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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Novo Realismo

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 21.09.2015
O novo realismo, oficialmente criado na França em 1960, levanta questões que também preocupam a arte pop inglesa e norte-americana. Contudo, cabe lembrar que seu período de gestação retrocede aos anos de 1958 e 1959, quando a produção de artistas como Yves Klein (1928 - 1962), Arman (1928), Raymond Hains (1926) e Jean Tinguely (1925 - 1991) anun...

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Definição
O novo realismo, oficialmente criado na França em 1960, levanta questões que também preocupam a arte pop inglesa e norte-americana. Contudo, cabe lembrar que seu período de gestação retrocede aos anos de 1958 e 1959, quando a produção de artistas como Yves Klein (1928 - 1962), Arman (1928), Raymond Hains (1926) e Jean Tinguely (1925 - 1991) anuncia uma mudança radical em relação às correntes artísticas vigentes. Ao crítico Pierre Restany (1930 - 2003) cabe o mérito de sintetizar num pequeno manifesto, e que se torna o primeiro do grupo, o elo que une artistas de estilos e meios tão diversos e o caráter exato do ineditismo de suas obras. O texto, publicado como apresentação da exposição Novos Realistas em Milão, antecede em alguns meses a fundação do movimento. Somente em outubro de 1960, na residência parisiense de Yves Klein, o grupo é oficializado mediante a assinatura da seguinte declaração: "Os novos realistas se conscientizaram de sua singularidade coletiva. Novo Realismo = novas abordagens perceptivas do real. Assinado: Arman, Dufrêne, Hains, Klein, Raysse, Restany, Spoerri, Tinguely e Villeglé".

A enunciação dessa idéia básica assegura uma identidade para a atividade coletiva desses artistas, sem inibir a compreensão e realização que cada um faz dela. Esse fator é importante na medida em que os novos realistas marcam uma posição clara no início da década de 1960, que de certa forma já estava contida em seus trabalhos do período anterior ao movimento, pois vinham produzindo independentemente e com algum reconhecimento desde meados da década anterior. Como observa Restany posteriormente "muito mais do que um grupo e bem melhor do que um estilo, o novo realismo europeu aparece hoje como uma tendência aberta". O movimento ecoa rapidamente fora da França e nos primeiros anos da década de 1960 esses artistas participam de importantes exposições, sobretudo nos Estados Unidos, onde se associam aos neodadaístas de Nova York - Robert Rauschenberg (1925 - 2008), Jasper Johns (1930), Claes Oldenburg (1929), entre outros - para realizar importantes eventos.

O sentimento de crise dos meios tradicionais e, principalmente, do esgotamento da pintura abstrata (lírica, informal, geométrica, expressionista-abstrata, gestual etc.) - que no decorrer dos anos 50 perde seu poder emancipatório para se transformar em "estilo" formal totalmente institucionalizado - é o diagnóstico do qual o movimento parte e no qual fundamenta sua ação. Os novos realistas reclamam a criação de uma nova expressividade, à altura de uma outra realidade sócio-cultural, caracterizada pela hegemonia norte-americana no pós-guerra, pela máquina, pelas culturas de massa e informação, pela publicidade, pelos avanços tecnológicos que modificam o ambiente mais prosaico da vida cotidiana com os novos eletrodomésticos e, politicamente, pela realidade da guerra fria. Trata-se de religar a esfera da arte ao mundo baseando-se na introdução dos elementos do real nos trabalhos de arte.

No entanto, "a apaixonante aventura do real", como os artistas descrevem sua ação, não se dá mediante sua transcrição conceitual ou representação pictórica, mas antes, por meio da apropriação direta de seus fragmentos, investindo-os de um potencial expressivo em si mesmos e trabalhando-os como signos de uma nova linguagem. Algumas influências fundamentais se cruzam nessa proposta. Em primeiro lugar, a noção de ready-made de Marcel Duchamp (1887 - 1968), mas sem a negatividade de seu cinismo. Pois o sentido dado a essa apropriação de objetos comuns obedece, no caso dos novos realistas, ao mote surrealista de descoberta do "maravilhoso" no cotidiano mais banal. Por outro lado, "novo realismo" é um termo cunhado pelo artista cubista Fernand Léger (1881 - 1955), em 1936, para designar a nova natureza moderna, repleta de objetos industrializados, de máquinas e aberta às modificações permanentes do progresso técnico.

Rapidamente, o núcleo inicial do movimento é expandido, ganhando a adesão dos artistas César (1921 - 1998), Gérard Deschamps (1937), Mimmo Rotella (1918), Niki de Saint-Phalle (1930 - 2002) e a simpatia do búlgaro Christo (1935). As assemblages dos novos realistas ganham o mundo, aportando no Brasil por volta de 1963. Sua presença na 7ª Bienal Internacional de São Paulo é de pronto notada pelo artista Waldemar Cordeiro (1925 - 1973), que inicia contato com Pierre Restany e é responsável por artigos sobre o movimento. Com certeza, a vertente popcreta de sua produção é tributária dos trabalhos dos artistas franceses.

Fontes de pesquisa 8

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  • ALVARADO, Daisy Valle Machado Peccinini de. Figurações Brasil anos 60: neofigurações fantásticas e neo-surrealismo, novo realismo e nova objetividade brasileira. São Paulo: Itaú Cultural / Edusp, 1999.
  • ARGAN, Giulio Carlo. Arte moderna: do iluminismo aos movimentos contemporâneos. Tradução Denise Bottmann, Frederico Carotti. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
  • CHILVERS, Ian (org.). Dicionário Oxford de arte. Tradução Marcelo Brandão Cipolla. 2.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
  • DEMPSEY, Amy. Estilos, escolas & movimentos: guia enciclopédico da arte moderna. Tradução Carlos Eugênio Marcondes de Moura. São Paulo: Cosac & Naify, 2003. 304 p., il. color.
  • DUARTE, Paulo Sérgio. Anos 60: transformações da arte no Brasil. Rio de Janeiro: Lech, 1998.
  • LIVINGSTONE, Marco (org.). Pop Art. Munique: Prestel Verlag, 1992.
  • OSBORNE, Harold. Guía del arte del siglo XX. Tradução Jesús Fernández Zulaica, Mario Hernández, Consuelo Luca de Tena, Aurelio Martínez Benito, Fabiola Salcedo, Angeles Toajas, Pablo Valero. Madri: Alianza, 1990.
  • RESTANY, Pierre. Os Novos realistas. Tradução Mary Amazonas Leite de Barros. São Paulo: Perspectiva, 1979. 320 p. (Debates, 137).

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