. AU. Arquitetura e Urbanismo, São Paulo, n. 227, p. 24-33, fev. 2013.
  • WISNIK, Guilherme. Liberdade costurada. AU: arquitetura e urbanismo, São Paulo, n. 227, p. 34, fev. 2013.
  • WISNIK, Guilherme. Prêmio Apca 2012 – Categoria “Cliente / promotor”. Premiado: Carlos Augusto Calil / Secretaria de Cultura da Prefeitura de São Paulo. Vitruvius, São Paulo, ano 13, n. 063.07, dez. 2012. Drops. Disponível em: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/drops/13.063/4619. Acesso em: 19 fev. 2021.

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