Dario Mecatti

Banhistas
Dario Mecatti
Óleo sobre madeira
Texto
Biografia
Dario Mecatti (Florença, Itália, 1909 - São Paulo, SP, 1976). Pintor e desenhista. Em torno de 1927, pinta cartazes para a sala de cinema de seu primo, em Florença. Recebe orientação artística do pintor e professor italiano Camillo Innocenti (1871-1961), embora não se matricule em nenhum curso oficial. Em 1933, realiza sua primeira exposição, em Florença, viajando em seguida para o Norte da África, onde percorre países como Líbia, Tunísia, e Argélia. Realiza exposições em algumas das cidades por onde passa. Entre 1936 e 1939 visita o Marrocos, onde produz diversos trabalhos retratando os costumes da região. Em 1939, viaja para a Ilha de São Miguel, nos Açores.
No ano seguinte, viaja para o Brasil ao lado dos pintores Renzo Gori e Silvio Nigri. Desembarca no Rio de Janeiro, onde realiza exposição na Sociedade Brasileira de Belas Artes. Viaja pelas cidades mineiras de Belo Horizonte, Juiz de Fora e Ouro Preto e se muda, no final de 1940, para São Paulo. Entre 1941 e 1945, trabalha na Galeria Fiorentina. Participa do 7º Salão Paulista de Belas Artes, em 1941, recebendo pequena medalha de prata. Em 1945, se casa com a pintora Maria da Paz. Em 1946, constrói sua casa-estúdio, onde realiza exposições individuais anuais.
Em 1947, faz sua primeira viagem de volta à Itália, passando a viver e expor alternadamente no Brasil e na Europa. Durante as décadas de 1940 e 1950, expõe em diversas cidades brasileiras, além de realizar mostras em Buenos Aires e Montevidéu. Na Europa, expõe em Barcelona, Lisboa, Florença, Milão, San Remo e Berlim. Entre 1969 e 1976 é artista exclusivo da Galeria Irlandini, no Rio de Janeiro, que apresenta regularmente seus trabalhos. Em 1978, recebe homenagem póstuma no 42º Salão Paulista de Belas Artes.
Comentário crítico
Embora também tenha produzido retratos, paisagens e naturezas-mortas, a carreira de Dario Mecatti se configura principalmente em torno da pintura de gênero. Nas viagens realizadas pelo Norte da África durante a década de 1930, o pintor estabelece um repertório que o acompanha pelo menos até década de 1950, quando já vive no Brasil. Nesses trabalhos, figuram cenas típicas do cotidiano das cidades árabes visitadas, que registram a agitação de feiras e mercados a céu aberto, pescadores saindo para o trabalho no cais, o movimento de transeuntes em estreitas ruelas ou sob arcadas ogivais, elementos comuns da configuração arquitetônica da região. Por vezes, o artista procura também temas característicos, como uma caravana de beduínos no deserto ou cenas de dança de odaliscas.
Do ponto de vista formal, é notável certa filiação ao grupo de pintores italianos conhecido como macchiaioli, surgido em Florença na metade do século XIX, como reação à rigidez dos padrões acadêmicos. De acordo com o historiador da arte G. C. Argan, esse grupo apresenta um tipo de compreensão da pintura como "manchas coloridas de luz e sombra",1 pautada num enfrentamento direto e sincero com a realidade. As obras de Mecatti até a década de 1950 compartilham esses princípios, o que permite perceber que, embora figurativa e dentro dos gêneros tradicionais da arte, seria um equívoco considerá-las "acadêmicas". A partir da década de 1960, aquele enfrentamento cede lugar à geometrização das figuras, como casarios construídos sobre encostas, numa assimilação tardia de aspectos das vanguardas modernas.
Nota
1 ARGAN, Giulio Carlo. História da arte italiana: de Michelangelo ao futurismo. v. 3, trad. Wilma de Katinzky. São Paulo: Cosac Naify, 2003.
Obras 21
Auto-retrato
Banhistas
Caravana Árabe
Casario
Charretes em Paris
Exposições 16
Fontes de pesquisa 16
- 100 obras Itaú. São Paulo: Itaugaleria, 1985.
- 150 anos de pintura no Brasil: 1820-1970. Rio de Janeiro: Colorama, 1989.
- ARGAN, Giulio Carlo. História da arte italiana: de Michelangelo ao futurismo. v. 3, trad. Wilma de Katinzky. São Paulo: Cosac Naify, 2003.
- AYALA, Walmir. Dicionário de pintores brasileiros. Organização André Seffrin. 2. ed. rev. e ampl. Curitiba: Ed. UFPR, 1997. R750.81 A973d 2.ed.
- CURY, Constantino. Dicionário de artistas plásticos brasileiros. São Paulo: Cury Arte Brasil, 2005.
- DICIONÁRIO brasileiro de artistas plásticos. Organização Carlos Cavalcanti e Walmir Ayala. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1973-1980. 4v. (Dicionários especializados, 5).
- LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
- LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988. R759.981 L533d
- LOUZADA, Júlio. Artes plásticas Brasil 1985: seu mercado, seus leilões. São Paulo: J. Louzada, 1984. v. 1. R702.9 L895a v.1
- LOUZADA, Maria Alice do Amaral. Artes plásticas Brasil 1997: seu mercado, seus leilões. São Paulo: Júlio Louzada, 1997. v. 9. R702.9 L895a v.9
- MECATTI, Dario. Mecatti. São Paulo: Dan Galeria, 1982, il. p&b color.
- MEDEIROS, João. Dicionário dos pintores do Brasil. Rio de Janeiro: Irradiação Cultural, 1988.
- PERFIL da Coleção Itaú. Curadoria Stella Teixeira de Barros. São Paulo: Itaú Cultural, 1998. IC 708 P438 1998
- SALÃO PAULISTA DE BELAS ARTES, 42., 1978, São Paulo. 42º Salão Paulista de Belas Artes. São Paulo: Secretaria da Cultura, 1978.
- SALÃO PAULISTA DE BELAS ARTES, 8., 1942, São Paulo. 8º Salão Paulista de Belas Artes. São Paulo: Galeria Prestes Maia, 1942.
- SÃO PAULO (ESTADO). SECRETARIA DA CULTURA. Pintores Italianos no Brasil. São Paulo: Governo do Estado de São Paulo. Secretaria de Estado da Cultura/Sociarte, 1982.
Como citar
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DARIO Mecatti.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa9985/dario-mecatti. Acesso em: 05 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7