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Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

A Bota e Sua Meia

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 22.07.2022
25.07.1997 Brasil / Rio Grande do Sul / Porto Alegre – Teatro Bruno Kiefer
Primeira montagem da peça do dramaturgo alemão Herbert Achternbusch no Brasil, com direção de Camilo de Lélis, A Bota e Sua Meia é um dos maiores sucessos de crítica do grupo teatral Face & Carretos.

Texto

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Primeira montagem da peça do dramaturgo alemão Herbert Achternbusch no Brasil, com direção de Camilo de Lélis, A Bota e Sua Meia é um dos maiores sucessos de crítica do grupo teatral Face & Carretos.

Esta é uma tragicomédia em que um casal de idosos rememora incidentes de seu passado. Em cinco quadros, de aproximadamente 15 minutos cada um, o enredo alterna momentos de fantasia e realidade. Lélis transfere a ação do interior da Alemanha para o interior do Brasil, e os personagens se comunicam com forte sotaque caipira. A história dos dois idosos tem como pano de fundo a degradação física e mental dos personagens, que em cena perdem literalmente pedaços do corpo. A encenação funde, com propriedade, uma atmosfera poética e surreal com a visão de mundo cínica e desesperançada do texto original de Achternbusch. Stella Bento, em análise do espetáculo, escreve que "a escolha por um universo caipira para situar a obra dramática dilui o impacto e a estranheza originais do texto levando-nos a uma aproximação e identificação com os personagens. A aparente negação do Brasil, formalizada na opção por um texto tão distante, é negada pela forma escolhida para a encenação. Negação da negação é afirmação".1

A cenografia da peça reproduz, tridimensionalmente, uma singela casinha de madeira, vista de dois diferentes pontos, conforme a manipulação de sua estrutura. Numa das configurações, tem-se a visão da parte interna da habitação, onde o velho, com dificuldades de locomoção, permanece a maior parte do tempo. Em outra, vê-se a parte externa da construção e do terreno que a cerca, território dominado pela velha, que toma para si a manutenção da casa, em uma inversão dos tradicionais papéis masculino/feminino. A trilha sonora, inspirada nas modas de viola caipiras, pontua a ação. Em seu comentário sobre a encenação, Luiz Paulo Vasconcellos (1941) escreve: "A Bota e Sua Meia pertence a essa safra, a dos espetáculos que se tornaram referência do diretor. Um espetáculo que nutre a mente e embala a alma. Que instiga e seduz. Que faz pensar e quando termina a gente quer mais. Pude, finalmente, ver um dos melhores espetáculos já encenados no Rio Grande do Sul".2

A monatgem recebe cinco prêmios Açorianos, concedidos pela Secretaria da Cultura de Porto Alegre, incluindo melhor espetáculo e direção, e sete troféus no 2º Conesul de Teatro, em Pelotas, Rio Grande do Sul, entre os quais, os de melhor espetáculo e direção. O espetáculo viaja por sete capitais do Brasil, e é apresentado na Argentina, em Portugal e na Alemanha.

Notas

1. BENTO, Stella. A Bota e Sua Meia ou "o sertão está em toda parte.". In: Palco e Platéia. Número 14, junho de 1999, p. 4-5. Porto Alegre: Secretaria Municipal da Cultura/Coordenação de Artes Cênicas.

2. VASCONCELLOS, Luiz Paulo. A trajetória de um (grande) espetáculo. In: Revista Aplauso. Palco, edição 41, março de 2003, p. 12. Porto Alegre: Grupo Amanhã.

Ficha Técnica

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Autoria
Herbert Achternbusch

Direção
Camilo de Lélis (Troféu Açorianos)

Cenografia
Cacá Corrêa
Lígia Rigo
Lutti Pereira

Figurino
Lígia Rigo

Iluminação
Camilo de Lélis
Carlos Azevedo

Trilha sonora
Gustavo Finkler (Troféu Açorianos)
Marcelo Delacroix Cury (Troféu Açorianos)

Elenco
Lígia Rigo (Troféu Açorianos)
Lutti Pereira (Troféu Açorianos)

Fontes de pesquisa 4

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  • ALABARSE, Luciano (org.). Alguns diretores & muita conversa: entrevistas com diretores de teatro que trabalham em Porto Alegre. Porto Alegre: Secretaria Municipal da Cultura, 2000.
  • BENTO, Stella. A Bota e Sua Meia ou "o sertão está em toda parte.". In: Palco e Platéia. Número 14, junho de 1999, p. 4-5. Porto Alegre: Secretaria Municipal da Cultura/Coordenação de Artes Cênicas.
  • TOMAZZONI, Airton (Org.). Anuário de Artes Cênicas: 1997. Porto Alegre: Unidade Editorial da Secretaria Municipal da Cultura, 1998.
  • VASCONCELLOS, Luiz Paulo. A trajetória de um (grande) espetáculo. In: Revista Aplauso. Palco, edição 41, março de 2003, p. 12. Porto Alegre: Grupo Amanhã.

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