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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Informalismo

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 14.05.2015

Pier e Ocean para P.G., 1987
Anna Bella Geiger
Acrílica e óleo sobre tela, c.i.d.
90,00 cm x 195,00 cm

Menos que um movimento com conotações precisas, o informalismo faz referência a uma tendência artística que tem lugar após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), na Europa, Estados Unidos e Japão. O termo foi cunhado pelo crítico Michel Tapié (1909-1987) no livro Un Art Autre [Uma arte outra] de 1952, para definir um novo estilo de pintura que re...

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Definição
Menos que um movimento com conotações precisas, o informalismo faz referência a uma tendência artística que tem lugar após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), na Europa, Estados Unidos e Japão. O termo foi cunhado pelo crítico Michel Tapié (1909-1987) no livro Un Art Autre [Uma arte outra] de 1952, para definir um novo estilo de pintura que recusa qualquer tipo de formalização, rompendo com técnicas e modelos anteriores. A arte informal (no sentido de "sem forma") aparece freqüentemente nos dicionários, enciclopédias e história da arte como sinônimo de tachismo, sendo associada, algumas vezes, à noção de abstração lírica. A confusão terminológica reinante na literatura especializada permite entrever posições distintas diante do fenômeno. Se, de modo geral, os termos são usados indiscriminadamente, algumas fontes definem o informalismo como termo mais geral que englobaria o tachismo, o expressionismo abstrato e o Gutai Bitjutsu Kyokai [Grupo Gutai] de Osaka (1957). O crítico italiano Giulio Carlo Argan, por exemplo, frisa as convergências entre as produções européia e norte-americana da década de 1950 em função da mesma defesa da improvisação - associada ao gesto espontâneo e instintivo - e da relação direta que estabelecem entre pintura e ação, exemplarmente representada pela action painting de Jackson Pollock (1912-1956). De qualquer modo, Argan chama a atenção para os diferentes sentidos que o informalismo adquire na Europa e nos Estados Unidos. Diz ele: "Mas note-se: se, renunciando à linguagem para reduzir-se ao puro ato, a arte européia renuncia à função que tivera numa civilização do conhecimento, que colocava o agir na dependência do conhecer, o ato artístico dos americanos, por seu lado, insere-se, com uma intensa força contestatória, numa civilização pragmatista, de ação". No entanto, convém lembrar que parte significativa da produção artística norte-americana tem forte influência de vertentes européias como o surrealismo e o cubismo.


Discordâncias à parte, os comentadores são unânimes em reconhecer na recusa da figuração e da abstração geométrica, que marca a arte informal, uma reação ao contexto de crise instaurado no pós-guerra que, do ponto de vista das artes, aparece como a consciência da perda da hegemonia artística do continente europeu diante do surgimento dos novos centros, Estados Unidos e Japão. Ao lado disso, observa-se uma descrença em relação à racionalidade da civilização tecnológica, celebrada pelas vanguardas do começo do século XX. As filosofias da crise, em especial o existencialismo de Jean-Paul Sartre (1905-1980), dão o tom da época no plano das idéias, reverberando nas artes de modo geral. A superação da forma coloca-se como uma tentativa de ultrapassagem dos conteúdos realistas e dos formalismos geométricos, alimentados pelo cubismo. Recusa-se também a figuração nos moldes do realismo socialista e o projeto construtivo da Bauhaus. Da perspectiva de suas inspirações, a arte informal beneficia-se do surrealismo - pela valorização do inconsciente -, do dadaísmo - na defesa do caráter irracionalista da arte -, do expressionismo - que toma a imaginação como expressão direta do espírito do artista - e também do impressionismo - em função do uso de manchas irregulares de cor na pintura de maturidade de Claude Monet (1840-1926).

Na França, os nomes de Hans Hartung (1904-1989) e Pierre Jean Louis Soulages (1919) associam-se à pintura apoiada no gesto - por exemplo, T. 1947-25 (1947) de Hartung e Composição (1950), de Soulages. Nos Estados Unidos, Pollock explora ao limite as potencialidades gestuais, em sua "pintura de ação". Ao colocar a tela no solo, gotejando ou atirando a tinta sobre ela, ao ritmo do movimento do seu corpo, Pollock estabelece uma nova atitude diante da obra, subvertendo a imagem tradicional do pintor de cavalete e do desenhista industrial que realiza o trabalho de acordo com um projeto prévio. A ênfase na matéria - seja o uso de texturas e empastes, seja o emprego de materiais como sucatas, estopas, madeira etc. - pode ser observada nos trabalhos dos franceses Jean Fautrier (1898-1964) e Jean Dubuffet (1901-1985), do italiano Alberto Burri (1915-1995) e do catalão Antoni Tàpies (1923-2012). Em artistas como Wols (1913-1951) e Georges Mathieu (1921), por exemplo, a decomposição da forma é obtida pelo traço, linha e cor, em trabalhos que guardam afinidades com a caligrafia e com os ideogramas. No Brasil, o informalismo parece ligar-se ao abstracionismo lírico que conheceu expressão em artistas muito diferentes entre si, como Manabu Mabe (1924-1997), Yolanda Mohalyi (1909-1978), Tomie Ohtake (1913), Flavio-Shiró (1928), Cicero Dias (1907-2003) e Antonio Bandeira (1922-1967).

Obras 11

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Reprodução fotográfica autoria desconhecida

Cabeça 3

Acrílica sobre tela
Reprodução fotográfica Pedro Oswaldo Cruz

Grand Noturno

Acrílica e óleo sobre tela
Reprodução fotográfica Pedro Oswaldo Cruz

Macio EW3

Acrílica e óleo sobre tela

Fontes de pesquisa 4

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  • ARGAN, Giulio Carlo. Arte moderna: do iluminismo aos movimentos contemporâneos. Tradução Denise Bottmann, Frederico Carotti. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
  • CHILVERS, Ian (org.). Dicionário Oxford de arte. Tradução Marcelo Brandão Cipolla. 2.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
  • GOODING, Mel. Arte abstrata. São Paulo: Cosac & Naif, 2002, 96 p. il. color (coleção Movimentos da Arte Moderna).
  • La nuova enciclopedia dell'arte Garzanti. Milano: Garzanti, 1986.

Como citar

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