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Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Grupo Teatral Magiluth

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 23.05.2023
2004 Brasil / Pernambuco / Recife
Desde sua criação em 2004, a produção do Magiluth é marcada pela diversidade de propostas estéticas, assentada no trabalho colaborativo dos atores. A pesquisa de linguagem leva o grupo a experimentar de dramaturgias autorais a textos consagrados. Em seu repertório, o grupo mantém espetáculos de rua e para palcos convencionais. As pesquisas de at...

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Desde sua criação em 2004, a produção do Magiluth é marcada pela diversidade de propostas estéticas, assentada no trabalho colaborativo dos atores. A pesquisa de linguagem leva o grupo a experimentar de dramaturgias autorais a textos consagrados. Em seu repertório, o grupo mantém espetáculos de rua e para palcos convencionais. As pesquisas de atuação transitam entre o trabalho de clown, o teatro popular (farsesco) e as linguagens da performance e da intervenção urbana.

O nome Magiluth nasce da junção das primeiras sílabas dos nomes de seus quatro fundadores, os então alunos do curso de licenciatura em artes cênicas da Universidade Federal de Pernambuco (Ufpe): Marcelo Oliveira, Giordano Castro, Lucas Torres (1982) e Thiago Liberdade (1983). No ano de 2004, reúnem-se para montar Ato sem palavra I, do irlandês Samuel Beckett (1906-1989), para um exercício de atuação. Com o experimento, o grupo circula em festivais amadores no Recife e interior de Pernambuco.

A estreia profissional vem em 2006, com a peça Corra, escrita e dirigida por Marcelo Oliveira. Em cena estão, além de Marcelo, Lucas Torres, Olga Torres e Julia Fontes. A peça baseia-se na ideia do “efeito-borboleta”, conceito-chave da Teoria do Caos, para compor três cenas independentes, ligadas pela presença de um ator-narrador. Segundo a recepção da crítica, com a peça o grupo “rejeita a autofagia”1  e busca novos públicos para o teatro, característica marcante de sua trajetória. Corra rende ao Magiluth, em 2007, o 3º lugar na Mostra Universitária do Festival Rio Cena Contemporânea, com prêmios de Melhor Iluminação para Pedro Vilela e Melhor Ator para Marcelo Oliveira.

Na sua segunda montagem, o grupo retorna ao experimento original com Ato sem palavra e, estreia, em março de 2008, o espetáculo Ato, com direção de Julia Fontes e Thiago Liberdade. Em cena, os quatro fundadores do grupo interpretam “vagabundos” beckettianos, aprisionados num espaço ermo e árido, onde travam perversas relações de poder à espera de dias melhores – temas recorrentes na obra de Beckett. Originalmente criado para ocupar as ruas, o espetáculo circula, depois de  Recife, em diversos festivais brasileiros, dando ao grupo projeção no cenário nacional. A criação dos atores, pautada no trabalho de clown, rende à peça os prêmios de Melhor Espetáculo e Melhor Maquiagem na 15ª edição do Festival Janeiro de Grandes Espetáculos – Festival Internacional de Artes Cênicas de Pernambuco.

Em 2010, estreia o monólogo 1 Torto, projeto paralelo do ator Giordano Castro (1986), com direção de Pedro Wagner. A peça é escrita com base na dramaturgia do próprio Giordano e dialoga, pela primeira vez na história do Magiluth, com a performance. O espetáculo tem natureza confessional, definido pelo grupo como um reality show, em que se diluem as fronteiras entre ator, performer e personagem. Nele, o público ganha um papel ativo, interagindo e realizando ações com o ator em cena. 1 Torto cumpre longas temporadas em Recife e circula por diversas cidades brasileiras. Para o crítico Magela Lima (1981), “O teatro de Giordano Castro em 1 Torto não se ancora numa pretensão de fantasia. Tudo ali, ao contrário, só faz sentido pela sua realidade”2.

A estreia de O Canto de Gregório, do paulistano Paulo Santoro (1972), em 2011, recoloca o Magiluth nos rumos de um trabalho de cena coletivo, levando ao palco Giordano Castro, Lucas Torres, Erivaldo Oliveira (1986) e Pedro Wagner. A encenação de Pedro Vilela é rigorosa na abordagem do conteúdo filosófico do texto, que questiona o limite da bondade de um homem.  Cria, no entanto, um clima de descontração e escracho, recursos que marcam as montagens seguintes do grupo. O crítico Astier Basílio (1978) ressalta a autonomia da encenação frente ao texto de Santoro: “por mais que o texto se imponha, pela argúcia filosófica, pela força do seu lirismo, pelo conteúdo, a direção do espetáculo vai estabelecendo sua poética...”3.

Para Maria Eugênia de Menezes, o Magiluth demonstra, desde 1 Torto, uma “preocupação com a autenticidade [que] se dá nas interpretações, pautadas não pela representação de personagens, mas por uma presença de ordem performática”4. De fato, é no sentido da performance e da intervenção urbana que o grupo desenvolve com o Teatro do Concreto (Distrito Federal), em 2011, o projeto “Do Concreto ao Mangue”, um intercâmbio de pesquisa cênica que resulta no espetáculo Aquilo que Meu Olhar Guardou para Você. O Magiluth convida Luiz Fernando Marques, do Grupo XIX (São Paulo) para fazer a direção do espetáculo. A peça é composta por fragmentos de histórias do tema das cidades, especialmente Recife e Brasília, explorando os limites entre realidade e ficção. O público presencia boa parte de Aquilo que Meu Olhar Guardou para Você dentro o palco, lado a lado com Erivaldo Oliveira, Giordano Castro, Lucas Torres, Pedro Vilela e Pedro Wagner.

É com Viúva, Porém Honesta (2012), que o Magiluth atinge a excelência da linguagem teatral, levando ao limite a “farsa irresponsável”5 de Nelson Rodrigues (1912-1980). Cinco atores desenvolvem no palco um jogo veloz e escrachado de troca de personagens, com direção de Pedro Vilela. Cafona e anárquica, a encenação utiliza-se de recursos precários de figurino e cenografia para impulsionar a performance dos atores no palco. A peça é apontada com destaque no Festival de Curitiba, em 2013, e realiza temporadas de sucesso no Rio de Janeiro, em Salvador, São Paulo e Recife. Nesta última, ganha três prêmios no 19º Festival Janeiro de Grandes Espetáculos, entre eles o de Melhor Espetáculo.

Em dezembro de 2012, o Magiluth estreia, também com direção de Pedro Vilela, Luiz Lua Gonzaga, por ocasião do centenário de nascimento de Luiz Gonzaga (1912-1989). O espetáculo, de rua, aproxima o teatro de novos públicos, fazendo uso da música e de elementos da cultura popular nordestina como dispositivos de cena.

Em Recife, o Magiluth ainda realiza, anualmente, o Trema!, festival que congrega grupos teatrais de todo o país.

 

Notas

1. MORAES, Fabiana. Magiluth rejeita autofagia. Jornal do Commercio, Recife, 27 nov. 2008.

2. LIMA, Magela. A poesia de uma vida torta. O Povo, Fortaleza, 9 dez. 2011.

3. BASÍLIO, Astier. ‘Gregório’ aposta de força de lirismo. Correio da Paraíba, João Pessoa, 27 set. 2012.

4. MENEZES, Maria Eugênia. Verdade ou ilusão? Folha de S.Paulo, São Paulo, 4 abr. 2012.

5. “farsa irresponsável” é o termo criado por Nelson Rodrigues para denominar a peça Dorotéia, chamada por ele mesmo de “farsa irresponsável em três atos”.

Espetáculos 1

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Espetáculos virtuais 2

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Fontes de pesquisa 5

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  • BASÍLIO, Astier. ‘Gregório’ aposta de força de lirismo. Correio da Paraíba, João Pessoa, 27 set. 2012.
  • BAUMGÄRTEL, Stephan; GISLON, Giórgio Zimann; CUPERTINO, Karine de Oliveira. Prometendo a cena online como acontecimento: Uma análise de Tudo que coube numa VHS, do Grupo Magiluth. Urdimento - Revista de Estudos em Artes Cênicas, Florianópolis, v. 2, n. 41, set. 2021.DOI: http:/dx.doi.org/10.5965/1414573102412021e0123. Disponível em: https://www.revistas.udesc.br/index.php/urdimento/article/view/20268/13420. Acesso em: 23 maio 2023.
  • LIMA, Magela. A poesia de uma vida torta. O Povo, Fortaleza, 9 dez. 2011.
  • MENEZES, Maria Eugênia. Verdade ou ilusão? Folha de S.Paulo, São Paulo, 4 abr. 2012.
  • MORAES, Fabiana. Magiluth rejeita autofagia. Jornal do Commercio, Recife, 27 nov. 2008.

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