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Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Pessoal do Victor

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 22.05.2024
1975 Brasil / São Paulo / São Paulo
1979 Brasil / São Paulo / São Paulo
Como outros grupos teatrais formados na década de 1970, o Pessoal do Victor funciona em sistema cooperativado de produção e se pauta pela criação coletiva na elaboração do espetáculo.

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Histórico

Como outros grupos teatrais formados na década de 1970, o Pessoal do Victor funciona em sistema cooperativado de produção e se pauta pela criação coletiva na elaboração do espetáculo.

Entre seus fundadores encontram-se os atores Adilson Barros (1947-1997), Eliane Giardini, Paulo Betti, o futuro bailarino Ismael Ivo, o diretor Celso Nunes, e o cenógrafo Marcio Tadeu.

A primeira peça encenada, em 1975, Victor ou As Crianças no Poder, de Roger Vitrac, na Escola de Arte Dramática - EAD, dá origem ao nome do grupo. Após apresentações na EAD, a peça segue temporada no Teatro Ruth Escobar, agora com o patrocínio da Fundação Bienal de São Paulo, dando início à carreira profissional do grupo. Os Iks, originalmente encenado por Peter Brook e baseado no estudo antropológico de Collin Turnbull, O Povo da Montanha, trata do comportamento de uma tribo africana que, em contato com a civilização, passa por um processo de aculturação. Na leitura do Pessoal do Victor, em 1976, a ação é transposta para o Brasil, e Os Iks tornam-se uma tribo indígena. No espetáculo seguinte, O Processo, em 1977, baseado na obra homônima de Franz Kafka, a personagem Joseph K transforma-se em gerente de banco que mora na periferia de São Paulo. Segundo a crítica, a montagem reduz o alcance da obra, ao interpretá-la de forma simplista. Em A Vida É Sonho, de Calderón de la Barca, em 1978, pretende-se aludir à transferência do poder do general Ernesto Geisel para João Baptista Figueiredo. Todas essas peças são dirigidas por Celso Nunes. As outras duas, que fazem parte do repertório do grupo têm Paulo Betti como diretor: Cerimônia para um Negro Assassinado, de Fernando Arrabal, e Na Carrera do Divino, de Carlos Alberto Soffredini. Na primeira, de acordo com Sílvia Fernandes, "os atores vêem na fábula de Arrabal uma analogia à sua história de luta pela sobrevivência e reconhecimento profissional".1 O espetáculo, centrado basicamente sobre o trabalho do ator, é muito bem recebido pela crítica, apesar de sofrer repreensões por parte de "patrulhas ideológicas" que, nas palavras da pesquisadora, questionam "a validade da encenação de um texto poético na conjuntura ditatorial que o país atravessava".2 Em 1979, pela primeira vez, o grupo escolhe tema próprio para desenvolver o espetáculo e convida o dramaturgo Carlos Alberto Soffredini para escrever o texto. Na Carrera do Divino, realizado a partir da pesquisa do universo caipira, usa como fio condutor o livro Os Parceiros do Rio Bonito, de Antonio Candido (1918). Incorpora também as vivências dos integrantes do grupo, oriundos do interior de São Paulo. O espetáculo rende a Paulo Betti o Prêmio Mambembe de melhor direção.

O Pessoal do Victor parte de uma obra pré-existente (peça, ensaio ou romance), adaptando-a livremente no processo de criação coletiva, através de pesquisa temática e de improvisações durante os ensaios. Tais adaptações ora pretendem aproximar a obra da realidade brasileira, contextualizando-a no cenário político e social do país, ora tomam o texto como pretexto para abordar a vivência dos integrantes, como é o caso de Cerimônia para um Negro Assassinado e Na Carrera do Divino. Figuram entre os integrantes do Pessoal do Victor, o diretor Iacov Hillel e a atriz Isa Kopelman.

O grupo, encabeçado pelo diretor Celso Nunes, colabora diretamente na conceituação e implantação do Departamento de Artes Cênicas da Universidade Estadual de Campinas - Unicamp.

Notas

1. FERNANDES, Sílvia. Grupos teatrais: anos 70. Campinas: Unicamp, 2000.

2. FERNANDES, Sílvia. Grupos teatrais: anos 70. Campinas: Unicamp, 2000.

Espetáculos 13

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Fontes de pesquisa 3

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  • COSTA, Felisberto Sabino da. A dramaturgia nos grupos alternativos no período de 1975 a 1985. São Paulo, SP, 1990. 3 v. Dissertação (Mestrado). Escola de Comunicações e Artes, USP.
  • FERNANDES, Sílvia. Grupos teatrais: aqnos 70. Campinas: Unicamp, 2000.
  • NA CARRERA DO DIVINO. Direção Paulo Betti. São Paulo, 1979. 1 folder. Programa do espetáculo, apresentado no Teatro Experimental Eugênio Kusnet em setembro de 1979.

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