Análise

No decorrer de sua carreira, Grijó se interroga constantemente sobre o ato de pintar. A investigação da pincelada como elemento definidor e decisivo desse ato faz parte de toda sua produção. O artista declara que o objeto de sua pesquisa é a liberação do gesto de pintar de sua função clássica, a saber, definição e nitidez de representação do mundo visível ou imaginável. A partir de tal liberação, promovida sobretudo no século XIX, com o impressionismo, surgem múltiplas utilizações da pincelada como elemento de construção e expressão em si. Nesse sentido, no momento de elaboração do quadro, outras ações, como raspar e lixar, se misturam às pinceladas. Aliado à reflexão sobre a construção da superfície pictórica, observamos nos trabalhos deste artista o emprego de um cromatismo vigoroso, com tons saturados e contrastes que por vezes chegam à estridência. Na opinião do crítico Marcio Doctors, Grijó opta por uma exuberância formal, como na série de pinturas em tinta acrílica sobre tela, realizada na década de 1980. Adotando como ponto de partida para seu trabalho o mundo pleno e saturado das imagens, o artista busca a intensificação dessa saturação, para torná-la evidente e fixá-la na memória do observador.